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[ 27 de maio, quarta-feira ]




  Estou prestes a entrar no quarto, secando o cabelo com uma toalha, quando T'Challa sai de lá com algo na boca — provavelmente um inseto ou lagartixa, por mais raro que seja encontrar esses bichos por aqui. Penduro a toalha no gancho atrás da porta e pego a escova de cabelo na cômoda. Passo os olhos pelo quarto despretensiosamente enquanto me livro dos nós, até algo chamar minha atenção.

  A caixinha da aliança do Keith na mesa de cabeceira. Aberta. E vazia. Corro até ela, mas o anel não tem nem um vislumbre roxo por perto.

  — Ai, não! Não, não, não, não, não.

  Ele estava bem aqui há alguns minutos atrás, não pode ter simplesmente sumido. Então, minha mente estala. T'Challa. Não era um inseto que ele carregava na boca, era o anel! Merda, merda, merda. Corro para tentar encontrá-lo, olhando sempre pro chão para conferir se o objeto não caiu por aí.

  Fico frente a frente com o meliante de quatro patas na cozinha. Ele está sentado na ilha, balançando o rabo de um lado pro outro, e não tem nada em sua boca. Começo a vasculhar o cômodo calmamente para não espantá-lo, mas não há nem sinal do anel.

  — T'Challa — chamo, e suas sobrancelhas se mexem. — Por favor, me diz que não enterrou o anel. Eu emploro! Me diz que não enterrou o anel nesse jardim enorme!

  É claro que ele não responde. A porcaria do anel pode estar em qualquer lugar nessa casa gigantesca e tenho pouco tempo para encontrar, ou precisarei contar pro Leigh. Decido inspecionar todo o gramado ao redor da casa — não demorei para encontrá-lo, então, se ele enterrou o anel, será fácil achar.

  Observo com bastante atenção cada cantinho do jardim dos fundos, a lateral direita, o jardim da frente e paro diante do canteiro de rosas selvagens na lateral esquerda. Ainda é novo e as sementes foram recém plantadas, o que significa que a terra está toda revirada. Respiro fundo e solto um grunhido frustrado.

  — Por que não adotamos um peixe? — choramingo enquanto me ajoelho e começo a cavar como um cachorro.

  Cavo com cada vez mais desespero conforme o tempo passa e não encontro a bendita aliança. Esse gato será minha morte! O que direi pro Leigh, se não achar o anel? Como vou contar que deixei meu gato sumir com a coisa mais importante da vida dele, que custou dez mil dólares? Eu *preciso* encontrar!

  Meu celular começa a tocar no bolso da calça de moletom que peguei do Castiel. Atendo sem ler o nome na tela.

  — O que?

  — Ih, porra, o que eu fiz?

  — Quem é? — continuo cavando com uma mão só.

  —... Seu marido. O que está rolando, garotinha?

  — Não tenho tempo pra conversar agora, Castiel, estou num caso de vida ou morte!

  — O que aconteceu?!

  — Não tenho tempo!

  Desligo o telefone e guardo de volta no bolso.

  — Meu Deus, não está em lugar nenhum! — grito. Paro para descansar por um segundo e olho para cima. T'Challa está deitado na cerca, me observando. — Você, seu gatinho malvado. Por que me odeia? Primeiro a câmera, agora isso! Por que está tentando destruir a minha vida?!

  Não sei quanto tempo passo cavucando a terra inutilmente, mas, quando dou por mim, Castiel está parado ao meu lado.

  — Meu Deus, o que está fazendo?! — ele arregala os olhos. — Você ficou maluca, Greene? Olha a merda da bagunça que está fazendo! O que aconteceu?

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