ARTHUR
A vida lhe prega peças às vezes. No meu caso, vi as pecinhas se soltando e espalhando, depois se reunindo novamente fazendo todo o sentido. Obviamente Maria Clara era o raio de sol que faltava para nos iluminar em meio aquela tempestade que estava rolando entre nós. Um beijo. Carla teve ciúmes. Sentia-se traída e tinha toda a razão!
Cheguei ao escritório e descobri que Thaís havia faltado, pois estava com um resfriado que a impossibilitou de trabalhar. Segui direto para a sala da chefe com o peito cheio de decisão, de vontade! Hoje essa mulher ia ser minha querendo ou não; hoje iria ouvir de meus lábios todos os sentimentos que cresciam em meu peito desde a primeira vez que nos vimos e se me recusasse, iria continuar na minha mira, porque a Rainha da Delux era também minha Rainha pessoal.
Ao abrir a porta, notei que Carla falava ao telefone um tanto alto com quem estava do outro lado. Havia chegado cedo mais uma vez. Caminhei até minha mesa e coloquei minha pasta sobre ela, assim como o casaco que tirei, ficando apenas de camisa branca. Não iniciei nenhuma atividade, apenas liguei para Melanie, que estava hoje no lugar de Thaís, e pedi que não incomodasse a senhorita Diaz nas próximas horas por nada. Assim que Carla desligou o telefone me chamou com o dedo sem dizer nada, olhando para os papeis em sua mesa. Aproximei-me singelamente encarando-a fixamente de forma sorrateira. Estava linda hoje em particular; usava cabelo preso e franja de lado, maquiagem leve e um vestido rosa claro.
Arthur: Quero falar com você — antes que dissesse algo, se surpreendeu com minha atitude. Também me olhou surpresa.
Carla: Comigo quem? Sua chefe ou meu eu particular? Porque se for o particular, sinto muito, mas somente fora da Empresa! — Ela voltou a me ignorar, pegando dois papeis e os colocando em frente ao rosto, como se os comparasse.
Arthur: Quero falar com a única Carla que existe ai dentro — abaixei os papeis levemente, encontrando seu rosto por trás dele. Estava com cara de quem ia me matar a qualquer minuto!
Carla: Fora da Delux. Será que não fui clara? — olhei ao relógio quando me encarou séria apoiando o rosto nas mãos.
Arthur: Bom, são oito e meia. Tecnicamente, ainda não estou no horário de trabalho e nem a senhorita. Se quer que seja fora daqui, podemos fazer ceninha e ir conversar na calçada como duas criancinhas. Que tal? — ergui uma sobrancelha e Carla suspirou ficando de pé.
Carla: Meu pai do céu! Ajuda-me com esse ser humano... — postou-se a minha frente, entre meu corpo e a mesa, cruzando seus braços em frente ao peito — Já que não estamos em horário de trabalho... Que droga quer de mim, seu cretino mentiroso?
Tive que rir disso, entendendo finalmente porque estava me tratando como um real cretino e mentiroso. Tirei as mãos dos bolsos e a encarei da forma mais singela que pude, querendo que visse toda minha verdade.
Arthur: Na verdade, desejaria que tivesse sido sincera comigo ontem ao invés de esconder o jogo — encarou-me confusa— Carla, sobre o que viu ontem entre mim e Vitória, tenho que te dizer... — interrompeu-me.
Carla: Espera ai... O que? — riu sem humor — Era só o que me faltava... — deu de ombros — Não uero ouvir nada sobre isso ok? Quem te contou?
Arthur: Não importa, o que importa é que aquilo foi um erro — expliquei segurando em seu braço levemente, para que prestasse atenção em mim.
Carla: Foi um erro o que quase houve entre nós, poxa... — parecia mais vulnerável de repente, o olhar transbordando desapontamento e tristeza — Arthur acreditei em você! Disse que também podia me dar seu melhor e não o fez! Sei que é ridículo, mas já me sentia totalmente envolvida contigo, como se mantivéssemos um compromisso, mas errei sobre sua posição nessa história...
Arthur: Não errou não! — toquei seu rosto com a mão meio tremula, porque estava nervoso demais! — Também me sentia do mesmo jeito... Sinto do mesmo jeito — corrigi — Aquilo foi uma idiotice! Ela me agarrou desprevenido...
Carla: Mas vi vocês dois se beijando, não ela beijando você — deu de ombros como se estivesse despreocupada, porém não era isso o que exibia sua face — E olha, não te culpo porque não sou uma mulher fácil! Para me ter, tem que ralar muito companheiro! Até hoje, ninguém conseguiu...
Arthur: Sei disso e é por esse motivo que estou doido... Você é uma mulher de verdade, não a Vitória. Acredita em mim, por favor... — praticamente implorei, disposto a me ajoelhar a seus pés — Nunca me passou pela cabeça ter algo com ela. Thaís e todos podem te provar isso...
Carla: Não são eles que têm que me provar algo. Mas sim você... — afastou minha mão de seu rosto devagar — Acho que é melhor esquecer, sabe? Deixa isso para lá. Será melhor para todos...
Senti que iria se afastar de mim e não apenas fisicamente falando, mas também emocionalmente. Como superaria isso? Não ter mais a expectativa de chegar à Delux e vê-la, de jogar indiretas como um idiota, de me aproximar mais de Maria Clara, a menininha que tanto amo e considero? De repente, meus planos estavam todos fugindo, se afastando, e por um erro ridículo!
Arthur: Não! Não vai ser melhor para ninguém, sabe por quê? — A puxei pelo pulso a fazendo se achegar a mim. Encarou-me perto demais um pouco assustada — Porque o melhor para mim é ficar com você...
Não pensei em mais nada! Puxei sua boca para perto da minha e cobri seus lábios com os meus. Os sentimentos falariam por mim agora.
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O Secretário.
FanfictionSinopse: Aos 30 anos Carla Diaz era a mais nova Diretora do departamento de moda de uma Empresa famosa. Linda, durona, odiada por todos, ocupada e mãe solteira, não tem tempo para se dedicar a nada que não seja ao trabalho e a filha Maria Clara, de...