[ 15 de fevereiro, quarta-feira ]
Leigh está no escritório desde que cheguei em casa — provavelmente desde antes disso. Não sei se ele está trabalhando muito ou se está se martirizando. Honestamente, espero que seja a primeira opção, porque não aguento mais vê-lo todo borocoxô. Queria ter sido avisado de que me apaixonaria até o último fio de cabelo; agora estou totalmente vulnerável e tudo o que aquele homem faz me afeta.
Depois de tomar um banho, vou até a cozinha e preparo uma xícara de chá e asso alguns biscoitos. Coloco a xícara e o prato numa bandeja de madeira e vou para o andar de cima. A porta do escritório está entreaberta, o que me permite ver que Leigh não está na cadeira diante da mesa. Empurro a porta com o ombro e o encontro no sofá, sentado, parecendo perdido em pensamentos.
— Oi — cumprimento suavemente. — Trouxe um lanchinho noturno.
— Obrigado — ele solta um suspiro cansado e penteia o cabelo para trás.
Deixo a bandeja sobre a mesinha e me sento ao seu lado. Leigh me oferece um sorriso fraco que não alcança seus olhos.
— Como foi seu dia? — pergunto.
— Bom... Como foi o seu?
— Pensei em você o tempo todo — confesso. — Estou preocupado. Comeu alguma coisa?
— Não... Não tenho sentido muita fome.
Solto um som exasperado.
— Leigh, não pode continuar assim. O que posso fazer para que se sinta melhor? É só me dizer, faço qualquer coisa.
— Te ter comigo é tudo o que preciso — ele beija minha têmpora e me puxa para o seu peito. Ficamos em silêncio por alguns segundos. — Eu estive pensando nesses últimos dias sobre como não visitei muito meu pai antes de ele partir, e não quero cometer o mesmo erro com a minha mãe. Não posso viajar o tempo todo, então... estou considerando voltar para a fazenda por uns tempos.
Me sento, um tanto quanto desesperado.
— O que?! Não... Não pode ir embora. E quanto à loja? E a sua casa? E quanto... — engulo um nó na garganta. — E quanto a mim?
— Não seria para sempre. Posso administrar a loja de longe, contratar alguém para me ajudar. A casa continuará aqui, você pode continuar nela.
— Sem você?
— Keith... É a minha mãe.
Não quero ser um bebê chorão, mas meus olhos se enchem de lágrimas e meu lábio começa a tremer. Não posso acreditar no que está acontecendo. Minha cara deve estar patética, porque Leigh parece extremamente arrependido.
— Não estou dizendo que deveríamos terminar — explica. — Continuaríamos o relacionamento a distância. Como eu disse, não seria para sempre.
— Mas poderia ser por tempo demais. Deve haver uma solução melhor! Por que não chama sua mãe para viver conosco?
— Ela adora a fazenda, não acho que viria. Também tem a questão dos animais. Não podemos abandoná-los.
— Tá, então podemos visitá-la todo fim de semana! Por favor, Leigh, não vá embora. Não pode ir depois de me fazer te amar tanto, depois de me pedir para viver contigo.
Minha voz fica embargada. Que ridículo — se voltar a morar com a mãe o fará feliz, eu deveria apoiá-lo. Me levanto ao mesmo tempo em que começo a chorar. Tento fugir do escritório, mas Leigh me impede quando chego perto da porta. Ele segura meu rosto enquanto as lágrimas escorrem, e posso ver o pesar em seus olhos. De repente, ele me abraça forte. Me agarro à sua camisa.
— Me perdoe — pede. — Me perdoe, eu sinto muito. Não vou te deixar.
— Não — soluço. — Se voltar para a fazenda te fará feliz, então tem que ir.
— Ficar longe de você seria trocar um sofrimento por outro — diz, voltando a segurar meu rosto. Ele seca minhas bochechas com os polegares. — Vou encontrar uma maneira de ver minha mãe com frequência sem precisar sair daqui. Quem sabe, talvez ela aceite se mudar para cá e poderemos contratar alguém para cuidar da fazenda.
— T-tem certeza?
Leigh sorri levemente e me dá um beijo.
— Sabe, até mesmo chorando você é adorável — esfrego os olhos, fungando. — Me desculpe se tenho te deixado preocupado nos últimos dias. Levará tempo para que a dor do luto se apazigue.
— Só quero que se sinta melhor...
— E me sentirei alguma hora. É um processo. Não quero que meu estado de espírito te afete, Keith, porque você é meu raio de sol e não sei o que farei se se apagar. A última coisa que desejo é que se entristeça por minha causa. Obrigado por estar do meu lado.
— Na alegria e na tristeza, né?
Ele dá uma risadinha.
— É. Na alegria e na tristeza — sorri. — Venha, tome um chá comigo, então iremos para a cama.
Leigh me puxa pela mão de volta para o sofá, me acomodando em seu colo. Beijo o topo de sua cabeça várias vezes. Aquele alce paspalho do Irmão Urso estava certo; o amor é mesmo a dor da alma.
Mais um para fechar o dia hehe
Muito obrigada pelas felicitações, pessoal, amo vocês ❤️