CARLA
Uma vontade de te ver, de tocar teu corpo
Te abraçar e descobrir todo o amor que existe em mim
Mas eu não tomo coragem de ir até você
Tô nessa ansiedade, não consigo mais conter.Arthur: Chega! — ele colou a mão sobre as cordas do violão e a melodia acabou.
Meio em choque, tentei voltar aos poucos da sensação de transe que aquilo me proporcionou. Ficamos em um silêncio constrangedor por longos segundos. Que DIRETA!
Carla: Você toca muito bem... E tem uma voz linda — comecei e minha voz soou meio ofegante, nervosa.
Arthur: Vindo de você... Isso é um elogio grande. Obrigado — Ele respondeu abaixando o violão — Acho que já vou...
Carla: Em quem pensa quando toca essa musica? Acho que ia dizer, você tem alguém? Digo uma namorada? — Me enrolei, ele me cortou.
Arthur: NÃO! — pareceu meio desesperado. — Eu sou solteiro!
Carla: Eu também sou, você sabe. Solteira! — Tive vontade de socar minha cabeça na parede.
Arthur: E foi melhor não ter dito — afirmou me olhando fixamente — Pode não ser tão agradável.
Carla: E por que não seria?
Arthur: Algo intimo demais para se tratar com quem se trabalha — notei certa carga de duplo sentido nessa frase e Meu Deus... Era verdade?
Carla: Tenho tanta experiência nisso quanto Maria Clara — "nisso" queria dizer amor — Então é bom que seja claro.
Arthur: Desde que me explique o significado de nisso — engoli em seco.
Carla: Foi melhor não ter dito. É intimo demais. — Ele abaixou a cabeça, suspirou, olhou para o lado e depois se voltou para mim com a expressão dura, como se quisesse dizer algo. E disse!
Arthur: Quem é o pai da Maria Clara? — separei os lábios indignada por isso, mas falei também.
Carla: Ela não tem pai!
Arthur: Tem que ter tido um pai! — parecia duro em suas palavras — Só não quero entender como alguém foi capaz de... De te deixar com ela assim e sumir... — ele explicava de um jeito sincero — Não entra na minha cabeça... Quero dizer...
Carla: Eu não sei quem ele é — expliquei também.
Arthur: Qual era o nome dele?
Carla: Não faço ideia! — tive que rir da situação. O que ele iria pensar? Ficou calado apenas me olhando de olhos estreitos e pensativos — Sei que deve estar me julgando uma vagabunda, mas isso é bem mais do que aparenta ser. Bem mais!
Arthur: Não entendo como a senhorita perfeição teve uma filha com um cara que nem sabe o nome! — ficou de pé e deixou o violão no lugar — Acho que está escondendo a verdade...
Carla: Bem que queria estar — ironizei ao me levantar e parar em frente a ele — Queria ter um telefone, uma cidade, alguém, um nome sequer para dar como resposta a minha filha! Mas não tenho! — gritei — NÃO ATÉ ELA ENTENDER O QUE ACONTECEU!
Arthur: E o que aconteceu? O que é tão difícil de entender? Que você foi pra cama com um cara que nem conhecia e ficou grávida? — sem pensar, virei à mão na cara dele com certa força.
Até entender o que havia feito, longos segundos se passaram. O rosto de Arthur se moveu um pouco, e a marca da minha mão estava certinha em sua bochecha esquerda. Engoli em seco, de repente minhas mãos estavam soando... Percebi que tinha virado a mão na cara dele e percebi que ele me achava uma vagabunda de verdade.
Carla: Deve estar me confundindo com as suas mulheres quando pensa desse jeito, porque não sabe nada da minha vida, NADA! —- gritei a última palavra e apontei o dedo na cara dele, que estava quietinho me olhando — Meça suas palavras para falar comigo!
Arthur: Desculpa — seu rosto estava mesmo envergonhado de repente — Não sei mesmo. Você tem razão — suspirou e colocou o violão encima da cadeira — Sou um idiota.
Carla: Ainda bem que assume, pelo menos — cruzei os braços e...
E senti lágrimas! Entrei em choque ao perceber que estava deixando a tristeza aparentar, mas era sofrimento demais saber que mais uma pessoa com quem eu realmente me importava me julgava uma vagabunda. Como todos!
Por que me importava com ele? Com o secretário?Fiquei com essa pergunta pairando até Arthur caminhar em minha direção e tocar meu rosto. Ele enxugou a lágrima que descia por minha bochecha e estava perto demais... Bruscamente afastei sua mão de minha face e andei dois passos para trás. O encarei com olhos de quem mata e foi o suficiente para entender que era hora de ir embora.
Arthur: Me perdoa... — sussurrou antes de sair envergonhado.
Assim que ele saiu, fui pro quarto e peguei a rosa que coloquei em um vasinho dourado. Fiquei olhando para ela sentada na beira da cama por longos segundos e quis me matar ao perceber que estava chorando novamente. Aquela musica estava tocando em minha mente com maior intensidade a cada segundo... O rosto de prazer dele comendo meu pavê aparecia em cada refrão da letra, assim como as risadas dele e de Maria Clara juntos. Eram sons que se contrastavam, que quando emitidos juntos encontravam a perfeita sintonia. Um misto de raiva, ciúme, carinho, desejo e... Amor alcançou meu peito. Raiva por ele me julgar sem saber de nada; ciúme por ele estar roubando minha filha; carinho por amar saber que alguém faz a Maria Clara feliz; desejo devido aquilo que sentia quando estava com ele e tudo isso junto levava ao inevitável... Amor...
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O Secretário.
FanfictionSinopse: Aos 30 anos Carla Diaz era a mais nova Diretora do departamento de moda de uma Empresa famosa. Linda, durona, odiada por todos, ocupada e mãe solteira, não tem tempo para se dedicar a nada que não seja ao trabalho e a filha Maria Clara, de...