Capítulo 113 :

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CARLA

Devido à manutenção do prédio a Delux estaria de portas fechadas durante uma semana toda e, como Marcelo Delux é uma alma caridosa, me permitiu dar folga para os funcionários de moda durante o período. Existe chefe melhor?

Arthur e eu não nos vimos com muita frequência por dois motivos: estávamos atolados em trabalhos da Delux em casa e ficávamos trocando e-mails de dez em dez segundos tratando de detalhes de moda. Quando finalmente conseguíamos um tempinho... Ele ligava e falava com Maria Clara, logo após me perguntava sobre o bebê e inventava qualquer desculpa para me prender no telefone durante meia-hora. Tirávamos assunto de não sei onde, porém conversávamos demais. Combinamos de nos reunirmos o quanto antes com Maria Clara para contar do irmão, mas as coisas da empresa estavam ocupando tempo demais.

Arthur: Eu sonhei com o bebê ontem... — confessou em meio a uma ligação. Mordi um pedaço de maçã enquanto conversávamos, esticando os pés em minha cama.

Carla: Jura? — falei empolgada — O que você sonhou?

Arthur: Que era um menino... E muito bonito. Nós estávamos comprando um cachorro para ele e Maria Clara. O nome era Enzo. — suspirei.

Carla: Não gosto desse nome... Mas dessa vez você escolhe. — dei de ombros e ele riu — Logo você vai poder vê-lo. Amanhã tem ultrassom, lembra? — silêncio — Arthur?

Arthur: É amanhã? — seu tom de voz era assustado — Droga...

Carla: O que foi? — abaixei a maçã broxando um pouco. Minha empolgação foi por água a baixo também — Você esqueceu?

Arthur: Não, eu jurava que era depois de amanhã! — ainda se repudiava — Poxa, marquei de pegar uns documentos no aeroporto amanhã.

Carla: Não, tudo bem. Eu vou sozinha. — NÃO! Não estava tudo bem! Como assim eu iria sozinha para o ultrassom de nosso filho? Que coisa é essa? Apesar de me sentir irritada, fervendo por dentro, tentei parecer comum, sem ligar para sua ausência.

Arthur: Não Carla, pelo amor de Deus! Desmarco o que for preciso, é o nosso bebê. Não posso nem pensar em... — interrompi.

Carla: Arthur, tudo bem. Sem pressão. Nós não temos 16 anos, não precisa fazer alarde. — por dentro minha vontade era dizer é bom você ir rapazinho, senão vou arrancar seus olhos com uma pinça! Mas... Controlei-me. Respirei fundo.

Arthur: Carla... Por favor. Esperei a semana toda para falar com você. Temos que conversar seriamente. — revirei os olhos — Não me trate assim. Desculpe se errei de data...

Carla: Ok seu... Nenezão! — ele riu do outro lado — Mas, se não der, não precisa se comprometer e...

Arthur: Carla... Que horas?

Carla: Ok! É as dez... — choraminguei.

Arthur: Estarei lá.

[...]

Droga! Uma semana e já estou gorda nesse ponto? Minhas calças jeans estavam entrando, mas apertavam nas coxas e ficavam coladinhas. Ótimo! Arthur iria adorar esse detalhe... Lembro-me perfeitamente de como ele fica quando estou chamando atenção masculina na rua, só falta tirar uma arma do bolso e apontar na cara dos marmanjos. Coitadinha de Maria Clara... A pobre vai namorar só depois dos 30 com esse papai.

Caso à parte, coloquei uma roupa confortável para fazer o exame, meio descrente da presença de Arthur. Coloquei Maria Clara no ônibus da escola e fui para a clínica um pouco cedo, tomando café pela rua... Enquanto engolia a rosquinha de morango, martelava em mente sobre a tal conversa que Arthur queria ter comigo... Ok. Confesso! Uma conversa entre nós sobre... Nós... Estava passando a hora de acontecer. Talvez ele estivesse segurando a onda porque estou grávida, deixando a meu cargo tomar decisões e estava me agradando com esse gesto. Não ter forçado a barra, ou comentado sobre o nosso deslize na minha sala, me ajudou muito a esquecer da confusão interna dentro de mim. Por certo... Era a hora de retomarmos nosso namoro. Será que ele ainda me quer?

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