Capítulo 67 :

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ARTHUR

As coisas estavam sendo mais fáceis do que sequer imaginei que seria um dia. Maria Clara estava se adaptando a nosso namoro como se fosse assim sempre, como se não fosse novidade. Claro que levamos a pestinha para andar no parque... O jeito como Carla me olhava enquanto tentava brincar com Maria Clara no parquinho era super engraçado, quase desconfiando que pudesse estar com um cara tão infantil. Por alguma razão em especial Maria Clara  conseguia isso de mim... Despertar aquela parte submissa e entregue a suas vontades, a ponto de me levar a sentar numa gangorra ou descer um escorregador e rasgar a calça no joelho.

Carla: Isso aí vai ficar roxo... — comentou enquanto terminava de limpar o meu ralado no joelho com um paninho que guardava na bolsa. Parecia preocupada, mas queria rir de mim.

Arthur: Valeu o esforço — dei de ombros segurando minha perna.

Carla: Maria Clara se sentiu culpada. Não deveria estar feliz por isso, certo? Puxa saco — ironizou e dobrou o pano úmido e com um pouco de sangue. Cheguei mais perto dela e beijei sua bochecha porque virou o rosto acidentalmente. No momento seguinte me beijou rapidamente e riu.

Arthur: Ela sabe que a culpa foi minha por ter pulado no balanço — limpou algo em minha bochecha e ficou com a mão em meu rosto docemente — E você sabe que tenho oito anos.

Carla: Oito? Pensei que fosse cinco... — nós rimos juntos e aproximamos nossas testas — Mas gosto de você por isso. Ter cinco anos às vezes não é tão ruim, pelo contrário... Revela sua parte mais verdadeira e sensível; se isso acontece quando está comigo é porque de fato confia na nossa relação.

Arthur: É claro que confio na nossa relação... Tenho mais alguma coisa na vida atualmente que não seja você e Maria Clara? — adotei aquela expressão pensativa falsa e ela sorriu, me puxando para um beijo longo.

Nosso relacionamento, apesar de diferente e complexo, era meigo e sincero; doce e verdadeiro. Carla podia ter suas restrições, inseguranças... Mas se entregava a relação cem por cento, se abrindo com seus pensamentos e algo me dizia que brevemente me contaria todos seus medos e experiências. Era o que mais esperava... Basear nosso relacionamento em presente era incrível, pensando sempre no futuro, claro... Mas e o passado? Aonde entrava essa parte importante?

Maria Clara: Podem usar a boca para falar comigo dois segundos? — nos separamos e olhamos para frente, vendo Maria Clara parada ali com as mãos na cintura de forma engraçada.

Arthur: Mas é claro que podemos! — assim que falei ela escalou meu colo até se sentar sobre meus joelhos e nos encarar com expectativas, balançando as perninhas no ar — O que tem para nos dizer?

Maria Clara: Duas coisas — mostrou dois dedos e estreitou o olhar — Primeiro... — respirou fundo — Meu aniversário está chegando! — esticou os bracinhos para cima toda contente.

Carla: Eu sei disso — comentou nem tão feliz — E nós duas já falamos sobre aniversário, dona Maria Clara. Lá em casa fica muito apertado porque é apartamento... Não tenho tempo de fazer no salão do prédio.

Maria Clara: Ah! — lamentou-se daquele jeito que não resistimos, abaixou até o olhar — Mas mamãe, eu já não tive festinha ano passado, esse também não? — curvou os lábios e me abraçou o pescoço, colocando o rosto próximo do meu olhando a mãe  — Você prometeu...

Carla: Quando eu digo que não tem espaço é difícil de entender? — interrompi não aguentando ver Maria Clara tristinha daquele jeito, apesar de saber que era tudo uma chantagem para me manipular e a tampinha estava conseguindo com sua carinha de anjinho.

Arthur: Podemos fazer na casa da minha mãe. Nunca vi alguém que goste tanto de uma festa... — olhei para Carla vendo o sorriso de Maria Clara já despontando — Tenho certeza que ela vai amar organizar tudo pra vocês.

Carla: O que? — questionou após uns segundos — Na casa da sua mãe? Mas não é muito abuso não?

Maria Clara: Claro que não, é uma ótima ideia! — comemorou — E mamãe, nós somos da família agora. Você e o Arthur vão se casar...

Carla: Maria Clara...

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