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[ 29 de novembro, segunda-feira ]





Diferente de ontem, hoje sou eu que encontro café da manhã pronto quando me levanto, o que me deixa bastante surpresa. Quer dizer, Castiel costuma fazer muito mais gestos românticos do que eu, mas, dada a nossa fase complicada, não tem acontecido com a mesma frequência de antes. Não estou reclamando, é claro; tem até um bilhetinho com um coração desengonçado. A letra dele é toda desleixada e bonitinha.

Na bandeja tem panquecas com calda de chocolate, café, suco de laranja e uma torrada francesa levemente queimada. Ainda tem fumaça subindo, então ele deve ter preparado tudo há pouco tempo. O cheiro faz meu estômago roncar alto - de fato, o vazio em meu estômago é tanto que chega a doer um pouco, como se eu não comece há vinte e quatro horas. Talvez meu apetite esteja começando a aumentar ou sei lá. Seja o que for, não perco mais tempo e ataco as panquecas.

Dou uma garfada tão grande que mal consigo mastigar, e um pouco da calda suja as laterais da minha boca. Está muito bom; fico feliz pelo Castiel se virar suficientemente bem na cozinha. De repente, a porta se abre e me levanto em um sobressalto para ver quem entrou. É o Castiel, como esperado, com um buquê de três rosas amarelas na mão. Mastigo mais rápido, engulo e limpo a boca com as costas da mão. Ele parece quase aliviado ao me ver, e praticamente corre em minha direção.

- Que bom que acordou, Greene, queria te ver antes de ir trabalhar. Aqui, isso é pra você.

Aceito as flores com um sorriso e as levo ao nariz, então estreito os olhos.

- O que você fez? - pergunto desconfiadamente.

- Nada!

- Jura? Café, bilhetinho, flores... Você aprontou ou está pensando em aprontar.

- Eu não apronto, Greene. Nunca na vida eu seria capaz de enganar minha mulher grávida.

- Mas seria capaz se eu não estivesse grávida?

- Não, claro que não! - ele nega com desespero e agarra minhas mãos. - Estou tentando te tratar como você merece ser tratada. Quero te mostrar que sou o homem certo, que posso te fazer feliz, que posso ser um ótimo pai, que você não vai se arrepender por ter aceitado se casar comigo. Você não se arrependeu, certo? Por favor, diga que não se arrependeu, que não desistiu.

Dito isso, Castiel me prende em seus braços e me ataca com beijos afobados que não consigo acompanhar. O que, cargas d'água, está acontecendo?! Me remexo como uma minhoca até conseguir me libertar e coloco as flores na mesa.

- Certo, o que está havendo? - pergunto, botando as mãos na cintura. - Por que está sendo esquisito?

- Só quero reacender as chamas para que você veja que somos perfeitos um para o outro e desista de me deixar.

- Te deixar?! De onde tirou essa ideia?

- Keith disse que não querer mais brigar por nada significa que você está desistindo de nós, que se cansou - ele segura minhas mãos outra vez. - Ele não está certo, não é?

Solto um risinho, balançando a cabeça.

- Querido, vem comigo - o puxo pela mão até a sala. - Senta aí - Castiel obedece, então me sento na mesinha de centro para que fiquemos frente a frente. - Eu falei ontem que não estou planejando te deixar, não falei? Fica tranquilo. Tudo o que estou fazendo é mudar de atitude. De que adianta só sentar, reclamar e projetar minhas inseguranças em você? Nada! Isso só te faria cansar de mim.

- Como eu poderia me cansar de você?

- Há dois dias você disse que seria bom passarmos um tempo separados, Castiel.

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