[ 08 de setembro, quarta-feira ]
— Eu preciso cortar as suas unhas — Castiel esbraveja pausadamente enquanto Hayley se contorce e choraminga. — Você já arranhou a bochecha e a testa do seu irmão, cacete. O que você quer? Dilacerar carne com as unhas? Não queira lutar comigo, coisinha. Você é do tamanho de um frango, eu posso te amarrar.
— Ameaçar uma garotinha de três meses te faz se sentir melhor? — pergunto, calçando as meias no Kurt e na Emily. Às vezes é preciso vesti-los em etapas, alternadamente.
— Não quero papo contigo.
— Qual é, vai mesmo ficar zangado comigo por causa de um sonho que você teve?
— Muito real, Greene, muito real! — bufa. — Hayley, puta que pariu, só faltam três dedos. Colabora comigo.
— E que culpa eu tenho? — pego a escova para penteá-los. Felizmente, os cabelos cresceram o suficiente para não ficarem espetados para cima.
— Você fugiu com o Nathaniel e me deixou pra cuidar de três filhos sozinho. Tive que abandonar uma carreira promissora para ser pai em tempo integral.
— Tipo o que eu fiz com a faculdade? — arqueio as sobrancelhas.
— Foi uma escolha sua, Greene. E eu não fugi com outro homem na calada da noite! Quer dizer, outra mulher.
— Deixa de besteira, Castiel — estalo a língua. — Por que, cargas d'água, eu fugiria com o Nathaniel?
— Não sei, me diz você — rebate. — Se vai me trocar por outro cara eu espero, no mínimo, que ele seja melhor que eu. Tenha um pouco de classe, pelo amor de Deus. É porque ele é rico, loirinho dos olhos claros e gosta de O Senhor dos Anéis? Porque eu maratonei os filmes milhares de vezes por sua causa, até fiz todo um negócio temático pra te convidar pro baile. Eu te pedi em casamento usando aquela fantasia idiota! Nós fizemos amor apaixonadamente ao som da trilha sonora do segundo filme, se não se lembra. Sem contar o anel de Sauron que te dei. Aposto que nem sabe onde ele está.
— Está guardado dentro do meu exemplar de A Sociedade do Anel, na caixa de livros, na garagem do Leigh — abro um sorriso vitorioso.
— Humpf — ele pega a pequena lixa com estampa de corações para lixar as unhas da Hayley, que continua com chororô. Nenhum deles gosta de cortar as unhas ou de limpar o nariz; pode ser bem estressante. — Eu tento ser um marido atencioso... Sabe quanto custou esse anel de diamante?
— Não, você nunca me contou.
— E nem vou contar, pois sou um cavalheiro.
— Conta, vai. Assim eu saberei quanto dinheiro posso conseguir vendendo ele, depois de fugir com o Nate.
— Não tem a menor graça! Você me olhou nos olhos e disse que preferia aquele frangote. Eu ficaria menos puto se me trocasse pelo Lysandre, Greene, porque ao menos ele não tentou nos separar.
— Não vou te trocar por ninguém, imbecil — resmungo. — Muito menos abandonar meus filhos. Se nos separarmos um dia, será porque eu te matei para ficar com a fortuna. Mas não se preocupe, vai levar uns anos pra isso acontecer.
— Ótimo. Faça parecer que foi um acidente.
— Deixa comigo. Já tenho até alguns venenos em mente.
— Por que estão falando sobre venenos? — Lys pergunta, parando na porta do quarto.
— É que eu planejo matar o Castiel quando ele ficar muito rico.
