A espera

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O dia 02 de agosto de 2015, data prevista do retorno de Aisha para a Inglaterra, amanhece em Londres. Evelyn acorda logo cedo para preparar o café da manhã e deixa o seu esposo a dormir, para descansar mais um pouco, pois sabia que ele havia dormido muito tarde na noite anterior por ter esperado a ligação de Aisha durante a madrugada, antes do embarque dela.

Por volta das nove horas da manhã, Johnson acorda e verifica se havia alguma mensagem de sua filha no celular, mas não havia nenhum contato. Preocupado, ele tenta fazer uma nova ligação para ela, mas o telefone estava dando desligado ou fora de área de cobertura. Outras tentativas foram realizadas durante aquela manhã, mas sem sucesso. Pela hora do último contato, Aisha já deveria ter parado em alguma escala. Como as ligações não eram atendidas, aquele militar começou a ficar ainda mais receoso de que algo possa ter acontecido com ela.

Ele ligou a televisão em um canal de notícias pouco antes do almoço para saber se estava tudo bem nos aeroportos do mundo. Ao ver algumas notícias do dia, Johnson conseguiu se distrair um pouco, até que Evelyn o chamou dizendo que o almoço estava pronto e ele pegou o celular e tentou mais uma vez entrar em contato com Aisha, sem sucesso.

Ao se sentar a mesa, ele disse em tom preocupado:

- Estou tentando ligar para Aisha desde que acordei e ela não me atende.

- Acalme-se meu amor. Ela deve estar a voar. A viagem do Afeganistão para a Europa é muito longa. Certamente ela deve estar em pleno voo e por isso não atendeu.

- Espero que esteja tudo certo mesmo na viagem dela, mas, desde que ela embarcou, não tenho boas sensações quanto a essa viagem. Na última ligação dela, tive uma sensação muito ruim. Espero que ela possa chegar bem aqui na Inglaterra.

- Vai dar tudo certo meu amor. Se acalme. No horário marcado Aisha estará aqui conosco e tudo vai ficar bem. Tente ficar tranquilo.

- Vou fazer o possível para ficar meu amor.

Então eles começam a comer. O canal de notícias fica ligado durante todo o tempo e o fato de não ter informações sobre incidentes nos aeroportos, o deixou um pouco mais tranquilo. Durante a tarde, Johnson tentou novos contatos com a filha, mas não teve as suas ligações completadas. Ao final da tarde a sua angustia aumentou muito. 

Ele mandou mensagens por SMS para ela, dizendo que estava preocupado e pedindo informações urgentes quando ela desembarcasse em algum aeroporto. A preocupação dele aumentava ainda mais, pois sempre que Aisha viajava para lugares mais distantes, ela enviava mensagens durante as paradas, avisando que estava tudo bem com ela e dessa vez, depois do último contato no Afeganistão, ela não passou mais nenhuma notícia.

Por volta das 19:00 horas, Johnson lembrou para Evelyn que a filha tinha paradas programadas na Turquia e uma escala na Alemanha. Durante essas paradas ela teria condições de informar como estava a viagem, mas, misteriosamente, ela não disse nada e nas tentativas de contato ele não conseguiu falar com ela, demonstrando intensa preocupação em sua fala:

- Aisha nunca fez isso em suas viagens. Ela sabe a preocupação que temos com ela e sempre que chegava em alguma escala, costumava entrar em contato conosco, nem fosse através de uma mensagem. Será que aconteceu alguma coisa?

- Eu acho que não meu amor. Aisha estava no aeroporto quando te ligou. Não vejo condições de ter acontecido alguma coisa. O aeroporto é um local seguro, não tem porque se preocupar. Acho que a bateria dela deve ter acabado e ela não teve como carregar o celular, por isso não nos contatou.

- Eu espero que seja isso mesmo meu amor. Daqui algumas horas vou buscá-la no aeroporto. Vamos comigo?

- Claro que sim. Eu estou morrendo de saudade da nossa filha, não vejo a hora de vê-la novamente. Disse Evelyn a abrir um sorriso.

Casamento forçado e abusivo IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora