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[ 10 de janeiro, terça-feira ]






  Endireito o garfo e dou um passo para trás; está perfeito. As velas estão acesas, as flores, perfeitamente arrumadas no jarro, e o assado cheira deliciosamente bem. Só espero que o sabor seja tão bom quanto o aroma, visto que é a primeira vez que faço essa receita. O champanhe também está bem colocado no balde com gelo.

  Keith chegará a qualquer momento e estou ansioso. Tomei um banho, vesti uma roupa bacana e me perfumei. Estou maluco de saudades, principalmente depois que meu irmão voltou para Stanford. A verdade é que é muito desagradável ficar sozinho nesse casarão, e Keith preenche o espaço com sua alegria contagiante, a cantoria e os sorrisos doces. Ele é tão vibrante quanto os raios de sol que penetram pelas janelas abertas e eu amo isso. Sempre me identifiquei com a lua, reservada e modesta e, agora, com ele, acho que formamos um belo eclipse.

  Ouço a porta abrir e fechar, e ajeito o cabelo com os dedos rapidamente. Dou play na lista de músicas suaves e aguardo. Keith me encontra mais rápido do que imaginei, e salta em meus braços antes que eu diga qualquer coisa; sempre intenso e direto ao ponto. Ele cheira um pouco a café de aeroporto e canela.

  — Senti tanta saudade — ele diz entre beijos. — Estava louco para te ver. Pensei em você durante todo o vôo e depois, durante todo o trajeto até aqui.

  — Também senti muita saudade — afirmo, segurando-o pela cintura. — Preparei um jantar romântico de boas-vindas.

  — Você é a coisa mais fofa desse mundo, e nunca achei que fosse possível homens serem fofos.

  — Nunca se olhou no espelho? — sorrio.

  — Oh, não. Corro o risco de me apaixonar perdidamente por mim mesmo e morrer, como Narciso.

  — Estranho. Me apaixonei perdidamente por você e me sinto mais vivo que nunca.

  Keith abre um de seus sorrisos lindos e me beija, com bem menos afobação dessa vez. Um princípio de barba pinica meu rosto, mas seus lábios são tão macios como sempre. Ele não só cheira a café e canela, como também tem gosto de ambos.

  — Trouxe alguns presentes para você.

  — Não precisava se incomodar...

  — Não foi incômodo nenhum. Trouxe uma coisa de casal para usarmos juntos porque sei que curte essas breguices.

  — Romantismo não é brega, Keith.

  — Romantismo é a coisa mais brega do mundo, Leigh — sorri. — Mas adoro, desde que seja contigo. De qualquer forma, não vou te dar nada agora. Vou subir, tomar um banho e botar uma roupa maneira para fazer jus ao seu jantar romântico. Se prepare; ficarei tão lindo, que vai querer me comer de sobremesa.

  Coro um pouco enquanto ele desaparece da sala de jantar. Keith é tipo um marshmallow, só que com molho de pimenta. Doce e adorável, porém selvagem e picante. Uma boa combinação, eu diria.

  O assado fica pronto antes que Keith volte, então o coloco sobre a mesa e me sento para esperar. Sinto o cheiro do perfume antes de vê-lo. Ele está usando a mesma roupa que vestiu no nosso primeiro encontro, que adoro e gostaria que usasse mais vezes. O cabelo úmido está penteado para trás e forma suaves ondas douradas. Keith Hartwell me deixa sem fôlego com seus olhos esmeralda e sardas encantadoras.

  — Não precisa falar nada, sua cara já diz tudo — ele se gaba. — Sei que gosta dessa roupa e quando penteio o cabelo para trás.

  — Adoro seu rosto e acho que deveria mostrá-lo mais, embora também adore seu cabelo — constato, me levantando para puxar a cadeira para ele. — Acho que dizer isso só inflará ainda mais seu ego já inflado, mas você está esplendoroso. Talvez eu realmente te coma na sobremesa.

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