Casamento forçado e abusivo III

O tutor

Diante daquele chamado, Lina e Aisha se assustaram um pouco, pois não era comum elas receberem visitas. Provavelmente, alguém estava a procura de Caivan, por isso bateu no portão.

Lina pediu que a visita aguardasse um pouco, vestiu as roupas apropriadas para receber pessoas externas e foi até o portão de entrada da casa que ficava a frente do quintal. Lá encontrou com Omar, um dos homens de confiança de Caivan, que havia sido designado para ser o seu tutor durante o período em que ele não estivesse em casa.

Aisha chegou logo em seguida próximo do portão, quando notou que Lina parecia ter ficado muito tensa ao recepcionar aquele homem:

- O senhor quer entrar? Caivan não está em casa. Questionou Lina.

- Sua barriga cresceu bastante Lina. Está uma mulher muito bonita grávida.

Aisha se surpreendeu com aquela fala, pois não era comum esse tipo de elogio naquela cultura. Se Caivan estivesse em casa ele veria aquela fala como uma falta de respeito enorme, haja vista que Lina era casada.

Ao ouvir aquele homem e perceber que Lina demonstrava tensão em suas ações, Aisha se aproximou mais um pouco e apareceu ao seu lado. Quando aquele homem a viu demonstrou surpresa em suas feições e questionou:

- Essa é a nova Ocidental esposa de Caivan? Ele é um homem de sorte ou de falta dela. Só encontra Ocidentais para se casar. Afirmou ele em tom sarcástico.

Aisha ficou surpresa com aquela fala debochada e ao olhar para Lina, percebeu que ela estava envergonhada. Ambas ficaram sem reação por um momento, mas depois de alguns segundos aquela jovem questionou:

- O senhor quer entrar para aguardar o meu marido? Caso não queira entrar eu vou precisar me recolher, pois preciso terminar alguns afazeres domésticos.

- Então quer dizer que em casa você trabalha? Porque na minha casa, não fazia nada direito.

Aisha fica ainda mais perplexa com a fala abusiva daquele homem. Mas, prefere não dizer nada. Quando ele questiona:

- Acha que ele vai demorar muito? Não fica bem para um homem ficar na casa sem que outro homem esteja presente por muito tempo.

- Acredito que sim. Ele alguns dias não tem retornado para o almoço.

- Tudo bem. Eu retorno em outro momento. Espero que depois dos ensinamentos da minha mãe você tenha aprendido a fazer uma comida melhor. Pode ser esse o fato do seu marido não querer retornar para almoçar em casa. Diz aquele homem novamente em tom depreciativo. Dizendo depois: - Até logo.

- Até logo. Respondeu Lina de forma acanhada.

Então ela fechou aquele portão e as duas entraram para casa. Aisha estava horrorizada com aquela situação e questionou:

- Quem é esse homem?

- Ele é um importante membro da polícia local. Hoje ele comanda toda a polícia da cidade.

- Acho que nunca vi alguém tão desrespeitoso em minha vida!

- Eu morei na casa dele por todo o tempo que Caivan esteve fora. Tenho certeza que não verá outro pior do que ele.

- Então por isso que ele falou aquelas coisas com você?

- Sim. Ele odeia as Ocidentais. Quando eu estava lá, ele fazia tudo para me maltratar ao máximo.

- E porque você ficou esse tempo todo na casa dele? Porque não falou para Caivan o que estava acontecendo.

- Eu fiquei com medo de tudo ficar pior Aisha. Além disso, não queria preocupar o meu marido, depois de tudo que ele fez para estar comigo. Tinha medo de poder, de alguma forma, ser rejeitada por ele. Afirmou Lina com um semblante triste.