[ 14 de março, sábado ]
Praticamente corro para fora da sala quando a reunião se encerra. Quase posso sentir meu olho tremendo de ansiedade; espero que Ariane ligue, mande mensagem ou apareça por aqui logo. Atravesso o corredor com passos ligeiros, embora não tenha realmente que chegar a lugar nenhum com tanta pressa — o espaço que usamos para escrever músicas nem fica longe. Ouço passos apressados e logo os outros três estão do meu lado.
— Acreditam que vamos dar uma entrevista para um programa de TV? — Mark pergunta com um sorrisão. É o que suponho, pelo menos, já que não olho para ele. — Isso é demais! Tá, não é nenhum programa super famoso, mas chegaremos lá.
— Hum — murmuro distraidamente.
— Pode nos dizer por que, diabos, está com tanta pressa? — Jake questiona.
— Estou ansioso.
— Tá, mas não vai chegar em Atlanta andando.
— Não tem nada a ver com a entrevista — paro de repente, fazendo Keith trombar nas minhas costas. Me viro para os três. — Ariane foi na obstetra hoje e há a possibilidade de descobrirmos os sexos dos bebês. Não pude ir por causa da reunião, mas estou maluco para ter notícias logo.
— Vamos saber os sexos? — Keith arregala os olhos. — Isso é mais empolgante que a entrevista! Estou super curioso. Podemos fazer uma aposta. Cinquenta dólares que são três meninos.
— Eu topo — Mark diz. — Acho que são três meninas.
— Duas meninas e um menino — Jake declara. — E você, papai?
— Não vou apostar, já terei que gastar uma grana preta com os bebês, quer tenham pênis ou vagina.
As portas do elevador se abrem no fim do corredor. Um grupo de funcionários sai dele e, por último, Ariane com uma pasta branca com o logo do consultório em mãos. Todos corremos ao encontro dela, que nos oferece um sorriso curioso.
— Estavam me esperando? — pergunta. — Parecem meio desesperados.
— Como foi a consulta? Descobriu os sexos?
— Sim — ela sorri mais ainda. — Bom, um deles não quis abrir as pernas de jeito nenhum, então só descobrimos dois.
— E...? — estou quase explodindo de curiosidade.
— E... Teremos uma menina, um menino e um bebê misterioso.
Solto um grito empolgado e a envolvo num abraço apertado, fazendo-a rir. Os outros três também participam do abraço, o que normalmente me incomodaria, mas estou feliz demais para me importar. Um menino e uma menina! Oh, Deus, uma menina. Estou fodido. De um jeito maneiro, mas fodido mesmo assim.
— Um menino e uma menina! — Keith exclama. — Caramba, mal posso esperar. Imaginem o Castiel cuidando de uma menina. Melhor ainda, imaginem ele cuidando de uma adolescente! Vai ser bom demais.
— Nenhum de nós ganhou a aposta — Jake constata. — Ainda.
— Bom, Keith e eu já perdemos mesmo.
— Fizeram uma aposta? — Ariane arqueia as sobrancelhas. — Homens... Tão bobos.
— Cuidado, baixinha, ou te mando para a Sala dos Sucos — Jake provoca, recebendo uma careta descontente como resposta. — Nova aposta: cinquenta pratas que o bebê misterioso é menina.
— Menino — Keith opina.
— Também fico com menina — Mark diz.
Reviro os olhos. Se esses idiotas estão a fim de perder dinheiro à toa, que fiquem à vontade. Foco a atenção na minha mulher, a barriga escondida sob um vestido amarelo de alcinhas. Ariane é sempre linda, mas parece mais radiante que nunca. Ela é a representação física de como me sinto — extremamente feliz. Certo, ainda falta um neném, mas me dou por satisfeito por ora.