Capítulo 108 :

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Não me resta muito tempo ao meu favor.Aquele sorriso que não sai do rosto de Arthur parecia ser a coisa mais maravilhosa do mundo... Não me importei com mais nada, afinal de contas, era um momento apenas nosso banhado de felicidade e que deveria ser curtido com ambos em sintonia, felizes por um ideal: a chegada de nosso bebê. Quando vi lágrimas em seus olhos também não pude me controlar; abracei-o contra meu peito e beijei seu cabelo, não me permitindo ficar longe dele um só minuto.  Prosseguiu me fazendo perguntas sobre como descobri, sobre os enjoos, causando tudo isso com meu mal estar. Ao final, na hora do almoço, deixei que me levasse para comer no dia de seu aniversário. Sem contar que cometi a maior loucura da minha vida, transar com o Arthur na minha sala.

Arthur: Então... Acha que devemos contar a Maria Clara imediatamente? — ele me encarou enquanto eu mastigava. Estava sorrindo e empolgado.

Carla: Sei lá. O que você acha? — tapei a boca para falar — Quero dizer... Um irmãozinho nos desenhos é uma coisa. Na vida real é outra! — Fiquei observando seu rosto confuso.
Sentados frente a frente era possível detectar todas as expressões que adotava. Realmente, aquele restaurante onde estávamos era muito agradável e familiar.

Arthur: Bom... Ela deve saber que agora as atenções serão divididas, por certo. É algo que tenho certo medo, sabe? Teremos mais um bebê e o bebê sempre exige maior atenção — abaixou o rosto um pouco preocupado, encarando o prato — Não quero que Maria Clara pense que o irmão vá pegar o lugar dela. Quero dizer... Acabei de chegar a sua vida e já terá que me dividir.

Carla: Realmente... É uma preocupação. Pelo que conheço de Maria Clara vai ser um pouco difícil enfiar naquela cabecinha que ela não é mais o centro do mundo. Não sozinha — dei de ombros notando sua preocupação verdadeira. Toquei em sua mão brevemente — Mas não fique assim... Juntos vamos dar um jeito nisso. Somos uma boa dupla no trabalho... Sei que vamos criar nossos filhos da melhor maneira possível.

Arthur: Pois é... Você criou Maria Clara sozinha. Duvido que eu teria feito com tamanho êxito — sorriu fracamente e aquilo me apertou o coração. Parei de comer e cruzei os braços, encarando-o.

Carla: Para com essa porcaria Arthur! — repreendi — Poxa... — suspirei — Acabou. Não foi isso que combinamos? Agora Maria Clara é nossa. Não tem mais essa de passado, apenas devemos pensar no futuro. O bebê vai chegar daqui a oito meses. Maria Clara tem apenas sete anos. A infância dela está só na metade... Você vai influenciar demais nessa jornada — me olhou e também parou de comer — Esquece vai... É um novo começo.

Arthur: Eu nem sei explicar, sabe? — comecei a rir de seu jeito meigo — Quero dizer... Amo ser pai. Isso é incrível, sei lá, nem tem como descrever... — assenti concordando com ele —  Mas... Quando paro para pensar... Caramba! Maria Clara não tem um manual... Ela é feita de mim. De Genes meus. E seus — olhou para a parte baixa de meu corpo — E agora... Tem genética minha dentro de você agora.

Carla: Uol! — toquei sobre minha barriga lisa —- Acho que estou sentindo toda sua genética se mexer... É melhor eu parar de comer antes que bote parte dela para fora agora em forma de vômito.

Arthur: Não vomite minha genética! — repreendeu me apontando um dedo. Eu gargalhei.

Carla: Continua falando o que estava dizendo sobre o manual... — incentivei pegando o suco e bebendo um gole para conter o enjoo.

Arthur: Ah! Pois é! — levou uma das mãos à cabeça e voltou a falar — Antes eu não tinha ninguém. Há seis meses tinha uma enteada... Há dois dias tinha uma filha única e agora tenho dois! — assenti positivamente —- Tenho medo de não ser bom.

Carla: Cala boca vai. Tudo o que você nunca será é ruim. Maria Clara te ama e sobre o bebê... —  suspirei –- Também estou com medo.

