[ 22 de março, domingo ]
Hoje é o dia do tão esperado chá de bebê, todo organizado pela Ariana e pelo Leigh. Deixei que tomassem conta de tudo por dois motivos; primeiro: eles pediram, segundo: não sou boa e não gosto muito de organizar eventos, principalmente os em que serei o centro das atenções. Mudarei esse traço de personalidade quando tiver que fazer festas de aniversário pros meus filhos. A menos que minha irmã se ofereça para fazer isso também, é claro. Leigh e Ana me disseram que eu não precisava me preocupar com nada, então não tenho nem ideia como serão as coisas.
Graças a Deus está calor, porque as únicas coisas que cabem em mim agora são alguns vestidos, camisetas e shorts legging. Devia ter esperado para renovar o guarda-roupas. Só espero voltar para as mesmas medidas depois do parto, ou todo o dinheiro que gastei terá sido desperdiçado. Olhando para o espelho, não acho que ganhei muito peso, apesar de tudo. Tenho tentado não ingerir alimentos calóricos demais com muita frequência por recomendação médica, e os exercícios ajudam.
— Como estou? — pergunto para o Castiel, que está fumando na sacada usando as roupas de sempre. Ele não precisa se esforçar porque fica lindo de qualquer jeito, porque todas as suas roupas ainda servem.
— Dê uma voltinha.
Obedeço, fazendo o vestido verde militar de estampa xadrez e botões pretos rodar. É um milagre que eu ainda consiga abotoá-lo.
— Parece uma jovem mãe elegante.
— Isso é um elogio? — arqueio as sobrancelhas.
— É claro. Eu só tenho elogios pra você.
— Oh, então, vai fingir que não me chamou de implicante ontem?
— Falei isso com todo o amor que sinto.
Rio e me aproximo para lhe dar um beijo. O gosto de nicotina ou seja lá o que for é forte, mas seus lábios são macios como sempre. Castiel me abraça pela cintura, apoiando as mãos logo acima da minha bunda, enquanto acaricio sua nuca.
— Temos mesmo que ir ao chá? Poderíamos fazer alguma coisa juntos, só nós dois.
— Seria ótimo, mas nossos amigos estão esperando. Foi gentileza da Ana e do Leigh terem organizado tudo, não podemos fugir.
— Tem razão. Espero que a galera dê uns presentes maneiros.
— Considerando que são três bebês, qualquer coisa será muito bem-vinda. Agora, é melhor a gente ir, já estamos atrasados.
Nós vamos com o Fusca; Castiel no volante. Ainda consigo dirigir normalmente, mas Castiel sempre se oferece para fazer isso, então eu deixo. É fofo, considerando que ele não gosta de dirigir.
Tem uma quantidade grande de carros na rua do Leigh, o que é estranho. Quão cheia essa festa está? Nem conhecemos tanta gente assim! Castiel franze o cenho, mas não diz nada. Conseguimos estacionar virando a rua. É Keith quem atende quando toco a campainha, com uma taça na mão e a boca um pouco roxa.
— Finalmente! Não é nada elegante chegar atrasado na própria festa, sabiam? Pensamos que teríamos um chá de bebê sem os bebês.
— Está bêbado? — Castiel arqueia as sobrancelhas. — São três e meia da tarde.
— É claro que não estou bêbado — ele abana a mão. — Só levemente alterado. Entrem logo, está todo mundo no jardim.
— Todo mundo quem, exatamente? — pergunto. — Por que tem tantos carros?