Capítulo 146 :

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Meses Depois

Arthur: Maria Ísis! Vem com o pai... Anda!

Arthur chamava Maria Ísis com as mãos sentado no chão em frente a ela. Maria Clara carregava a irmã pelas mãos sustentando-a em pé. A bebê dava passinhos curtos e desajeitados, ameaçando cair enquanto se equilibrava em Maria Clara para chegar até o pai.

Carla: Cuidado com ela amor! — Falei espiando-os pelo espelho, onde tentava enfiar o brinco em minha orelha direita

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Carla: Cuidado com ela amor! — Falei espiando-os pelo espelho, onde tentava enfiar o brinco em minha orelha direita.

Maria Clara: Daqui a um tempinho ela estará andando sozinha! Vamos Ísis, você consegue! — Maria Clara incentivava.

A bebê movia as perninhas e sorria com os dentinhos curtos à mostra, ansiosa para chegar até Arthur . Quando o fez, Arthur a pegou por baixo dos braços e encheu sua bochecha rosa de beijos.

Arthur: Quem é a bebê linda do pai? É guerreira minha pequena... — Maria Clara também estava orgulhosa da irmã.

Os dois juravam que conseguiriam fazê-la caminhar até os dez meses.  Nove meses após o nascimento de Maria Ísis as coisas finalmente estavam voltando para o lugar. Olhei-os pelo espelho e vi Maria Ísis puxando o rosto de Arthur nervosa por ele ficar beijando-a todo minuto. Gargalhei. Ao contrário de Maria Clara, Ísis não sofria calada muito menos era vulnerável e dócil. Tinha seus momentos de ternura, mas na maior parte do tempo era impositiva e firme. Não tinha a mínima paciência em ser contrariada. Eu não podia reclamar de sua personalidade... Como Arthur ressaltava, Maria Clara era como ele e Maria Ísis era totalmente como eu! Arthur a chamava de "princesinha" por se referir a mim como "rainha".

Chamei Maria Ísis para meu colo quando terminei de me arrumar. Assim que me viu a bebê esticou os braços e sorriu abertamente. Gostava de Arthur e de Maria Clara, mas eu era sua melhor amiga. Nos entendíamos pelo olhar, assim como acontecia com Maria Clara e seu pai.

Arthur: Já está pronta? — Ele levantou do chão também com sua roupa de trabalho — Vou pegar minha pasta no escritório e já vamos.

Carla: Tudo bem — Sorri quando saiu do quarto. — Voltei-me para a bebê novamente, que mexia em meu brinco delicadamente — Mamãe e papai vão trabalhar. Fique boazinha e obedeça a sua irmã. Não deixe Graça muito louca... — Beijei seu rostinho. Olhava-me como se entendesse totalmente — É a primeira vez que mamãe vai te deixar desde que nasceu. Não é muito fácil este momento, mas... — Meus olhos se encheram de lágrimas!

Nove meses ao lado dela. Nove meses vivendo para tudo o que aquele pingo de gente queria e agora tinha de deixa-la para ir a Delux! O que me consolava era saber que era meu primeiro e último dia. Minha decisão estava tomada... Eu iria me demitir. Arthur não sabia e se soubesse antes com certeza iria me fazer mudar de opinião, mas nada podia me deter agora. Assim tudo era mais fácil para todos.  Eu não queria mais ser vista como uma mulher impositiva e de temperamento questionável.

Não queria mais viver as sombras do que um dia fui para meus funcionários e deixar a empresa seria uma maneira de recomeçar e colocar em prática em meu novo trabalho que futuramente conquistaria uma nova maneira de liderar. Uma liderança saudável e por influência, não por imposições. A Carla que um dia foi conhecida como rainha de gelo não fazia mais parte da minha realidade. Não depois de Arthur , o secretário.

Arthur: Amor... O que foi? — Arthur parou na porta e me encarou. Maria Ísis estava deitada em meu ombro como se entendesse meu momento de fraqueza. Havia lágrimas deslizando em meu rosto — Porque está chorando? — Aproximou-se e tocou-me a bochecha. — Por causa de Maria Ísis — Ao ouvir seu nome a bebê ficou em alerta

Carla: Não é fácil deixaá-la pela primeira vez.

Arthur: Mas ela ficará bem com a Graça e Maria Clara. Não se preocupe amor. Pela tarde estaremos em casa novamente com as meninas — Me abraçou compreensivo — Deixar os filhos para trabalhar é necessário. Não é como se fossemos abandoná-las...

Carla: Sinto-me uma perdedora por isso... 

Arthur: Perdedora? Isso é a última coisa que você é! — Pegou Ísis do meu colo — Maria Ísis vai ter muito orgulho de você quando puder entender, assim como Maria Clara já tem! Você é uma grande mulher, querida. — Sorri para ele quando a pequena Ísis tocou em seu rosto em uma afirmativa involuntária das palavras que não compreendia.

[...]

Arthur: Ainda triste por ter deixado Maria Ísis? — Arthur perguntou quando descemos do carro na Delux. Permaneci calada todo o trajeto, apenas confabulando como iria comunicar minha decisão de demissão.

Carla: Na verdade não é bem isso — Mordi os lábios e ajeitei minha bolsa.

Arthur: Não? — Buscou minha mão e a segurou na sua — Então o que é? — Parei de caminhar e respirei fundo. Arthur também parou alguns passos adiantados, mas voltou e encarou-me de frente — Pode confiar em mim — Beijou minha mão e naquele momento tive medo de decepcioná-lo.

Carla: Tomei uma decisão — Comecei nervosa e abaixando o olhar.

Arthur: Decisão? — Não era muito de nossa índole tomar decisões sozinhos. Nesses meses de casamento fazíamos tudo juntos e combinávamos cada passo um com o outro — Qual foi sua decisão? — Cruzou os braços um tanto tímido e havia algo de medo em seus olhos. A mesma cara que Ísis fazia quando tinha que tomar banho.

Carla: Vou pedir demissão da Delux — Olhei em seus olhos quando falei. Não expressou reação, piscou algumas vezes sem qualquer atitude — Não vai dizer nada?

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