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[ 05 de setembro, sábado ]







  — Então?

  — Trinta e sete e meio — suspiro, deixando o termômetro na mesa de cabeceira. — Isso não é bom, e se a febre aumentar?

  — Deve ter algum medicamento que possamos dar.

  — Sem consultar o pediatra? Não sei, pode ser perigoso.

  Kurt estava mais manhoso que o normal desde o início da noite, então desconfiei que havia algo errado. Nós o colocamos na cama conosco e até consegui fazê-lo dormir, mas ainda estou preocupada.

  — Deveríamos levá-lo ao pronto socorro — sugiro. — Pelo menos saberemos qual remédio dar.

  — E as meninas?

  — As levaremos também.

  — Não seria melhor pedir pro Leigh ficar com elas?

  — São três da madrugada, ele trabalha amanhã. Não quero incomodá-lo.

  — Podemos levar Kurt ao médico amanhã de manhã.

  — E se a febre aumentar? É melhor levá-lo agora.

  — Já sei, liga pra sua mãe, ela deve saber o que fazer.

  — Ótima ideia! Farei isso.

  Kurt resmunga, esfrega o rostinho com as mãos e começa a chorar. Castiel se senta com as costas na parede e coloca o neném em seu peito, segurando seu corpinho carinhosamente.

  — Shh, shh, está tudo bem — ele diz baixinho. — Calma, meu amor, o papai está aqui. Calminha.

  Por mais que Castiel tente acalmá-lo com carícias, sussurros e beijos, Kurt continua a chorar. Vou pro corredor para poder falar com a minha mãe, que atende só na terceira chamada. Temos uma conversa breve e ela até fica emocionada por eu telefonar para pedir ajuda com meus filhos. A agradeço várias e verias vezes. Quando volto pro quarto, Castiel está de pé, ninando o bebê.

  — Minha mãe disse para darmos um banho morno e colocar uma toalhinha úmida na testa dele. Se a febre não abaixar, teremos que levá-lo ao médico.

  — Tudo bem. Deixa que eu faço isso.

  Me sento na poltrona, angustiada, enquanto Castiel leva o Kurt pro banheiro. Confiro a temperatura das meninas, mas felizmente está normal. Hayley acorda enquanto arrumo a mantinha sobre elas, então a pego antes que comece a chorar e a levo comigo para tomar um copo d'água. Me escoro na pia enquanto a amamento e me hidrato. Quanta falta faz um vinho nessas horas — um pouco de álcool me ajudaria a ficar mais tranquila.

  — Noite agitada?

  — Nem me fale. Kurt está com febre e... — paro de falar quando me viro na direção da voz, surpresa. Esperava que fosse o Leigh, mas...

  — Oi, Ari — Lysandre sorri de orelha a orelha.

  Seu cabelo está maior que da última vez que o vi pessoalmente, há nove meses atrás, e o tonalizante cinza já era — ele está tão moreno quanto o irmão. O piercing no lábio foi substituído por um na sobrancelha. Ele parece mais musculoso e um pouco mais alto, mas as covinhas, o sorriso e os olhos gentis são os mesmos.

  — Lys! Meu Deus!

  Tiro Hayley do peito e corro para abraçá-lo. Nos apertamos o máximo possível sem machucar a neném.

  — Que saudade! O que faz aqui?

  — Minhas aulas foram canceladas por uma semana, então decidi fazer uma visita surpresa. Também aproveitarei a oportunidade para visitar minha mãe.

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