Capítulo 23 :

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CARLA

Carla: Meu Deus! Gilberto ou Sebastian? — olhei para Arthur e ele me olhou prontamente — Quem assassino primeiro? — ganhei uma risada, apesar de estar terrivelmente nervosa.

Arthur: Nenhum deles. Sabe que são ótimos! — piscou interessado — Por quê? Qual é o problema? — ergui dois desenhos de vestidos para ele ver.

Carla: Qual dos dois devo escolher? — usei um tom de choro, pois os vestidos estavam deslumbrantes — apenas posso escolher vinte para a coleção e todos os quarenta estão lindos!

Arthur: Uau... Quarenta? — antes que ele dissesse algo, já estava vindo em minha direção. Apoiou os braços na mesa e estudou os desenhos. Apenas esse gesto trouxe seu perfume tão próximo que quase fiquei louca — Realmente... São ótimos!

Carla: E são apenas dois... Tenho entretodos para escolher apenas dois.  — coloquei os desenhos novamente na pilha e suspirei — O que acha? — ele deu a volta e ficou ao meu lado, onde pudesse ver todos os desenhos.

Arthur: Nossa, esse modelo é fantástico! — apontou um desenho de Sebastian — Eu escolheria com certeza...

Carla: Você tem razão, está maravilhoso — peguei o modelo que Arthur falou e coloquei ao lado.

Enquanto seus olhos examinavam os desenhos cautelosamente, notei que se inclinou um pouco para mim, ficando apoiado em minha cadeira. Pensei em dizer "Volta pro seu trabalho" Ou quem sabe repreendê-lo por estar tomando todo o espaço, mas... A opinião dele, breve, porém sutil, estava me dando uma ideia a mais na escolha dos modelos, me dando possibilidades. Sutilmente, esse homem estava se infiltrando em minha vida, em minhas escolhas, de modo que me era praticamente impossível repreendê-lo. Mas também era impossível aceita-lo.

Arthur: Este está incrível também — apontou para um modelo de Gil — É maravilhoso, talvez o melhor de todos... Mas parece que está faltando um detalhe... — adotou uma expressão pensativa.

Carla: Penso a mesma coisa! — olhei para ele — O que será que falta?

Arthur: Talvez se o comprimento fosse menor ou... — pegou um lápis em cima da mesa e se curvou sobre o desenho, fazendo um ajuste — Déssemos uma puxadinha aqui.

Carla: Nossa! Isso foi perfeito! Coloca na coleção! — vi seu sorriso crescer quando empilhou aquele modelo aos escolhidos.

Arthur: Espero que Gil não leve a mal... — ficou de pé novamente.

Carla: Não, não vai! — dei de ombros — Pegue sua cadeira e senta ao meu lado... Ainda temos mais dezoito para escolher.

Ao que parece, a idéia que dei o surpreendeu. Logo Arthur estava sentado do meu lado me ajudando a ajustar os vestidos e a escolher as cores que deveriam estar na tendência. Demorou bem menos do que costumava demorar quando fazia isso sozinha. Semanas a fio me banhavam num estresse total por culpa desses vestidos de início de temporada, mas o período da tarde pareceu ser suficiente para que todas as devidas decisões pudessem ser tomadas.

Arthur: Somos uma boa equipe — disse enquanto organizava os desenhos escolhidos — Acho que essa vai ser a melhor coleção da Delux em muitas temporadas.

Carla: Gilberto e Sebastian estavam mesmo inspirados — me abanei com um pedaço de papel sobre a mesa e apertei o botão chamando a Thaís — Quer uma água?

Arthur: Sim senhorita. Vou buscar... — quando ameaçou se levantar, segurei seu pulso. Ele olhou-me.

Carla: Perguntei se você quer uma água, não disse para buscar uma — sorri levemente e ele se sentou.

Arthur: Ah... Desculpe, entendi errado... — Thaís tendeu ao telefone.

