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[ 03 de novembro, quinta-feira ]





Ariane atende no primeiro toque.

— Oi, meu bem — cumprimenta, bocejando logo em seguida. Sua voz está rouca e ela parece exausta.

— Oi, amor. O que faz acordada a essa hora? São quatro da manhã.

— Virei a noite estudando, tenho uma prova importante hoje — ela vira a câmera por um segundo para me mostrar um caderno, um livro e uma caneca. — Acho que acabei com todo nosso estoque de café. E quanto a você?

— Greene, como vai se concentrar na prova depois de passar a noite em claro? Francamente, garotinha — estalo a língua e balanço a cabeça. —, será que não posso tirar os olhos de você nem por um segundo? Fico quatro dias fora e você sai dos trilhos.

Ariane abre um sorriso quase forçado — provavelmente cansado.

— Você também está acordado. O que está fazendo? E com quem?

— Estou com a turma, no deserto. Estamos gravando cenas para o clipe desde às três. Está um frio da porra — encolho os ombros dentro da jaqueta enorme que estou usando no momento. — Te liguei porque o céu está absurdamente bonito e achei que você gostaria de ver.

— Claro! É o mesmo céu que Ari e Dante viram nos anos oitenta — ela ajeita a postura no sofá, parecendo um pouco mais desperta. — Eles fizeram amor no deserto, sabia? Na parte de trás da caminhonete do Ari, sob as estrelas. Tão fofo! Anda, me mostra o céu.

Viro a câmera e aponto o celular para o céu. Não há poluição luminosa aqui, além da que estamos produzindo para a gravação, então as estrelas estão completamente visíveis. É de tirar o fôlego completamente e, enquanto dou uma volta de 360° para mostrar tudo para a Ariane, nos imagino aqui, sozinhos, observando as estrelas com um telescópio, fazendo um piquenique e nos amando. Puta merda, isso seria fantástico.

— É a coisa mais linda que já vi na vida e tenho certeza de que pessoalmente é melhor ainda! Como eu queria estar aí com minha câmera!

— Também queria que você estivesse aqui, Greene — digo baixinho, voltando a câmera para mim. — Estou louco para chegar em casa essa noite. Estou com saudades.

— Eu também. Vou tentar te esperar acordada.

— Tirando fotos da paisagem?

Me viro, assustado, e vejo Megan correndo até mim. Ela está usando uma jaqueta igual a minha — elas foram distribuídas para nós porque nenhum de nós estava preparado para o frio cortante da madrugada no deserto. Mas que merda. Merda, merda, merda. Ela para perto de mim e seu rosto aparece na câmera. O sorriso da Ariane congela.

— Ah, oi! — Megan cumprimenta simpaticamente. — Você deve ser a noiva. Ariane, certo? Eu sou a Megan. Megan Fisher. Castiel fala muito sobre você.

— É mesmo? Ele não me disse nada sobre você — Ariane responde com um sorriso tenso. — Castiel é tão esquecido... É um prazer, Megan. De onde vocês se conhecem mesmo?

— Ah, eu fui contratada para participar do clipe. É uma música sobre término, sabe, e eu sou a ex-namorada sofredora.

— Ex-namorada de quem?

— De todos eles, acho. Não tenho uma cena específica com nenhum dos rapazes. Bem, eu só vim avisar que a pausa acabou. É sua vez de gravar, Castiel.

Megan acena para Ariane antes de voltar para onde o resto da equipe está. Abro a boca sem saber saber exatamente o que dizer, mas não preciso falar nada porque ela encerra a chamada abruptamente. Ótimo. Perfeito. O clima vai estar bom pra caralho quando eu chegar em casa.

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