Capítulo 150:

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Dois anos depois

ARTHUR

Maria Clara se aproximou do microfone e pigarreou delicadamente, postando um papel a sua frente. Estava nitidamente nervosa e um tanto acanhada. De longe podia notar que seu pequeno corpo estremecia por estar diante de tanta gente.  Era dia dos pais em sua escola e o primeiro no qual eu participava. No ano passado ela estava gripada e não participou, mas neste me prometeu uma festinha emocionante. De fato estava tudo muito bonito, mas vê-la sobre o palco me deixou orgulhoso como nunca.

As crianças da turma dela dedicavam um discurso aos pais, falando sobre a trajetória dos mesmos e sobre a vida que levavam em família. Fiquei demasiadamente curioso para ouvir o que minha primogênita tinha a dizer sobre mim. Sua doce voz ecoou no ambiente grande do auditório e todos os olhares presentes se voltaram para ela, minha pequena grande luz. 

Maria Clara: Meu nome é Maria Clara Diaz Picoli e eu tenho nove anos.  Ao contrário do que todos aqui disseram, meu pai não me viu na barriga de minha mãe ou sequer sabia se eu era uma menina ou um menino. Ele não estava lá quando mamãe descobriu sobre mim e não a ajudou a escolher meu nome.  Tudo o que eu soube sobre ele durante anos era que havia vendido sua sementinha para o doutor e ela foi parar na moça errada, no caso, minha mãe. E então eu nasci. A cor dos olhos era a única coisa dele que eu conhecia quando me olhava no espelho. A palavra "pai" era sinônimo de saudade, mistério, falta e ilusão. Afinal, o que havia de errado em mim para que ele não me quisesse? Mamãe dizia: "seu pai é um idiota!". Mas nunca acreditei. Se minha mãe era a rainha, meu pai tinha de ser um rei.

Maria Clara: Os anos se passaram, cresci e sempre me pareci com aquela pessoa que não conhecia. Até que um dia, como acontece nas histórias de televisão, escorreguei no sabão e quem me salvou foi o secretário da minha mãe. Nos tornamos amigos sem imaginar que ele era também meu pai de sangue, o verdadeiro. Sim, é uma história bem confusa, mas aconteceu. Quais as chances do meu pai ser secretário de minha mãe? Como mamãe sempre diz, o destino interveio para nos unir novamente.  Descobri muitas coisas a partir dali.

Arthur  era o nome do meu pai e agora o conhecia! A cor dos meus olhos era mesmo igual e tinha uma avó que gostava de mim! Mamãe não odiava o papai, ela sempre o amou... Descobri principalmente que quando o destino nos dá uma segunda chance temos que aproveitá-la ao máximo. O passado já não importava. Meu pai  estava ali agora e me amava! Se pudesse escolher um pai certamente escolheria Arthur Louzada Picoli e foi o que eu disse várias vezes para a mamãe antes de descobrirmos a verdade. Ele sempre foi a minha escolha! A palavra pai significa agora amor incondicional, alegria e risadas. Não é um idiota, é aquele que te prova todos os dias que você é a mais importante e que pode te amar cada dia mais, cada dia melhor e sem medidas! É o único homem que faz tudo por você em nome do amor. Obrigada por mamãe, por Maria Ísis e por me amar muito. Te amo papai, Com amor, Maria Clara.

As lágrimas rolavam em meu rosto desenfreadamente e um filme se passou em minha cabeça ao ver Maria Clara descer do palco e correr para me abraçar. Todos ao redor aplaudiam seu discurso marcante, encantados pela narrativa singela e desenrolada de minha pequena garotinha.  Carla chorava e segurava Maria Ísis ao nosso lado, feliz como jamais presenciei. Olhando para minhas três mulheres, o que poderia querer mais da vida? Tudo valeu a pena. Cada lágrima e sorriso dos vários capítulos de nossa história reunidos nessa comédia romântica complexa. Tudo em nome do amor.

Por trás de Maria Clara contemplei Carla e Maria Ísis. A pequena sorriu para mim e fez biquinho. 

Arthur: Amo vocês. Você é tudo o que pedi a Deus, baixinha... — Sussurrei emocionado para Maria Clara.

Maria Clara: Eu te amo papai. Feliz dia dos pais!

FIM

É com muito amor e carinho que finalizo mais uma linda história. Obrigada por estarem comigo do início ao fim. Amo vocês!!  📢📢

CARTHUR VIVE!
Pelo menos em nossos corações. 😩🥁

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