Capítulo 14 :

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Carla: Ninguém nunca me convidou pra essa confraternização — respondi olhando para minhas unhas — Por que  deveria aparecer lá?

Gil: Estou te chamando agora — ergueu uma sobrancelha — Qual é Rainha? Desde quando se importa com o que os seus simples funcionários vão pensar de você? — riu debochadamente — Oh, por favor!

Carla: Não me importo mesmo — suspirei — Mas sei lá. Não tem cabimento aparecer na festa deles.

Gil: Festa deles nada! — deu de ombros — Tecnicamente você não sabe que a festa será nessa boate hoje. E se for comigo, muito menos! Não pega nada, tipo, te arrastei!

Carla: Você é amiguinho deles, queridinho — relembrei de forma irônica — E eu... — gargalhei — Sou o demônio. Ou pensa que não sei que eles me odeiam só porque sou um pouquinho exigente?

Gil: Um pouquinho? — piscou.

Carla: Acho que é hora de volta pra minha sala... — fiquei de pé — Os desenhos estão lindos. Estou ansiosa para vê-los!

Gil: Eu sei — gabou-se — E querida... Passo na sua casa as nove pra te pegar. Garanto que há essa hora a pequena Maria Clara já vai estar dormindo com a babá maluca dela na sala...

Carla: Não vou.

Gil: Vai sim! Vai perder o barraco? Não aceito não como resposta!

Quando voltei à sala, já era cerca de quatro e meia. Arthur estava terminando seu trabalho do dia, pelo que  percebi ao checar. Sentei-me na minha cadeira e fiquei olhando para ele... Ok. Ele era maravilhoso. Era inteligente. Incrível. Motivos diversos para se interessar nele não faltavam. Sim. Me interessava. Me deixava intrigada. Me deixava louca a forma como falava. Manso, a voz máscula e aveludada... E apesar de trata-lo da pior forma que os direitos trabalhistas permitiam, era um perfeito cavalheiro e dentro da Empresa não me chamava de algo diferente de Senhorita Diaz.

Arthur: Senhorita Diaz? — quando notei, ele estava parado ao lado de minha mesa me olhando, segurando o terno escuro com uma das mãos e com a outra enfiada no bolso da calça — Estou de saída. Precisa de algo mais?

Carla: É verdade que você vai à festa dos funcionários de moda? — mandei a pergunta na lata, me encostando na cadeira e cruzando as pernas.

Arthur se surpreendeu com a pergunta e passou a mão que estava no bolso no cabelo levemente. OMG! Como isso era OMG sexy!

Arthur: Sim, é verdade. Gustavo me chamou e achei legal a iniciativa de me enturmar com o pessoal do departamento. Manter boas relações é sempre bom — sorriu e fechei ainda mais a minha cara.

Carla: Manter boas relações de coleguismo sim — relembrei, ressaltando a palavra — E pelo que andou circulando por meus ouvidos, o senhor anda muito amiguinho das garotas do departamento.

Arthur: Nada mais que amigo — fez um barulhinho com os lábios, tipo Tique, insinuado um relaxa.

Carla: Não quero problemas, Arthur — usei seu nome pela primeira vez dentro da Empresa — Espero que entenda isso.

Arthur: Entendo — assentiu seguramente — Como está Maria Clara?

Carla: Melhorando — respondi friamente — Agora pode ir.

Arthur: Sim senhorita. Até segunda — sorriu de forma linda e saiu da sala, deixando seu cheiro maravilhoso pra trás.

Quando o vi pela janela de vidro falando com Emily lá fora, a mão dela deslizando pela camisa dele, o sorriso que esboçava... Algo me disse lá no fundo que sim, eu estaria nessa festa da discórdia!

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