Capítulo 45 :

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Depois de tirar o gesso, Maria Clara ficou toda contente com a possibilidade de voltar a sua vida normal. Estava ainda um pouco insegura, andando com a muleta para caso sentir qualquer coisa, porém praticamente cem por cento.

Carla: Viu? Não doeu nadinha... — estava de noite quando saímos do hospital, nós três juntos. Maria Clara estava no colo de Arthur comendo um chocolate e lambuzando todo o rosto.

Maria Clara: Verdade... Vocês não mentiram! — mordeu mais uma vez o doce que foi presente de seu queridinho, assim como o balão de coração que carregava amarrado ao pulso.

Arthur: Pronto... Agora está tudo bem! Me dá um pedaço desse chocolate ai... — ela partiu o doce e colocou um quadradinho na boca dele, que mastigou e se sujou. Maria Clara riu muito disso e rodei os olhos — Acidente!

Carla: Bebezão, porque não comprou um pra você também? — paramos de caminhar ao chegar no estacionamento. Maria Clara limpou a bochecha dele suja discretamente com a barra do vestido.

Arthur: Porque vou jantar na minha mãe, e lá o bolo de chocolate é muito melhor que esse doce... — Maria Clara logo se interessou.

Maria Clara: Jura? É muito gostoso? — sussurrou limpando as mãozinhas em seu vestido azul claro e florido, atitude que me fez tremer por dentro.

Arthur: Muito gostoso! — respondeu instigando a menina — Se vocês quiserem, podem ir lá jantar comigo e comê-lo!

Maria Clara: Mamãe... Podemos ir jantar na casa da mãe do Arthú? — nem respondi perante aqueles olhinhos brilhantes. Suspirei e percebi que nem adiantaria negar!

A casa da família dele era tão acolhedora! Notei logo na entrada, pois o jardim era imenso e possuía vários brinquedos de criança espalhados por ele. Era um imóvel grande, amplo. Maria Clara se empolgou mais ainda e correu até a varanda sem esperar nós dois.

Carla: Tem certeza que foi uma boaideia? — após fecharmos os carros juntos, começamos a caminhar lado a lado. Esticou o braço e me puxou para perto, passando o braço em minha cintura. Me abraçado!

Arthur: Tenho — assentiu — Minha mãe já estava louca pra conhecer vocês.

A porta da frente foi aberta, pois Maria Clara apertou a campainha. Assim que vi a mãe dele na porta o empurrei discretamente e nos separamos. O ouvi dizer algo baixinho para si mesmo, mas segui caminhando até a entrada. As apresentações foram clichês. Maria Clara pulava de um lado para o outro toda contente, principalmente quando o garotinho, sobrinho dele, apareceu e a puxou para brincar como se fossem amigos a vida toda! Fiquei na sala conversando com a mãe dele, sentada no sofá ao lado de Arthur. Senti-me em uma ridícula situação de primeira visita a sogra.

Beatriz: É uma pena que as meninas não estejam em casa... Iriam adorar te conhecer! — lamentou-se desviando os olhos para Maria Clara e Pedro, ambos brincando no canto da sala onde havia um quebra cabeça de mais de cem peças montado pela metade.

Carla: Ah, não se preocupe! Teremos outras oportunidades para nós encontrarmos — sorri.

Arthur: Teremos? — questionou com a voz cheia de duplo sentido e lhe dei uma cotovelada levemente nas costelas. A mãe dele riu de nós — Ela é um doce, mãe. Eu te disse...

Beatriz: É meio difícil lidar com o meu filho, não é querida? — sorria também, e estranhamente me senti em casa, como se ali fosse meu lugar e olhando para Maria Clara, podia dizer que ela também sentia o mesmo.

Carla: Em alguns aspectos — adotei expressão pensativa — Não posso reclamar que seja muito educado, aliás, parabéns por isso! — Ela abriu ainda mais o sorriso — Mas por outro lado é super teimoso e insistente.

Arthur: Não sou insistente. Apenas luto pelo que quero, você sabe disso! — pisquei algumas vezes e lhe dei outra cotovelada. A mãe dele estava mesmo se divertindo conosco.

Pedro: Vó, estamos com fome! — os dois se aproximaram com cara de dó — Quando sai o jantar?

Maria Clara: É vó, estamos com fome... — como Pedro se sentou na perna da avó, Maria Clara fez o mesmo, ficando um de cada lado. Beatriz os envolveu ao mesmo tempo, abraçando os dois.

Carla: MARIA CLARA! Deixa de ser atrevida, garota! — A repreendi perante a cena. A"vovó" beijou a bochecha dos dois dengosos.

Beatriz: Não tem problema... Eu sempre quis ter uma neta — piscou para mim.

Maria Clara: É mãe, e ainda posso ter mais uma vó, já que só tenho uma...

Arthur: Pedro não se importa em te emprestar a dele — Ele se esquivou antes que lhe desse outra cotovelada. Riu de minha tentativa de apertou minha mão na sua.

Pedro: Não mesmo... Vamos comer agora?

Aquela parecia ser a comida mais gostosa que já comi. Maria Clara fez questão de elogiar do começo ao fim do jantar a comida da mais nova vovó, como chamava a mãe de Arthur agora. Não me conformei como se adaptou ao sobrinho e mãe dele! Maria Clara, que sempre foi uma criança tímida, sem muito amigos, estava totalmente à vontade e sem vergonha na frente deles. Era como se Pedro fosse seu amigo há séculos e Beatriz fosse realmente sua avó.

Arthur: Ah mãe, esqueci de falar pra senhora da viagem... — Ele coçou a cabeça quando comíamos a sobremesa na sala. O bolo era realmente mil vezes melhor que aquele chocolate.

Beatriz: viagem? Que viagem? — Ela pareceu confusa.

Arthur: É que o pessoal do trabalho vai para a casa de campo de uma menina lá, e estou pensando em ir e levar você e Pedro. O que acha? É sexta feira agora... — Maria e Pedro, sentados no sofá da frente ao lado de Beatriz, pareciam prestar atenção demais no assunto.

Pedro: Nossa, sério tio? E vai ter piscina lá? — chacoalhou as perninhas que não alcançavam o chão em sinal de felicidade.

Arthur: Vai sim... — assentiu.

Beatriz: Me parece uma boa ideia — assentiu pensativa — Quantos dias pretende ficar?

Arhur: Ir na sexta a noite e voltar no domingo a tarde — deu de ombros — Me disseram que vai ser familiar, por isso vamos dormir em quartos sozinhos e tudo isso. Vai ser legal... — sorriu.

Pedro: Ah, vó, vamos sim! Por favor! — insistiu — Quero nadar na piscina!

Beatriz: Claro que vamos! — Ela respondeu ao garotinho acariciando seu cabelo — Vocês duas também irão, não é querida? — quando percebi que falava comigo, gargalhei baixinho e neguei — Não?

Maria Clara: Ah! Por que não mamãe? — estava decepcionada, com um biquinho nos lábios — Também quero nadar na piscina...

Carla: Ué, porque não fomos convidadas, Maria Clara! — Arthur fez um barulhinho de reprovação ao meu lado. O olhei.

Arthur: Qual é? Também não foi convidada para a festa da boate e estava lá... Qual a diferença entre elas? — quando arrisquei falar, me interrompeu — Além disso, estou te convidando agora. Vamos com a gente?

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