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  [ 25 de dezembro, domingo ]





  Acordo pela manhã com batidas na porta. Abro os olhos devagar; a cama ao lado está vazia. Não sei se Leigh saiu cedo ou se passou a noite fora, mas tenho que agradecê-lo de qualquer forma por ter me deixado sozinha. Mais batidas. Me levanto, meio grogue, e vou atender. É um homem com um carrinho de servir comida.

  — Bom dia, senhorita — ele sorri. — Serviço de quarto.

  — Não pedi nada.

  — Sim, foi o rapaz do 473 que mandou. Bom apetite.

  O homem se retira antes que eu possa mandá-lo jogar o carrinho na cara do Castiel. Ele está muito enganado se pensa que vai conseguir meu perdão em troca de café da manhã grátis — mas decido comer mesmo assim. Puxo o carrinho para dentro, até perto da cama, onde me sento. Destampo a bandeja, encontrando um prato de panquecas com as palavras " Eu Te Amo " escritas com chocolate e uma caneca de café. Pff, patético. Estamos em Las Vegas, é natal e ele me manda panquecas e café?

  É claro que vomito tudo poucos minutos depois de acabar de comer. Aposto que o bebê também está com raiva. Amendoim ou não, é bom me sentir apoiada. Ouço mais batidas na porta enquanto saio do banheiro. Que droga, quem é agora? Ninguém mais respeita a vontade de ficar sozinha de uma garota que acabou de saber que o noivo foi beijado por outra mulher? Caraca! Quando abro a porta, desejo que não tivesse aberto.

  — Que merda está fazendo aqui? Como descobriu o número do meu quarto?

  — Quero falar com você — Megan responde sem nenhum pingo da marra de ontem, embora o rosto ainda esteja um pouco vermelho pelo tapa de ontem. — Pode me ouvir por um minuto?

  — Não sei se é uma boa ideia.

  — Por favor, Ariane, é importante. Prometo que não tomarei muito do seu tempo.

  Passo a mão no cabelo e abro mais a porta. Megan entra. Peço que ela se sente à pequena mesa e me sento na cama.

  — Olha, eu sei que sou a última pessoa que você quer ver agora, mas quero pedir desculpas. Eu agi como a pior das idiotas, estou envergonhada — suspira. — Castiel me procurou ontem, nós conversamos. Ele me disse que você é a mulher da vida dele, que é maravilhosa e que o relacionamento de vocês é ótimo, apesar de tudo. Também me disse que o Nathaniel conhece vocês há menos de um ano e não é um grande amigo querido de nenhum dos dois. Me senti uma grande tola.

  — O Nate te disse mesmo tudo aquilo?

  — Disse — ela assente. — Sinto muito, Ariane. Quer dizer, como eu poderia saber que era mentira? Vocês estavam mesmo brigando pra caramba quando Castiel e eu nos conhecemos.

  Esfrego o rosto com as mãos e uno ambas sob o queixo, como se fosse rezar.

  — Tá, mas decidiu continuar com isso mesmo depois de descobrir que estou grávida? Não se sentiu nem um pouco mal ao se meter entre um casal que vai ter um filho?

  — Nathaniel me fez acreditar que seria melhor assim. Não é bom para uma criança crescer num ambiente familiar conturbado.

  Me levanto, sentindo vontade de chorar.

  — O Nathaniel não sabe porra nenhuma sobre a nossa vida! — esbravejo. — Que porcaria de direito vocês acham que têm? Quem pensam que são, alguma espécie de justiceiros? Porra, eu fui tão burra! Pensei que o Nate fosse um cara legal.

  — Sinceramente, acho que ele fez tudo isso porque gosta de você.

  — Gosta de mim?! — solto um riso incrédulo. — Puxa, imagino se não gostasse.

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