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[ 10 de janeiro, terça-feira ]



 

  — Obrigada por ter me acompanhado, bebê — mamãe agradece quando a deixo em casa. — Não precisava ter faltado às aulas, eu poderia ter chamado um Uber.

  — Claro que não, mãe, não seja boba. Por que gastar dinheiro se posso levá-la?

  — Não sabe como me ajuda. Com oito meses de gestação, meus tornozelos estão mais inchados que nunca e meus pés me matam.

  — Pois é, falta pouco para o parto. Está ansiosa?

  — Está brincando? É meu primeiro menino e, provavelmente, último bebê. Estou mais que ansiosa! — rio um pouco, não por achar graça, mas por achá-la adorável com toda essa empolgação. — Não quer entrar e ver como ficou o quarto? Terminamos de decorar ontem.

  — Isso significa que perdi meu quarto de vez — provoco.

  — Você tem estado tão radiante desde que se casou, não acho que precisará mais dele — ela sorri e toca meu rosto suavemente. — Ai, meu amor, fico tão feliz ao vê-la assim. Não paro de pensar em como fomos tolos ao tentar afastá-la do Castiel, quando é tão nítido o quão bem ele te faz. Você transpira felicidade, minha filha!

  — Pode apostar que nunca estive melhor, mãe. Apesar de tudo o que aconteceu, ficar com Castiel foi a melhor decisão que já tomei. Ele é o homem da minha vida, tenho certeza.

  — Isso é excelente, meu amor. Excelente mesmo.

  — Sabe, acho que essa gravidez foi uma coisa ótima. Você e o papai amoleceram um bocado.

  Mamãe ri.

  — É, acho que sim. Anda, vamos entrar.

  Desligo o carro e entramos. Mamãe me leva direto ao quarto do bebê. O papel de parede é azul com nuvens brancas, tem um berço branco lindo, trocador, cômoda, guarda-roupas... Enfim, é lindo. Acima do berço, na parede, há letras douradas formando o nome Andrew. Meus olhos lacrimejam um pouco enquanto observo os mínimos detalhes, e levo a mão à barriga inconscientemente. Não estou chorando porque não poderei montar um quarto assim por falta de espaço, estou chorando porque... sei lá o porquê. Não preciso de motivos para chorar ultimamente.

  Descemos para a cozinha após alguns minutos. Nem o papai e nem a Ana estão em casa, somos só nós duas. Mamãe prepara um pouco de café e tira do forno um bolo simples de chocolate.

  — Argh, é tão estranho — ela diz enquanto me serve uma xícara. — Sei que você e a Ana têm a mesma idade, mas, agora, sinto como se ela ainda fosse uma adolescente maluquinha e você, uma adulta.

  — Acho que me sinto meio que entre as duas categorias.

  Nós trocamos um sorriso e caímos num silêncio confortável por um instante, antes de embarcar em outros assuntos. Tomo duas xícaras de café e como cinco fatias de bolo. Se estou com tanta fome no início da gestação, me pergunto o quanto conseguirei comer quando estiver com seis meses. Terei sorte se não explodir.

  — Puxa, devia ter me dito antes que estava com fome!

  — Como você não está?

  — Incrivelmente, não tenho sentido tanta fome durante essa gestação. Agora, quando estava grávida de você e da sua irmã, eu comia igual doida — ri. — Inclusive, no primeiro mês fiquei com uma barriguinha igual a sua.

  Arregalo os olhos e pego mais um pouco de café para disfarçar.

  — Acho que engordei um pouquinho. Toda a correria dos estudos e trabalho tem me deixado com muita fome.

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