Capítulo 68 :

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Arthur: É! Minha mãe vai adorar ter algo com que se ocupar... Principalmente se isso for o aniversário da minha enteada mais linda do mundo — fiz cócegas na cintura de Maria Clara, que riu e tentou me empurrar.

Carla ficou calada e era visível que estava trabalhando no que falei. Enteada. Família. Agora não era como antes... Éramos uma família de verdade, no real sentido da palavra.

Maria Clara: A vovó não vai achar ruim mesmo? — estava toda vermelha por ter rido demais, porém a felicidade em seus olhos compensava qualquer outro sentimento presente entre nós três — Não quero dar trabalho para ela.

Arthur: Acha que ela ficaria brava com isso? — Maria Clara sorriu.

Maria Clara: Não. Acho que vai gostar!

Carla: Vocês dois apenas arrumam dor de  cabeça — suspirou um tanto vencida perante nossa felicidade e argumentos lançados sobre ela — Bom... Se é um aniversário que você quer... Terá que conversar com a sua... Avó — sorriu quando disse quase debochadamente — Se ela topar, ok. Se não... Não.

Maria Clara: Certo! — respondemos juntos.

Arthur: Qual é a outra coisa importante? —,instiguei sua capacidade de derreter nosso coração com a pergunta, irritando Carla um pouquinho.

Maria Clara: Ah, é claro! — levou à mão a testa e sorriu por ter se esquecido de seja lá o que seja — Tem a outra coisa...

Carla: Espero que não seja tão difícil quanto a primeira coisa importante, dona Maria Clara — nos olhamos e eu pisquei para ela, indicando que era para deixar a menina falar — Porque tem gente aqui disposto a te dar tudo.

Maria Clara: Não é difícil, é algo bem fácil — quase acreditei vendo sua carinha persuasiva, mas o que veio a seguir me pegou totalmente de surpresa, principalmente pelo jeitinho meigo que usou para falar — Quando minha irmãzinha vai chegar?

Silêncio.

Carla: O que?

A cara das duas era absurdamente engraçada... A minha deveria estar no mesmo nível. Maria Clara parecia frágil, feliz, convencida de que seu desejo era mesmo a tarefa mais fácil do mundo para ser cumprida. Carla não tinha expressão, sequer qualquer reação. Ficou olhando para o rostinho da filha, momentos depois, totalmente pasma. Tive que rir da cena, mas logo pigarrei e voltei a me concentrar na conversa.

Maria Clara: Minha irmãzinha, mamãe — relembrou olhando fixamente para Carla — Quando um homem e uma mulher namoram eles podem ter um bebê, lembra? Quando a minha professora ficou grávida do namorado você disse isso... Agora Arthur é seu namorado. Podem me trazer a minha irmãzinha! Quando ela chega?

Arthur: Maria Clara, as coisas não são tão simples assim, querida — vi que Carla estava perdida entre seus próprios argumentos, um tanto baqueada para dar uma resposta coerente. Mal havíamos falado que estávamos namorando e Maria Clara já pensava na possível irmãzinha...

Maria Clara: Por que não? É só trazer ela... Podemos colocar outra cama no meu quarto, eu dou algumas partes do closet pra ela... E claro, vou dividir todos os meus brinquedos. Aposto que vai adorar minhas bonecas! — o silêncio ainda era enorme. A pequena olhava para nós de um jeito estranho, confusa e fofa.

Carla: Maria... Arthur e eu não vamos trazer sua irmãzinha. Ter um bebê é uma responsabilidade muito grande! — explicou da forma mais clara que conseguiu.

Maria Clara: Por quê? Se ela chorar eu pego no colo... Prometo! O Arthur, que vai ser papai dela, pode trocar as fraldas — torci o nariz e Maria Clara riu de minha expressão.

Arthur: Porque eu troco as fraldas?

Maria Clara: Porque mamãe vai carregar ela na barriga e dar o mamá — tive vontade de fazer Owwwn para sua inocência, apertar as bochechinhas rosadas de tão fofa — A sua parte é limpar as fraldas.

Carla: Isso é justo — piscou e neguei.

Arthur: Eu posso colocá-la para dormir... Isso também dá um tremendo trabalho! Até dou banho nela... Mas fraldas não!

Carla: Ninguém precisa se preocupar com isso porque não vai haver nenhum bebê! — se ergueu do banco onde estava sentada e pegou a bolsa — Agora vamos para casa porque já está tarde e precisamos resolver algumas coisas para o trabalho amanhã.

Maria Clara foi lavar as mãos um tanto decepcionada, porém convencida de que poderia mudar a mente da mãe sobre ter uma irmãzinha. Carla se aproximou e me deu um soquinho no estômago me fazendo rir, revirando os olhos.

Arthur: Foi ela quem começou o assunto, apenas prossegui — justifiquei-me antes que perguntasse.

Carla: Para de dar corda pra ela, poxa — segurou em minhas bochechas e se aproximou mais — Assim vai ficar mal acostumada.

Arthur: Uma irmã poderia resolver isso. Maria Clara iria aprender a dividir — me beijou antes que terminasse a frase e sorriu contra meus lábios. Afastou-se e segurou minha mão.

Carla: Nada de irmãs, nem irmãos, nem os dois — disse em tom autoritário, como se estivesse me dando ordens na Delux. Aquilo me deixou em chamas. A abracei por trás e beijei seu pescoço. Fomos caminhando ao encontro de Maria Clara.

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