Capítulo 134 :

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Brawn: Você... Novamente? — Torceu os lábios um tanto confuso, olhando-me entrar em sua sala totalmente surpreso.

Arthur: Boa tarde doutor Brawn. Como tem passado? — parei próximo da cadeira à frente de sua mesa e tirei os óculos escuros. Sorri cinicamente.

Brawn: Muito bem senhor Picoli, e o senhor? Sente-se, por favor! — indicou a cadeira me olhando ainda intrigado. Fiz o que pediu. Sentei-me à sua frente com postura firme.

Arthur: Estou ótimo! Obrigado por perguntar — assenti, por dentro, suando frio! Era tão estranho estar à frente daquele homem novamente, engajar aquela conversa delicada.

Brawn: Como está Carla? E a pequena Maria Clara?

Arthur: Maria Clara está ótima... Carla está grávida — sorri, mal podendo ocultar toda a empolgação em minha voz e gestos.

Brawn: Grávida? — assenti — Nossa, meus parabéns!

Arthur: Nós nos casamos faz três meses.

Brawn: Casaram? — assenti novamente e ele cobriu os lábios com as mãos em surpresa — Quem diria. Meus parabéns novamente! De quanto tempo de gravidez ela está? É um menino dessa vez?

Arthur: Está de oito meses — comecei a rir — E não, não é um menino! Apesar de todo mundo supor este fato, é novamente uma menina. Se chamará Maria Ísis.

Brawn: Oh, que maravilhoso! Meus parabéns, que essa pequena chegue cheia de saúde e tão linda quando Maria Clara — silêncio — Então... A que devo a visita?

Arthur: Ah, mais é claro — ajeitei-me na cadeira tirando o sorriso do rosto, pondo-me sério para prosseguir. Tirei o cheque de um milhão de dentro do bolso e segurei-o — Eu queria te pedir um favor, doutor Brawn.

Brawn: Se estiver ao meu alcance, farei com certeza... Do que se trata? — estreitou o olhar, interessado.

Arthur: Queria pedir que aceite isto de volta — coloquei o cheque sobre sua mesa. Ele se esticou para olhar — Após todo esse tempo, percebi que isso não vale de nada! Meu maior presente foi ter encontrado minha família e veio bem depois — estudou os detalhes do cheque após pegá-lo. Ergueu os olhos para mim devagar.

Brawn: Está devolvendo o dinheiro que ganhou no passado? — Questionou quase incrédulo — Um milhão de dólares?

Arthur: Por certo — assenti — Não vejo o porquê aceitar se deu errado. Se minha filha é minha maior recompensa, não tenho motivos para ficar com o dinheiro. É meio que... Um orgulho ferido.

Brawn: E não gastou o dinheiro durante esses oito anos?

Arthur: Claro que gastei! — ironizei — Há muito tempo, mas venho juntando essa quantia desde meu casamento. Não foi tão fácil, mas consegui em curto prazo. Vai aceitar não é?

Brawn: Não vou tirar leite da pequena Maria Ísis se aceitar? — perguntou de forma descontraída — Porque não seria correto de minha parte...

Arthur: Não, minha filha ainda tem muito leite, muita fralda... Ainda tenho emprego, assim como a Carla, garanto que nada vai faltar a ela — respondi quase irônico também — Volto a repetir... Insisto que aceite!

Brawn: Sendo assim — colocou o cheque em seu bolso — Su aceito.

Arthur: Ótimo — suspirei aliviado — Será que poderia, por favor, fazer um comprovante de que recebeu o cheque doutor? Quero ter como provar a Carla e as minhas filhas que não fui um mau caráter. Que fiz o que é correto.

Brawn: Por certo, senhor Picoli. É uma atitude muito nobre, devo admitir. Meus parabéns novamente — disse enquanto fazia a nota em um bloco.

Depois de tantos anos, finalmente, provei a mim mesmo de que o dinheiro compra felicidade... Foi o dinheiro que me levou a doar o esperma. Foi o dinheiro que me motivou a continuar... Foi ele que me levou até a Carla. Até a minha família. Minha verdadeira felicidade. Meu débito com o destino estava pago!

[...]

Carla estava na aula de parto quando cheguei a Delux. Eu costumava ir com ela em todas, porém, aleguei compromisso nesta tarde e fui liberado da obrigação. Era legal, mas ouvir aquela mulherada, em maioria solteira, falando de bebê e o quanto eu era gostoso me irritava um pouco! A Carla ficava mais brava ainda, até me xingava para não dar as caras naquele lugar, enciumada.

Aproveitando sua ausência, antes de sair para pegar a Maria Clara no balé, guardei o recibo em minha gaveta que ela nunca mexia embaixo de alguns papéis, reforçando a segurança. Escrevi a carta para anexar ao envelope e, no dia correto, entregá-la a Carla e Maria Clara. Tudo, resumidamente, foi muito fácil.

Thaís: Já vai papai? — zombou quando passei.

Arthur: Já... — respondi olhando no relógio — Vou buscar Maria Clara no balé já que Carla está na...

Thaís: Aula de parto, eu sei. Segunda yoga, sexta aula de parto e quarta ginástica para gestantes. Já decorei o esquema! — nós dois sorrimos — Está indo tudo bem? Quanto tempo falta para a neném chegar?

Arthur: Faltam de duas a quatro semanas no máximo — expliquei — Aí seu martírio acabará!

Thaís: Que maravilha... Já está ai! – suspirou — Passou tão rápido! Carla está curtindo?

Arthur: Agora que chegou a fase final ficou bem difícil... Mas ela vai levando. A dor no corpo e o mau humor são os piores! — fiz cara de poucos amigos — Agora vou buscar o bebê de sete anos. Até segunda Thaís!

Thaís: Bom final de semana Arthur — acenou.

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