Capítulo 37 :

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ARTHUR

Vesti minha capa de funcionário modelo e fui trabalhar.

Thaís: O que foi aquilo com a rainha de gelo e a Maria Clara ontem? — questionou assim que cheguei. Sorri de lado.

Arthur: Não foi nada, apenas ajudei a senhorita Diaz a colocar Maria Clara no carro — pisquei — A proposito... Ela já chegou?

Thaís: Ainda não — respondeu e voltou a trabalhar — Bom dia!

Arthur: Bom dia!

Era mesmo verdade. Ela não havia chegado mesmo. Sendo assim, me sentei e arrumei as coisas, fiquei de boa ajeitando meu trabalho evitando pensar sobre ontem, porque dentro da Delux tudo ou qualquer assunto pessoal deveria ser totalmente deixado para trás. A porta se abriu e Carla estava lá antes do que previ.

Carla: Bom dia... — disse antes de mim.

Arthur: Bom dia senhorita — fiquei olhando em sua direção.

Carla: Tenho uma pilha de desenhos pra escolher e ajustar —  ela colocou as pastas sobre sua mesa e tirou o casaco — Pode pegar sua cadeirinha linda e vir me ajudar.

Arthur: Sério? — fiquei de pé vendo seu sorriso e peguei a cadeira — Ok. Vamos lá!

Carla: Você acha bonito uma mulher usando vestido?

Arthur: Acho... Claro que acho! — continuei empilhando os modelos enquanto minha chefe escolhia as cores que deveriam preencher os espaços deixados em branco por Sebastian e Gil do Vigor.

Carla: Hum... Também acho super bonito homem de terno — Carla estava escrevendo enquanto conversávamos, sentados lado a lado, nossas pernas se tocando embaixo da mesa.

Arthur: Sei como é exigente — sorri de canto e Carla me deu uma cutucada com o cotovelo rindo — O que foi? Vai me dizer que para te levar para jantar um cara não precisa estar vestindo Armani? — Ela largou a caneta e me encarou séria.

Carla: Não gosto de jantar — respondeu metida, me fazendo rir mais ainda de sua postura — E outra... Sei lá, o que interessa é o conteúdo, o que ele representa para mim... Se for um cara bacana, que me agrade, pode ir até de short se quiser!

Arthur: De short? — parei com meu serviço meio surpreso — Duvido!

Carla: Ah... Por quê? Pra sair com você precisa usar vestido, ouro e Chanel? — Ela esticou a mão para pegar o copo de cappuccino do outro lado da mesa. Ajudei-a, colocando o copo mais perto de seu alcance.

Arthur: Claro que não! Roupa é tão... Dispensável — Carla me chutou de novo embaixo da mesa e começamos a rir.

Carla: Vou fingir que não disse isso no ambiente profissional, senhor Picoli! — Me repreendeu ainda rindo e desenhado no modelo de Sebastian.

Arthur: Desculpe patroa, mas foi à senhorita quem puxou esse papo comigo. Peço perdão se feriu sua moral... — continuei preenchendo os espaços com as cores que Carla pediu.

Carla: Oh, por Deus! É um direito seu sair com mulheres nuas — deu de ombros ironicamente, sem olhar para mim, focada no desenho — Por isso que não sairei com o senhor; roupas são indispensáveis de onde venho.

Arthur: Saio com a senhorita usando até roupa de palhaça... Isso é claro, se por ventura, resolvesse sair comigo qualquer dia desses... — fiquei pensando se deveria me arrepender por ter dito isso. Não era certo, muito menos depois da conversa que tivemos na noite anterior.

Carla: Flertando no ambiente de trabalho? — largou a caneta de novo e me olhou pasma — Oh! Ai já é imperdoável!

Arthur: Imperdoável e a senhorita dizer flertando! Quem usa essa palavra? — nós rimos novamente — Diz logo que quer sair comigo e acabe com essas violações de conduta por minha parte, por favor. Não posso me controlar.

Carla: Aceito se me levar para tomar champanhe na beira da praia... — Se inclinou em minha direção com o copo de cappuccino em mãos — E depois tirarmos a roupa.

Arhur: O que? — levei um susto ao ouvir a última parte. Ela, que tomava o liquido do copo com canudinho, quase cuspiu em meu rosto querendo rir de minha expressão.

Carla: É brincadeira! — revelou tocando a ponta do meu nariz com o indicador, algo que considerei muito intimo.

Bom, em partes aquela conversa constrangedora em meu apartamento rendeu bons frutos. Sabíamos o que sentíamos um pelo outro; não era um segredo agora.

Arthur: Oh! Droga... — abaixei o rosto fingindo desapontamento e depois a olhei novamente — Mas tudo bem; podemos tomar champanhe na beira da praia. Eu te levo num lugar lindo e a gente se diverte.

Carla: Ok — assentiu — Mas ninguém pode saber, é claro!

Arthur: Claro... — sorri de canto.

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