[ 22 de abril, quarta-feira ]
— O que acha?
Dou uma voltinha para que Castiel veja minha roupa por completo.
— Uma graça — ele sorri, sentado na beira da cama. — Tenho vontade de te botar no bolso e carregar por aí. Adorei. Pensei que não quisesse comprar roupas de gestante.
— Não queria, mas não resisti a esse macacão. Não ficou bem com essa blusa listrada?
— Ficou. Você parece um Chucky ultra mega fofo.
— Não é bem o elogio que eu esperava, mas aceito — rio. — Pode me ajudar a calçar os tênis? Levo séculos para fazer isso sozinha.
Lhe entrego os all stars vermelhos e me sento na cama; Castiel se ajoelha a minha frente. Ele enfia os sapatos nos meus pés e os amarra com agilidade. Ambos ficamos em pé.
— Obrigada. Você está um gato — digo, arrumando a lapela de seu casaco verde oliva. Adoro quando ele o usa. — Pode me dizer qual é a ocasião especial?
— Talvez você não se lembre porque a vida tem estado uma loucura e não temos comemorado, mas hoje faz um ano e seis meses que estamos juntos.
— Caramba, é mesmo! — cubro a boca com a mão. — Pensei que passaríamos a comemorar só os aniversários de casamento. A propósito, sábado fará quatro meses que nos casamos.
— Eu comemoro todos os dias por te ter na minha vida.
— Agora está tentando me seduzir — brinco. — Planejou algo especial?
— Mas é claro. Um piquenique ao luar.
— Quando teve tempo de preparar uma cesta de piquenique? Não tem nem uma hora que voltou da gravadora.
— Comprei numa padaria.
— Hmm, que chique! Não precisava fazer isso.
— Gosto de te agradar. É como dizem: esposa feliz, vida feliz.
Sorrio. Ainda fico eufórica quando ele me chama de esposa. É sempre surpreendente o quanto nossa vida mudou em menos de dois anos. Levanto os pés para beijá-lo.
— É impossível não ser feliz com um marido como você — sussurro contra seus lábios.
— Lembre-se disso quando sentir vontade de jogar um sapato na minha cabeça — ele encosta a testa na minha enquanto rimos. — Te espero no carro, ok?
Assinto. Depois que o Castiel sai do quarto, faço uma maquiagem bem básica e sutil, passo perfume, pego minha bolsa e escovo os dentes. Keith e Leigh estão na sala quando desço; o loiro deitado de bruços no tapete, e o moreno sentado sobre ele, massageando suas costas.
— Ugh, vão pro quarto.
— Vaza — Keith replica, gemendo quando Leigh aperta um ponto específico.
Rio, seguindo meu caminho. A noite está estrelada e com um clima ameno. Castiel está escorado no carro, parecendo um sonho, com um buquê de rosas amarelas nas mãos. Não uma rosa, como de costume — um buquê. Como eu gostaria de ter minha câmera nesse momento! Decido fotografá-lo com o celular. A resolução não é tão boa, mas é o Castiel; ele fica perfeito de qualquer jeito.
— Obrigada — sorrio quando ele me entrega as flores. — São muito lindas. Eu já ficaria satisfeita com uma, sabe?
— Eu sei, mas agora tenho mais dinheiro. Vamos?