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[ 07 de novembro, segunda-feira ]



Sou trazida de volta à realidade quando a mão de Castiel aperta minha coxa. Desvio a atenção da estrada por um segundo para olhá-lo. Graças a Deus, o fluxo de carros não é grande, ou provavelmente já teríamos batido na traseira de alguém.

— Greene, se continuar mordendo o lábio assim vai acabar arrancando ele fora. Qual o problema? Se está preocupada com a viagem, relaxa, vai ficar tudo bem.

Libero o lábio, que nem percebi que estava mordendo, e o comprimo.

— Estou preocupada que você possa se ferrar por conta dessa escapadinha, tudo porque agi como uma idiota.

— Do que está falando?

— É, Castiel, eu fui egoísta e ciumenta. É melhor a gente voltar, não quero arriscar seu trabalho assim, a toa.

— Não, não é a toa, Greene — ele se ajeita no banco. — Nós precisamos disso, de um tempo para nós, longe de tudo. Não quero que as coisas esfriem antes mesmo de a gente se casar. Essa fuga vai ser ótima e é até excitante, não acha? Não vamos voltar.

— Mas, Castiel...

— Não, não, não, garotinha, nada disso. Se não quiser mais dirigir, tudo bem, eu assumo o volante, mas vamos continuar em frente.

Suspiro e não discuto mais; Castiel está decidido. É claro que quero prosseguir com a viagem, mas me sinto culpada e meio envergonhada pela forma que agi, agora que o nível de ciúme baixou. É, eu não posso condená-lo por ser amigável e, sim, eu digo que ele deveria ser mais legal com as pessoas, mas ele tinha que começar logo com uma modelo lindíssima e simpática? É difícil não me deixar levar pelas inseguranças.

— Tá legal, Greene, se continuar assim eu serei obrigado a te beijar até esse franzido de sobrancelhas sumir, estou falando sério. E se isso não funcionar, então vou te foder no banco de trás até você ficar cansada demais para mover qualquer mínimo músculo da face.

Fico arrepiada, mas sorrio um pouco.

— Você é tão fofo e tarado ao mesmo tempo.

— Eu só quero que pare de pensar demais. Pode ser?

Antes que eu responda um clarão corta o céu, seguido por um trovão, então começa a chover. A princípio são só umas gotas, mas logo fica forte demais.

— Que merda — Castiel grunhe.

— Vamos ter que parar — anuncio. — O limpador de para-brisa não quer funcionar. Não acredito, que porcaria. Não chovia há um tempo, eu não fazia ideia de que estava quebrado.

— Tudo bem. Vamos encostar e esperar a chuva diminuir, provavelmente não vai demorar.

— Eu falei que deveríamos ter voltado — digo, levando o carro para o acostamento. — Agora vamos ficar presos aqui, cercados por bosques escuros e sinistros, debaixo de uma chuva torrencial. Que porcaria de limpador de para-brisa! E se tivermos que passar a noite aqui?

— Eu prometo que te protejo de qualquer coisa assustadora que aparecer dentre as árvores.

— Esse parece o cenário perfeito para um crime. Está escuro e embaçado, qualquer um pode abrir a porta do carro do nada e atirar na nossa cabeça. Seremos obrigados a fugir pro meio do mato, onde com certeza vamos dar de cara com o diabo fazendo churrasco numa encruzilhada.

Castiel parece assustado quando olho para ele.

— Deus me perdoe, Greene, duvido que possa aparecer algo mais sinistro que você. Acho melhor dar um tempo dos vídeos de casos criminais, eles estão mexendo com a sua cabeça — ele faz uma cruz e beija a mão. — Vou mandar te benzer quando chegarmos em casa.

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