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[ 04 de dezembro, sábado ]






  A luz fraca do sol nascente penetra pela pequena fresta da janela, deixando o quarto iluminado o suficiente para eu conseguir ver o rosto adormecido do Castiel. Um de seus braços está apoiado no meu quadril. Estou acordada desde as três e pouco da madrugada, quando perdi o sono depois de ter um sonho péssimo. Não me lembro de detalhes, exceto que Castiel e Megan estavam lá, e minha barriga estava enorme — sei que foi um sonho péssimo porque acordei com uma sensação ruim no estômago.

  É óbvio que, por mais que esteja bancando a namorada tranquilona, meu subconsciente está preocupado. Minha mente não para desde que acordei. Pensei no bebê e em como não estamos preparados para ter uma criança nesse apartamento; quer dizer, só temos um quarto, onde enfiaremos um berço? Onde guardaremos roupinhas e sapatinhos e fraldas? E o que farei quando Castiel começar a viajar cada vez mais, por mais tempo?

  Depois comecei a pensar na Megan e em como ela estará em Los Angeles com os rapazes. Não esbocei nenhuma reação negativa quando Castiel me contou, mas obviamente não gostei da notícia. Estou sendo boba por sentir ciúmes? Digo, Castiel é bem honesto comigo em tudo que envolve a Megan, isso não deveria me deixar mais segura? Ele não me contaria nada se tivesse algo indevido acontecendo. Ou, talvez, seja justamente por isso que ele me conta tudo — para despistar minhas desconfianças.

  É melhor calar meus pensamentos antes que vá parar num caminho sem volta. Não deixarei as paranóias me convencerem de que Castiel seria capaz de me enganar, porque ele não seria. Nós sempre jogamos limpo. Por outro lado, é óbvio que ele está mudado; até brigou com o Keith por causa dessa garota. Castiel não costuma demonstrar esse tipo de interesse pelas pessoas.

  — Estou sentindo seus olhos em mim — ele diz de repente, com voz arrastada e sem abrir os olhos.

  — Você ainda me ama tanto quanto antes?

  — Não faz isso, não, amor. Só estou parcialmente acordado, não vamos ter uma DR agora.

  — Não é uma DR, é uma pergunta simples.

  Castiel abre um olho.

  — Não, Greene, não te amo como antes. Eu te amo muito mais.

  Sorrio, deslizando para mais perto. Castiel beija o topo da minha cabeça.

  — E você me acha bonita? — pergunto contra seu peito nú.

  — Bonita é pouco, você é uma deusa. Me deixa maravilhado todas as vezes. Queria fazer um retrato seu sem roupas, igual em Titanic, mas não faria jus à sua beleza.

  Sorrio outra vez.

  — Você tem lábia.

  — Sou apenas um homem honesto e apaixonado que espera receber umas fotos safadinhas enquanto estiver longe.

  Rio alto. É, esse é outro problema. O que farei com toda a saudade e tesão acumulados? Vê-lo por chamadas de vídeo não será a mesma coisa, e agora só faltam seis dias para a viagem. Passo as unhas de leve por seu abdômen e seus músculos se contraem. Fizemos amor ontem à noite, mas meu corpo já sente certa urgência em tê-lo em mim outra vez.

  — Quais pensamentos impuros estão passando por essa cabecinha? — posso ouvir o sorriso em sua voz. — Aposto que não são nem seis da manhã, Greene, se controla.

  — Não fiz nada — digo inocentemente. — Só estou admirando os resultados da academia.

  — Pensei que eu não poderia ficar mais gostoso do que já era, mas estava enganado. Estou pensando em fazer umas tatuagens no outro braço também, que tal?

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