[ 31 de outubro, segunda-feira ]
— Eu queria tanto te levar comigo — Castiel diz contra a minha boca.
— E eu queria poder ir — faço um beicinho, enrolando ainda mais os braços ao redor do pescoço dele. — Mas tenho o trabalho e as aulas.
— Maldita vida adulta e suas responsabilidades.
Rio e inicio um novo beijo. Já estamos nessa há um tempinho, embora ainda esteja escuro e um tanto gelado aqui fora. De repente, um par de braços me agarra pela cintura e me puxa para longe, tirando meus pés do chão.
— Tá legal, já chega — Keith diz, me colocando a uma distância segura do Castiel. — Vocês já estão se agarrando há dez minutos e nós temos que ir. Será que não mereço uma despedida também? Ninguém aqui vai sentir falta do Keith?
— O que foi? Está nervoso porque seu namoradinho não acordou de madrugada para de dar tchau? — Castiel provoca.
— Para a sua informação, senhor engraçadinho, meu namorado me forneceu uma despedida bem interessante ontem à noite e ainda preparou um lanchinho pra viagem, porque comida de avião é horrível.
— Parabéns, Keith, fico feliz que tenha arranjado uma figura paterna.
— Hilário — ele faz uma careta e se vira para me dar um abraço. — Até logo, Arianinha, fique bem. Fica de olho no Leigh na festa, por favor.
— Acha que o Leigh te trairia? — rio.
— Não, mas ele é gostosinho e outros caras ou garotas podem querer latir naquele quintal.
— Acredite, Keith, ele não jogaria um osso para nenhum cachorro que não seja você — afirmo.
— Que conversa estranha — Castiel diz com uma careta. — Me espera na van, só vou terminar de me despedir.
Assim que o Keith se retira, Castiel se aproxima para me beijar de novo.
— Mande mensagem quando chegar ao aeroporto e quando entrar no avião e quando chegar em El Paso, por favor. E me mantenha atualizada sobre seu dia. Coma direito e beba água também.
— Sim, meu amor — ele concorda com um risinho. — Se divirta na festa, tá legal? Me avise quando estiver saindo e quando chegar.
Assinto e o puxo para outro beijo, até o Jake sair da van e puxar o Castiel para longe pela camiseta enquanto ele me manda beijos. Fico na calçada até o veículo sumir no horizonte. Deve ser por volta de cinco e meia agora; o mundo está começando a acordar, mas ainda está bem silencioso. Dou de cara com Nathaniel assim que chego ao topo da escada e levo um susto.
— Que droga, Nate, você mora no saguão? — reclamo com uma mão no peito.
— Sou como um fantasma, princesa — ele pisca um olho. — Na verdade, vi uma movimentação pela janela e vim ver o que está acontecendo. O que faz aqui embaixo?
— Estava me despedindo do Castiel.
— Às cinco da manhã? Para onde ele vai?
— Ele vai passar uns dias em El Paso para a gravação do novo videoclipe da Crowstorm — explico, adentrando o prédio para fugir do ar gelado. Nathaniel me segue. — Eu queria ter ido. Meu livro favorito se passa lá, queria ver como é o deserto.
— Aristóteles e Dante?
— Como sabe? — arregalo os olhos levemente em surpresa.
— Eu li. É bonitinho, apesar do tal do Bernardo ser um idiota.