[ 17 de novembro, quinta-feira ]
Seis dias. Quase uma semana e os enjôos não pararam; na verdade, estão piores pela manhã. Tenho ido pro trabalho e para a faculdade e até tirei novas fotografias para o senhor Dantès, mas às vezes tenho que correr para o banheiro. Felizmente, hoje pegarei o resultado dos exames. Terei que levá-los para o doutor analisar, porém é um alívio. Mal posso esperar para saber logo o que tenho.
- Quer que eu vá com você? - Castiel pergunta enquanto penteio meu cabelo recém lavado. - Só preciso ir para a gravadora às três.
- Às três? Isso significa que vai chegar tarde da noite - choramingo. Ele dá de ombros. - Se não for te atrapalhar, aceito a companhia.
- Ótimo. Eu ia de qualquer jeito, mas que bom que consentiu - ele diz com um sorrisinho, se aproximando. Reviro os olhos, sorrindo também. - Como está se sentindo?
- Já disse. Apesar dos enjôos, estou bem.
- E o almoço não está com nenhuma intenção de sair, igual ao café da manhã?
- Acho que não. Meu estômago está tranquilo, por ora - deixo o pente de lado e me viro para ele. - Vou te contar, todo esse vomitório está me exaurindo. É cansativo, quero que acabe logo.
- Vai acabar, amor, tenho certeza - ele beija minha testa. - Termina de se aprontar, podemos ir de moto. Deixa a sua lata velha descansar um pouco, ela está precisando.
Estapeio seu braço, rindo.
Dessa vez me mantenho bastante positiva enquanto pegamos o envelope de exames e o levamos ao consultório. Seja lá o que tenho, estou certa de que não é grave e de que só preciso de um remédio bom de verdade. Vai ser bom acabar com essa história logo. Tenho que aguardar uma hora até ser atendida; enquanto isso, Castiel conversa com um garoto de uns quinze anos que chegou depois de nós e alegou ser fã da Crowstorm. É bonitinho vê-los interagir; ambos visivelmente empolgados, porém tentando se conter.
- Quer que eu entre com você? - Castiel pergunta quando meu nome é chamado.
- Não, tudo bem, pode continuar sua conversa. Tenho certeza de que vai ser bem rápido.
O doutor me deseja bom dia quando entro na sala, e pergunta como estou enquanto abre o envelope. Brinco com as mãos ansiosamente enquanto ele lê os papéis, tentando identificar alguma coisa ruim em seu rosto.
- É, bom, foi o que suspeitei - ele diz, batendo os papéis na mesa. - A senhorita está perfeitamente bem.
- Então, de onde vêm esses enjôos? Eles têm estado piores pela manhã.
- A explicação é muito simples - ele sorri e empurra um dos papéis em minha direção. - A senhorita está grávida. Meus parabéns.
De fato, no topo do exame está gravada a palavra POSITIVO em letras grandes e destacadas. Minha cabeça roda.
- Não, não pode ser, doutor - nego com certo desespero. - Minha menstruação não está atrasada.
- Isso acontece, às vezes. A gestação já tem duas semanas, pelo menos, e desconfio que possam ser gêmeos, mas precisamos esperar até a sexta semana para confirmar através de uma ultrassonografia.
Caio para trás na cadeira, completamente sem palavras e sentindo que posso desmaiar.
- A senhorita está bem? - o doutor pergunta com as sobrancelhas franzidas.
- Não, eu não... Não estava esperando por isso - tento me recompor, mas minha garganta está seca. - Não estava nos planos imediatos, entende?
- E como entendo! Meu filho mais velho também não estava nos planos imediatos quando soubemos que minha mulher estava grávida - ele sorri. - No entanto, se quer saber, foi a melhor surpresa das nossas vidas. A senhorita não quer ser mãe?