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[ 22 de novembro, terça-feira ]




- Ótimo, que bom que chegou. Estava te esperando.

É assim que sou recebido quando chego em casa, às onze e meia da noite, depois de um dia exaustivo de trabalho. E não é de um jeito positivo; essas palavras não são ditas com um sorriso amável ou voz alegre, a linguagem corporal e expressão facial não são nem um pouco receptivas. Ariane não ficou acordada até agora para termos uma noite agradável de amor e, sim, para brigar. Respiro fundo.

- Pelo seu tom de voz, não me esperou pra uma festinha.

- Não, pode ter certeza. Eu quero que me explique o porquê de ter contado sobre a gravidez pra Megan - ela avança e me empurra contra a porta. - Não acredito que fez isso, Castiel. Eu deixei bem claro que não queria que ninguém soubesse, muito menos aquela garota.

- Espera, espera, como sabe disso?

- Como eu sei? A sua amiguinha foi correndo contar pro Nathaniel. Juro, Castiel, estou com tanta raiva de você nesse momento que nem sei o que fazer.

Ok, estou em desvantagem aqui. Não quero que essa discussão alcance proporções maiores que o necessário, então tenho que tentar amansar a fera.

- Pode me dar uma chance de explicar? - peço, levantando as mãos em rendição. Ela não diz nada, então continuo: - Me desculpa. Eu precisava desabafar com alguém e achei que não teria problema contar pra Megan, já que ela não vai ficar em cima de você. Até pedi segredo.

- E obviamente deu certo - Ariane abre um sorriso ácido. - Como pôde me desrespeitar dessa forma? Eu disse especificamente que não queria que ninguém soubesse, muito menos aquela garota. E se precisava desabafar, por que não me procurou?

- Porque queria uma opinião imparcial.

- Imparcial? Ora, me poupe, Castiel. Megan arrasta a maior asa pra você, é óbvio que ela vai dizer qualquer coisa que te favoreça.

- Pode até ser, mas é bom falar com alguém que me entenda de vez em quando - disparo.

- Eu sempre entendo você!

- Não como ela. Megan também é do meio artístico, ela entende os perrengues e como adiar a viagem pode ser ruim.

Ariane funga e enxuga o rosto com as costas da mão, embora não haja lágrimas. Ela comprime os lábios por um tempo antes de voltar o olhar para mim.

- Se está criando esse auê porque não quer adiar a viagem, então não adie, Castiel. Simples assim.

- Não, olha... Não é que eu não queira, Greene - tento me explicar calmamente. - Eu só tenho medo que isso estrague tudo. O senhor Wang concordou, mas obviamente não gostou.

- Bom, então, o que pretende fazer? Porque isso não vai acabar aqui. Haverão mais ultrassons, depois idas ao pediatra e reuniões escolares. Haverão noites sem dormir e dias longos. Nós dois teremos que adiar e cancelar planos muitas vezes.

Suspiro, passando a mão no rosto.

- Sim, eu sei.

- Eu quero que corra atrás dos seus objetivos, Castiel, mas em certos momentos terá que colocar na balança o que é mais importante para você: sua família ou sua carreira.

Passo a mão pelo cabelo, exasperado.

- Não acha que está exagerando um pouco?

- Não, não acho. O bebê nem nasceu ainda e você já não consegue fazer uma coisa básica por ele! - ela aponta o dedo pro meu peito. - Nossas carreiras podem ir por água abaixo a qualquer momento, Castiel, mas esse filho será para o resto das nossas vidas.

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