Arthur: Pensei que não fosse tocar nesse assunto. — não tirava os olhos de mim.Carla: Pensei o mesmo, mas vi que devo. — o clima entre nós era sempre fácil, mesmo envolto por tantos problemas — Maria Clara é importante para mim e também para você.
Arthur: Fico feliz que não duvide de mim... — desviou o olhar para a rua.
Carla: Decidi que o que aconteceu no passado não importa. É uma situação muito delicada e a pessoa a quem mais interessa isso tudo é Maria Clara. Se ela te ama e te aceita, quem sou eu para dizer alguma coisa? — ele ficou ainda calado — Claro que tenho direito de intervir sobre isso, mas posso dizer que em relação ao Arthur que conheci... — hesitei — Não tenho dúvidas de que ele sim será um bom pai para a minha filha.
Arthur: E como faz com o passado? — ele ainda não me olhava — Quer que eu te diga o que houve?
Carla: Prefiro não saber. — dei de ombros — Apenas sei quem você é. O que foi não me importa.
Arthur: Então... Como ficamos? — estava um pouco derrotado, sem alegria.
Carla: Bom... Eu te chamei aqui exatamente para saber se... — era difícil dizer — Se você aceita ser o pai da Maria Clara também legalmente. Quero dizer, no papel, com seu nome na certidão de nascimento dela e tudo...?
ARTHUR
Não posso dizer que fui idiota o bastante para acreditar que Carla iria se jogar em meus braços e dizer que queria voltar. Não. Eu conhecia aquela mulher... Sabia o que sentia, o que pensava... Como me trataria. Porém, mesmo com toda minha experiência em mulheres, todo o conhecimento que adquiri sobre Carla ao decorrer de nosso relacionamento, nunca imaginei que algo assim iria acontecer. Quando mais a encarava, percebia a mulher maravilhosa que havia por trás daquele rosto angelical e, às vezes, rígido.
A cada vez que Carla me surpreendia mais, me mostrava o porquê de meu coração ser arrebatado por ela de tal forma que não podia suportar sua ausência... Emoção, amor, satisfação, orgulho... Tanto sentimentos e até mesmo alguns inexplicáveis. Pensei comigo se seria possível amá-la mais do que antes. Era.
Arthur: Isso é sério? — perguntei com a voz trêmula, quase nem soando claramente. Seus olhos estavam presos em suas unhas pintadas de rosa claro, havia lágrimas nos mesmos quando teve a coragem de me encarar de volta — Penso que você não seria capaz de brincar com algo tão sério...
Carla: Mas é claro que é sério Arthur! -– admitiu de maneira doce, sutil, quase envergonhada — Poxa... Você é o pai dela. Não posso tirar isso de vocês dois... Não seria justo. Não posso... — Ela estava meio perdida, sem palavras.
Arthur: Por que não pode? — talvez a pergunta fosse meio ridícula, mas tive que fazê-la. Eu queria ter certeza que estava fazendo isso por Maria Clara e por mim.
Carla: Por que... — respirou fundo e suspirou longamente. Desviou o olhar.
Arthur: Fala. — insisti esticando uma mão para tocar a sua, mas ela puxou a sua de forma rápida, com medo do meu toque.
Carla: Você sabe... — murmurou após um longo minuto de silêncio. Quando me olhou novamente vi uma lágrima cair em seu rosto corado. Aquilo partiu meu coração, porém ao mesmo tempo o encheu. Eu sabia mesmo o motivo — Então qual é sua resposta?
Arthur: Carla... -– suspirei também quase sem forças — Não acredito que isso esteja realmente acontecendo, não posso crer que esteja realmente fazendo isso.
Seu olhar foi de tristeza para orgulho ferido, virando uma fera novamente. Mas ainda parecia doce, terna, apaixonada... Não consegui identificar ódio em seu olhar, algo que me trouxe apenas mais forças para continuar ali sem fraquejar perante ela. Carla me intimidava, me deixava no chinelo quando queria... Mas o amor que nos unia diferenciava o Arthur do início e o Arthur de agora. Agora, ao olhar naqueles olhos, meu coração não desejava se afastar, se opor, odiá-la... Desejava ficar, ceder, amá-la e ser dela.
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O Secretário.
FanfictionSinopse: Aos 30 anos Carla Diaz era a mais nova Diretora do departamento de moda de uma Empresa famosa. Linda, durona, odiada por todos, ocupada e mãe solteira, não tem tempo para se dedicar a nada que não seja ao trabalho e a filha Maria Clara, de...