Carla: Traga duas águas Thaís. Geladas dessa vez.

Thaís: Sim senhorita — E desligou.

Arthur: Por que pede essas coisas a Thaís? Sou seu assistente, assessor, secretário... Como quiser chamar. É meu dever te servir.

O jeito como ele disse isso... Olhando nos meus olhos e com a expressão séria... Fez meu coração dar pulinhos e minha mão começar a suar.

Carla: Está ocupado agora, não é? — Arthur não respondeu, ficou apenas me olhando— E, além disso, é muito difícil se acostumar com a ideia de que tem um homem me servindo — ironizei — Já falei que nunca quis um secretário.

Arthur: Feminista?

Carla: Completamente — dei de ombros e ele riu baixinho. A porta foi aberta e Thaís entrou afoita com as duas águas geladas.

Thaís: Senhorita, eu... — Ela parou de falar quando viu Arthur ao meu lado. Sentado. Cadeiras lado a lado. Muito próximos –- Oi.

Arthur: Oi — Ele sorriu para ela também.

Thaís entregou as águas sem tirar os olhos de Arthur. Isso bastou para eu perceber que as fofocas começariam tudo de novo

Arthur: Obrigado Thaís.

Thaís: Disponha — piscou e saiu — Com licença.

Assim que a porta se fechou, nos olhamos ao mesmo tempo. Ambos com a expressão confusa e meio embaraçados. Arthur abriu a garrafa de água dele e tomou um gole enquanto eu ria.

Carla: Fofocas, fofocas. Vai começar de novo?

Tentei abrir a garrafa, mas me parecia impossível de tão bem fechada. Notando minha força em vão, ele se ofereceu para abrir com um aceno breve. Entreguei-lhe a garrafa.

Arthur: Não tem problema. Estamos trabalhando, não é? — Ele piscou ao abrir a garrafa. Passou-me.

Carla: Claro — bebi a água e meu telefone tocou. Abaixei a garrafa com cara de tédio, e vi Arthu atender rapidamente.

Arthur: Delux, boa tarde — pigarreou e eu ri de seu jeito engraçado ao telefone; super sério — Sua mãe? — de repente ele estava sorrindo lindamente, com a expressão doce — Não conheço nenhuma Mãe da Maria Clara não.

Maria Clara: Arthur! É você né? —  Apenas ouvi isso ao fim da linha e revirei os olhos.

Arthur: Sim sou eu. Sua mãe está aqui. Já passo pra ela — silêncio — Como assim agora você quer falar comigo? — ele riu — Não. Fala com ela senão levo uma surra. Você sabe como é... Tá bom! Beijo —!me passou o telefone — Sua filhota.

Carla: Oi filha — atendi contente.

Maria Clara: Mamãe chama o Arthur pra vir aqui em casa... — sua voz era empolgada, contente.

Carla: Maria... Não é assim — tentei disfarçar. Sorte que ele estava arrumando os desenhos ainda.

Maria Clara: Mas mãe, eu quero ver ele. Ele é meu amigo! — sussurrou com a voz baixinha — Por favor...

Carla: Maria Clara... — tentei convencê-la ao contrário — Já conversamos sobre isso...

Maria Clara: Ah mãe, fico o dia todo presa nessa cama aqui com a Graça falando... Só uma vez, vai! — sua voz me cortou o coração. Afastei o telefone e olhei para ele.

Carla: Vai fazer algo no final de semana? —perguntei séria ao Arthur.

Arthur: Uhm... Vou? — tentei não sorrir de sua expressão. Ele sabia mesmo jogar.

Carla: Maria Clara quer que vá almoçar em casa. Domingo. Topa?

Arthur: Claro que sim — assentiu e piscou — Diga a ela que estarei lá.

Carla: Maria? — coloquei o telefone no ouvido olhando para ele meio desacreditada que havia feito aquilo — Ele vai.

Maria Clara: EBA!

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