Capítulo 133 :

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Maria Clara: A minha irmãzinha vai ser o bebê maior de todos — cantarolou deitada na perna de Carla, que repousava no sofá com carinha de brava. Mesmo assim, fazia carinho no cabelo de Maria Clara ternamente.

Carla: Azar da sua mãe — zombou sem rir.

Maria Clara: E a mais bonita de todas! — ressaltou.

Arthur: O que foi? — apareci na sala e parei em frente às duas. Carla praticamente nem me olhou nos olhos.

Carla: Nada... Estou estressada! — suspirou nervosa.

Maria Clara: Ué... Mas estava feliz até agora — Maria Clara sentou-se e olhou para a mãe — O que foi mamãe?

Maria Clara: Nada Maria Clara, nada. Deita aqui de novo — a pequena me olhou confusa e obedeceu a mãe, que estava ainda nervosa. Rodei os olhos e me sentei um tanto afastado, contentando-me em olhá-las.

Ao mesmo tempo em que desejava que esse final de gravidez passasse em câmera lenta nutria a vontade de que voasse! Simplesmente porque minha Rainha particular não poderia ser mais insuportável do que quando caia nas crises de gravidez e na bipolaridade instantânea. Todo o estresse reunido era descontado em quem? Exato, papai aqui! Depois de muito enrolar, Carla se levantou e começou a andar pela casa por causa dos incômodos que o bebê causava. Ao contrário de muitas, caminhar fazia bem para ela... Maria Clara se aproximou e sentou-se na frente do meu notebook, impedindo-me de prosseguir o trabalho, quase me obrigando a direcionar a atenção somente para ela. Larguei o computador e encarei aquele rostinho infantil e confuso cheio de amor. Como ela podia ser tão doce?

Arthur: O que foi e agora garota? — questionei cruzando os braços. Ela andava muito sensível e dengosa ultimamente. Mesmo adorando a irmã, estava enciumada.

Maria Clara: Não aguento mais a mamãe — sussurrou como se fosse um segredo, olhando em volta para ver se Carla não estava perto o suficiente para ouvi-la. Sentou-se em meu colo delicadamente — Ela está muito chata! Conto os dias para a Ísis chegar logo.

Arthur: Oh meu amor, fica calma... A Ísis já está para chegar. A gente só tem que aguentar mais um pouquinho, ok? E entender a mamãe. Não é fácil ficar grávida, certo? — assentiu positivamente, com carinha triste.

Maria Clara: Quando eu ficar grávida não vou ser chata igual a mamãe — suspirou.

Arthur: Tenho certeza que vai.

Maria Clara: Não vou! — usou um tom quase ferido — Mas tudo bem! Quando a minha irmã nascer isso para? Ela voltará a ser legal? Parara de gritar com a gente? De não gostar que fiquemos pertinho dela?

Arthur: Sim Maria, vai parar. É que agora está muito complicado para ela... Você viu o tamanhão da sua irmã? É difícil — torceu os lábios— Mas, não se esqueça de que o papai está aqui. Temos que nos unir para aguentar as neuras da mamãe juntos — fechei o punho para que batesse o seu no meu em um comprimento— Certo? — assentiu sorrindo — Então toca aqui...

Maria Clara: Verdade papai... Estamos juntos! — comemorou após tocar o punho no meu.

Nisso, Carla entrou na sala com um pote de Nutella e uma colher. Como estava frio, usava pijama e uma blusa de moletom vermelha que fazia sua barriga tomar proporções enormes. Ultimamente andava devagar, usando roupas largas e se irritava com tudo. Era engraçada a forma como tinha o poder de fazer a vida de todo mundo ao seu redor ser tão difícil quanto a sua! Tão pequena e mandona! Ela caminhou para o sofá e parou com sua guloseima, espiando o que Maria Clara e eu fazíamos. Nós dois olhamos para ela sérios, quietos, observando suas reações.

Carla: O que houve? — perguntou delicadamente, cutucando a Nutella com cuidados.

Arthur: Nada querida...

Maria Clara: Estamos falando o quanto você está chata!

Por um momento quase sai correndo. Olhei Maria Clara em meu colo sem acreditar que disse mesmo aquilo, piscando várias vezes. Estava aí um motivo que a ligava a sua mãe. As duas eram muito sinceras, não escondiam nada! Carla, ao contrário do que pensei, largou o doce e levou as mãos aos olhos. Começou a chorar e Maria Clara me olhou pasma, se sentindo culpada! Ambos ficamos sem reação!

Carla: Tá, eu sei disso... Nem eu me aguento, será possível que vocês têm que jogar isso na minha cara de cinco em cinco minutos? Poxa... — Maria Clara pulou do meu colo e foi em direção a mãe rapidamente, sentando-se ao lado dela e abraçando-a.

Maria Clara: Não é isso mamãe. Nós entendemos o que acontece — me olhava buscando ajuda. Levantei-me e me aproximei também, um tanto hesitante. Maria Clara só me colocava em frias! Sem dizer nada, apenas me sentei ao seu lado e abracei-a também.

Carla: Pois é... É estranho. Parece que nunca acaba — olhou para mim — Na verdade, não vejo a hora de acabar! — deitou a cabeça em meu ombro e beijei seu cabelo.

É, parece que nós três estávamos na contagem regressiva para a chegada de Maria Ísis.

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