[ 07 de abril, terça-feira ]
— Castiel — chacoalho seu corpo suavemente. — Ei, acorda!
— Hmm? — resmunga. Continuo chacoalhando até ele olhar pra mim. — O que foi? O que aconteceu?
— Eu mudei de ideia — informo. — Não quero mais Dante, quero Kurt. Kurt Thomas. É uma boa combinação, não acha?
— Do que está falando? — ele se senta e esfrega o rosto com as mãos. — Que horas são?
— Sei lá, umas duas e pouco da manhã. A questão não é essa — abano a mão. — Nosso filho não vai mais se chamar Dante, eu pensei melhor.
— Você me acordou às duas da manhã para falar sobre a porcaria do nome do bebê? — rosna. — Está de brincadeira comigo? Tenho que levantar em algumas horas para ir trabalhar, sabia?
— Se eu não puder falar com você sobre os bebês, com quem vou falar?
— Às duas da manhã? Se não tiver acontecido nada alarmante, espero que não fale com ninguém.
Comprimo os lábios sob seu tom ríspido, magoada. Não era minha intenção irritá-lo; eu não consigo pegar no sono. Não consigo dormir direito há dias, na verdade, e as madrugadas são um tanto longas e solitárias. Achei que ele fosse gostar de saber que nosso filho terá dois dos nomes que ele escolheu.
— Desculpe — digo, me ajeitando sobre os travesseiros e mirando o teto, porque só consigo dormir de barriga para cima agora.
Castiel solta o ar pela boca, cansado.
— Foi mal, Greene, eu tive um dia longo ontem e...
— Tudo bem — balanço a cabeça. — Tem razão, está tarde. Eu podia ter esperado até de manhã.
— Não quis ser grosseiro. Não fique chateada.
— Não estou — faço o possível para manter o tom de voz neutro. — Volte a dormir, ok? Vou assistir alguma coisa no celular.
— Não vai dormir?
— Estou sentindo alguns desconfortos, as noites têm sido um pouco difíceis.
— Quer que eu te faça companhia?
Balanço a cabeça negativamente.
— Não, tudo bem. Não se preocupe.
Castiel suspira. Sinto que ele quer dizer alguma coisa, mas não encontra as palavras certas. Mantenho o olhar no teto, ainda que esteja escuro demais para ver alguma coisa, enquanto ele se deita e apóia uma mão na minha barriga carinhosamente. Lágrimas silenciosas começam a escorrer pelo meu rosto. Odeio esses malditos hormônios estúpidos. Passei a vida toda lidando com o humor do Castiel, por que isso me faz chorar agora? Deixo de ficar magoada com ele para sentir raiva de mim mesma.
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Acordo antes do Castiel. Já é dia, então não tento voltar a dormir, apenas me arrasto até o banheiro, sentindo o corpo pesado. Devo ter dormido umas três horas. A pior parte é que nem posso tomar café de verdade, só descafeinado. Tento compensar isso com uma dose a mais de açúcar, na esperança de que me dê energia.
Castiel sai do quarto quando estou pondo um prato de waffles na mesa. Aceito o beijo na testa que ele me dá depois de ir ao banheiro.
— A garrafa grande tem café normal — informo. — Quer bacon?
— Pode deixar que eu faço, senta aí. Você dormiu?
— Bem pouco — suspiro, me sentando na cadeira da ponta. — Hoje vou ao Hummingbird pra falar sobre a licença maternidade. Não tenho energia para continuar servindo mesas e indo às aulas, preciso parar com um por um tempo.
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