Capítulo 110 :

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ARTHUR

Saí da Delux com um misto de emoções me consumindo com toda a intensidade. Foram tantos acontecimentos no dia que juntos formavam as mais diversas sensações. Carla não parecia estar com raiva de mim... Não como antes. Agora me deixava me aproximar, me abraçava e até permitia que lhe roubasse alguns beijos. Depois do nosso sexo achei que ela se fecharia, pelo contrário. Sorri sozinho ao me lembrar de tudo isso. Algo me dizia que sim, voltaríamos a namorar, e grande influência viria de Maria Clara e dessa nova gravidez. Aguentar a gravidez sozinha mais uma vez era como um pesadelo para Carla... Eu não seria louco de deixá-la nesse momento de grande necessidade e nem queria! Minha maior vontade era acompanhar de perto a gestação do meu novo herdeiro com o maior amor do mundo.

Subi para meu apartamento com um sorriso imenso no rosto, querendo arranjar uma desculpa para ligar para Maria Clara. Será que a Carla contaria a ela sem minha presença? Realmente gostaria de estar perto nesse momento... Abri a porta e...

SURPRESA!

Quando todos gritaram e saíram de seus postos vindo me abraçar, relembrei que era o dia de meu aniversário. Apesar de alguém que nem sequer tinha nome ter sido o centro das atenções, o dia ainda era meu. Sorri, e tentei ser simpático. Minha mãe parecia orgulhosa de ter feito a surpresa. Pedro estava feliz, pendurado em meu colo perguntando sobre Maria Clara.

Arthur: Ela não veio? — foi o que falei quando reparei a ausência de minha filha e de Carla. As duas não estavam em meio à massa de pessoas.

Beatriz: Bom... Eu liguei para Carla, mas... — me encarou com o rosto desolado, abaixando os olhos tristemente — Sinto muito.

Pedro: Quem sabe elas não vêm depois, tio? — Ele tentou me animar.

Arthur: Pois é rapaz... Quem sabe — pelo que conheço de Carla... Não. Elas não viriam.

Alguns tios e primos meus estavam espalhados em meio às pessoas no meu apartamento. Amigos de longa data e até mesmo vizinhos... Da Delux não havia ninguém. Claro, minha mãe não tinha contato com nenhum deles para convidá-los a um evento tão familiar quanto este. Tentei ser simpático, ser gentil... Até minha tia perguntar:

"Onde está sua filha? Fiquei sabendo que você tem uma menininha..."  — Meu humor despencou. Era triste passar esse momento sem ela, mesmo que a virada de meu aniversário tenha sido ao seu lado e muito feliz.

Arthur: Sim, tenho uma menina. O nome dela é Maria Clara, — expliquei — Mas ela não veio. Infelizmente...

O vazio que senti me baqueou de tal forma que me afastei um pouco dos convidados. Deixei minha mãe recebendo todos eles e saí em direção a sacada. Me sentei em uma espreguiçadeira e suspirei, olhando a noite fria e quase sem estrelas. Era possível ver a fumaça de ar saindo de meus lábios de tão baixa a temperatura. Carla estava sendo maravilhosa comigo... Eu não deveria ficar brabo porque não quis vir ao meu aniversário. Primeiramente, almoçamos juntos. Já havíamos comemorado a data e ganhei um presente maravilhoso e comemoramos também, tão perfeito que era inexplicável... Por que reclamar?

Fechei os olhos e me encostei à cadeira. Não demorou nem quinze segundos para que um par de mãos pequeninas se fechassem sobre eles, como se me tapasse a visão. Fiquei parado cinco segundos pensando ser Pedro. Apenas poderia ser ele... Toquei sobre as pequenas mãos e senti uma pulseira. Sorri.

Maria Clara: Adivinha quem é? — a voz doce sussurrou ao meu ouvido. Gargalhei e tirei as mãos de meus olhos, me virando para conferir a novidade.

Arthur: Ah! Eu não acredito que é você! — a abracei no mesmo momento, puxando seu corpo pequeno na direção do meu e a erguendo no ar.

Maria Clara: Oi papai... Pensou que a gente não viria é? — me beijou no rosto — Mamãe disse que quer comer bolo de graça!

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