Arthur: Você está com medo? Tá bom —  revirou os olhos.

Carla: Poxa... Sabe por onde ele vai passar? Tem alguma ideia? — Arthur gargalhou gostosamente e ajeitou o cabelo.

Arthur: Quanto a isso não posso fazer nada. Adoraria poder pegar parte da dor, mas...

Carla: Duvido! — rimos e logo após ficamos em total silêncio — Poxa. Nem posso tomar uma com você hoje. Não é sempre que se faz 28 anos.

Arthur: O melhor presente já vai vir de você. O que mais posso querer? — O jeito como falava coisas assim me pegava pelo coração. Era tão sincero e terno... Não pude imaginar um pai melhor para os meus filhos do que ele— Acha que vai se parecer contigo?

Carla: Se for tão parecido quanto Maria Clara será uma super injustiça! Tipo, eu carrego nove meses e não parecer nada comigo... — ele chamou o garçom, que lhe trouxe a conta—- Eu pago.

Arthur: Nem pensar! —  ia tirando a carteira do bolso.

Carla: Mas é seu aniversário! — abri minha bolsa também.

Arthur: Mas você é minha... — deteve-se e olhou para meu rosto sorrindo maliciosamente. Decidimos não falar sobre o sexo na minha sala. — Você é você. Mãe dos meus filhos.

Carla: Deixa de ser idiota! — gargalhei.

Arthur: Eu pago.

Carla: Meio a meio? — sugeri torcendo os lábios — Poxa, eu comi bastante!

Arthur: Você está grávida e o filho é meu. Despesa dívida lembra? — tirou o dinheiro e colocou em cima da mesa — Já era. Vamos?

Carla: Teimoso... Tomara que o bebê não seja teimoso! — pendurei minha bolsa no ombro e fiquei de pé, seguindo-o.

Arthur: Não sou teimoso. Você é que é marrenta e durona. Não gosta de depender de ninguém — deu de ombros e passou um braço pelo meu, entrelaçando-os.

Carla: Claro. Sou independente — cutuquei sua costela e passamos pela porta dando de cara com toda a movimentação da cidade. Fomos caminhando até a Delux, que era próxima, apenas duas quadras dali — Sinto que dessa vez vai ter cabelo castanho.

Arthur: Droga... Eu gosto do cabelo da Maria Clara. Contrasta com os olhos verdes iguais ao do papai aqui... — gabou-se.

Carla: Metido. O nosso filho não vai ser metido igual ao pai!

Arthur: Poxa... Não sou metido. Estou falando da beleza de nossa filha. Ela é linda ou não é? — assenti — Então! — Nós rimos e ficamos um tempo em silêncio.

Ao chegarmos a Delux, enquanto o elevador subia, Arthur se aproximou e beijou minha testa ternamente. Sozinhos naquele cubículo cheguei a pensar que não iria resistir e lhe tascaria um beijo, porém, fui forte. Nos olhamos e ele me segurou pela cintura com certa implicância. Não queria me soltar. Suas mãos pareciam ferro ao meu redor, os olhos tão apaixonados... Deveria ser pecado me abraçar assim. Deveria ser pecado a forma como meu coração gostava dele, como tinha necessidade de pulsar com ele por perto. Abaixei um pouco o rosto para me livrar de seu cheiro embriagante... Aquele cheiro que não era de perfume nem desodorante, mas me deixava louca. Por que os lábios de Arthur eram tão atraentes? Por que eu não tinha força para me afastar? Meu Deus acabaria cometendo outra loucura igual a de mais cedo.

Carla: Arthú... — estávamos próximos demais. Ele ergueu meu rosto delicadamente, fazendo-me encará-lo.

Arthur: Obrigado por ter me dito prontamente — sussurrou um pouco tristonho — Sério. Muito obrigado.

Carla: Por que está agradecendo? — toquei seu rosto também — É seu direito saber.

Arthur: Mas eu não merecia... Depois de tudo, eu não merecia que fosse tão correta comigo — explicou.

Carla: O bebê é nosso — dei de ombros ao perceber que o elevador chegava ao andar de meu escritório — E estamos felizes, certo? — Ouvimos o barulhinho anunciando a chegada do andar.

Arthur: Muito — Ele sorriu de canto e a porta se abriu.

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