[ 04 de abril, sábado ]
— Você o que?!
— Eu falei pra minha mãe que você tomaria conta do Andy por algumas horas hoje — Ariane repete casualmente, batendo ovos para um omelete. — Minha irmã tem que trabalhar, então não pode.
— Greene, eu não quero passar meu sábado de folga cuidando de um bebê.
— Devo te lembrar que em poucos meses isso não será uma escolha.
— Ficar de babá do filho de outra pessoa e ficar de babá dos meus filhos são coisas diferentes — tento argumentar.
— Não se fica de babá dos próprios filhos, Castiel — ela aponta o garfo em minha direção. — O nome disso é fazer o seu papel como o cara que gozou dentro e fecundou um óvulo que se dividiu em três.
Não tenho como discutir essa questão.
— E o que você vai fazer?
— Coisas da faculdade. E caso não tenha notado, estou grávida demais para cuidar de um neném de dois meses. Não posso nem rir sem fazer xixi.
— Não pensou em me consultar sobre o assunto?
— Por qual propósito? Você sempre diz sim para mim — dá de ombros.
— Mesmo assim — bufo. — É óbvio que tenho que parar de te mimar tanto.
— Tarde demais — ela sorri docemente e se vira para enlaçar os braços em meu pescoço carinhosamente. — Será só por algumas horas, amor. Vai ser bom para praticar. Você mandou muito bem na hora de fazer os nenéns, agora tem que mandar bem na hora de cuidar deles.
Mantenho a cara descontente para deixar claro que ainda não estou a fim de bancar a babá, mas fico menos emburrado por causa de seu sorriso.
— Pode me fazer companhia, pelo menos?
— Claro. Te darei apoio emocional, ok? Vou levar o notebook e fazer o que preciso enquanto te dou uma força, mas vai ter que se esforçar de verdade — cutuca meu peito. — Nada de me chamar o tempo todo.
— Tá, mas vai ficar me devendo uma.
— Se está pensando em sexo, pode esquecer. Já tem coelho demais nesse mato.
— Você é uma pervertida, garotinha — respondo dramaticamente. — Estava pensando naquele seu bolo de cenoura que eu adoro, com calda de açúcar.
— Engraçado, porque na primeira vez que fiz você disse que a calda parecia esperma.
— E parece.
Ariane solta o ar pela boca e revira os olhos, voltando para o seu omelete.
— Vou pensar no seu caso, Chase.
•
A senhora Greene me enche de recomendações enquanto passa um Andrew de olhos arregalados para os meus braços, e meu adorado sogro olha como se estivessem cometendo o maior erro de suas vidas, permitindo que eu cuide do neném. Não consigo captar tudo o que me é dito e nem sei aonde estão indo, mas devem estar atrasados porque quase correm porta a fora.
— Oi, Andy — Ariane sorri e tira o mini humano do meu colo. — Quem é o bebê mais lindo do mundo? É você!
— Mas só por enquanto — emendo.
Ela me lança um olhar feio, mas o Andrew abre um sorriso banguela. Ele é fofo, admito. Os Greene são bons na arte de fazer filhos bonitos; a mulher com quem casei é um bom exemplo disso. Observo enquanto ela interage com o irmão, toda à vontade com o bebê nos braços. Tiro uma foto discreta com o celular.