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[ 14 de abril, terça-feira ]




  Castiel não pôde me acompanhar no ultrassom de novo, então combinamos de nos encontrar para tomar café da tarde juntos. Ele sugeriu uma confeitaria próxima a gravadora para ser mais fácil. É um lugar fofo e cor de rosa, como uma casa de boneca — o último lugar onde você esperaria encontrar Castiel Chase.

  Ele está sentado numa mesa para dois quando entro, com uma garota ocupando a outra cadeira. Pela roupa, suponho que trabalhe aqui. Ela parece empolgada e feliz, gesticulando um bocado enquanto fala. Me aproximo devagar e coloco uma mão no ombro do meu marido, que vira a cabeça com espanto.

  — Amor, que bom que chegou — ele se levanta e me dá um beijinho. — Essa é a...

  — Isabela — a garota completa, se levantando também. — Perdão, é que gosto muito da Crowstorm e o Castiel é o meu favorito. Sou nova aqui e não acreditei quando ele entrou.

  — Tudo bem, ele é meu favorito também — sorrio.

  — Claro — ela dá uma risadinha. — Me chamem quando estiverem prontos para pedir, estarei a disposição. Com licença.

  Nós nos sentamos enquanto ela se afasta. Castiel segura minhas mãos sobre a mesa.

  — Como foi no ultrassom? Tudo bem? Todo mundo saudável e funcionando como deveria?

  — Sim — rio. — E o bebê misterioso deixou de ser um mistério.

  — Mesmo? — ele não contém a animação. — E o que é? Outro menino?

  — Hum... — faço suspense.

  — Qual é, não provoca! Estou maluco pra saber, me conta.

  — Tá, tudo bem. Rufem os tambores — peço, e ele batuca na mesa com os dedos. — É uma menina!

  — Duas meninas?! Estou ferrado — Castiel dramatiza. — Como vou dar conta de você e mais duas garotas?

  — Não sou tão ruim — abro um sorrisinho. — O Kurt vai te ajudar, não se preocupe. Então, feliz?

  — Claro que sim — sorri. — Você está?

  — É claro, mas... Serei uma pessoa ruim se disser que estava esperando que fosse um menino?

  — De jeito nenhum. É normal ter preferência, acho. E aí, qual será o nome?

  — Que tal Amy?

  — Amy? Vai mesmo me deixar escolher os três nomes? — ele arqueia as sobrancelhas levemente, surpreso.

  — São nomes bonitos — dou de ombros. — Pensei em Amy Lee Chase.

  — Amy Lee, como a vocalista do Evanescence? Interessante... Eu tinha pensado na Amy Winehouse quando sugeri o nome.

  — Eu não sabia que esse era o nome da vocalista do Evanescence.

  — Lee é mais um sobrenome do que nome do meio. Por que não juntamos tudo e a chamamos de Emily?

  — Emily? — me recosto na cadeira, pensando. — Emily Chase... Eu gostei. Hayley, Kurt e Emily. São ótimos nomes.

  — Claro que são — ele abre um sorriso exibido. — Não sou só bom em fazer crianças, sou bom em nomeá-las também.

  — Não quer carregar e parir também? Aí o crédito será todinho seu.

  — Não, valeu, isso eu deixo pra você — dá uma piscadinha. — Quer fazer o pedido? Tenho que voltar pra gravadora em vinte minutos.

  — Tá, pode ser — pego um dos cardápios e começo a folhear. — Como descobriu esse lugar? Não é nem um pouco a sua cara.

  — Ah... Foi por acaso.

  Franzo o cenho, desconfiada. Ele acha mesmo que não consigo perceber quando está escondendo algo?

  — Não tente me enganar — aviso. — Meu olfato para mentiras melhorou muito desde que engravidei.

  — Por que importa como descobri esse lugar? Pessoas descobrem lugares o tempo inteiro por acaso, pergunte pro Cristóvão Colombo.

  — Cristóvão Colombo não encontrou a América por acaso — rebato. — Desembucha.

  — Certo, mas é você que quer saber, então não pode ficar brava comigo — Castiel larga o cardápio e respira fundo. — Vim aqui com a Megan.

  — O que?! Me chamou para comer no mesmo lugar em que vinha com aquela... sem vergonha?

  — Shh — ele olha ao redor. — Eu não vinha com ela, foi só uma vez. Não fale como se eu tivesse uma amante. Levei um doce pra você, não lembra?

  — Lembro, sim. Lembro que nunca podia sair do trabalho por mim, mas não hesitou em sair por ela.

  — Desculpa, ok? Juro que só sugeri esse lugar por ser perto da gravadora, nada mais.

  — Sei.

  Volto para o cardápio, Castiel se mantém em silêncio. Gesticulo quando estou pronta para pedir e Isabela vem até nós. Peço um pedaço de bolo de chocolate e um capuccino descafeinado com caramelo, Castiel pede a mesma coisa. Os bolos são entregues rapidamente. Dou uma garfada.

  — Droga, é bom — resmungo. — Eu esperava poder falar mal desse lugar.

  — O estabelecimento não tem culpa do seu ciúme.

  — Falou o senhor Maduro.

  — Alguém tem que ser.

  — Filho da...

  — Olha a boca, garotinha, temos bebês no recinto — ele repreende com um sorrisinho.

  Mostro o dedo do meio. Os bebês podem até nos ouvir, mas não podem ver os gestos. Castiel ri.

  — Então, vamos mesmo para a casa dos Frey no fim de semana?

  — Vamos. Já falei com o Nate e a irmã dele já está com tudo pronto para se mudar.

  — Nate? — arqueia as sobrancelhas.

  — Ciúme? — sorrio.

  — Não. Sou o senhor Maduro, esqueceu?

  Isabela volta com nossos capuccinos e nos deseja um bom apetite antes de se afastar.

  — Já ligou pra companhia de mudanças, né? — me certifico. — Vamos precisar de um caminhão.

  — Vou ligar mais tarde.

  — Não esquece, por favor. Também precisamos de caixas de papelão, vou passar no mercado e ver se tem alguma disponível.

  — Somos uma boa equipe.

  — É, acho que sim — sorrio. — Não esqueça de telefonar para a companhia.
 
  — Sim, minha rainha.

  Como o resto do bolo e tomo o capuccino tentando não lembrar de quando a Megan fazia parte de nossas vidas. Castiel tenta me convencer a acompanhá-lo até a gravadora e ficar por umas duas horas, mas recuso. Se vamos nos mudar no fim de semana, precisamos arranjar caixas o mais rápido possível. Então, ele me leva até o carro.

  — Dirija com cuidado — pede, segurando minhas mãos. — Se alguma coisa acontecer com vocês, eu morro. E compra um chocolate com castanhas pra mim no mercado, por favor.

  — Pode deixar — rio. Seguro seu rosto e o puxo para um beijo. — Até mais tarde, bonitão.

  Castiel permanece na calçada enquanto entro no carro e dou partida.

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