[ 18 de julho, sábado ]
Aproveito que não tem ninguém em casa para tirar leite na sala, porque não aguento mais ficar enfurnada no quarto. É difícil carregar três bebês de colo por aí. Boto a cadeirinha do Kurt no chão e me sento diante dele; é bom poder me sentar e me levantar com facilidade outra vez, apesar de minhas costas ainda doerem.
Assim que boto o seio para fora, Kurt se agita.
— Pff, homens — reviro os olhos. — Seu pai reage da mesma forma. Não passo de um par de seios pra vocês, não é?
Mesmo depois de um tempo considerável juntos, Castiel faz uma piadinha sempre que me vê tirar qualquer peça de roupa. Atualmente, ele está muito ansioso para darmos um fim ao meu resguardo. Já cumpri os quarenta dias ordenados pela obstetra, mas não conseguimos fazer nada por motivos óbvios — estamos ocupados e cansados demais. Tudo bem. Estou ansiosa mesmo é para os primeiros sorrisinhos banguelas. Os trigêmeos estão com um mês e vinte e um dias agora, o que significa que pode acontecer a qualquer momento.
Tenho tentado fazer palhaçadas e até colocá-los para assistir coisas engraçadas, tipo As Branquelas, mas nada funciona. É óbvio que eles têm um péssimo senso de humor. Enquanto bombeio o leite, balanço o chocalho diante do Kurt. Ele segue o objeto colorido com os olhos e até demonstra interesse, mas não sorri. Ok, chocalhos não são muito divertidos, mas é o máximo que consigo fazer com uma mão só.
— Kurt Thomas Chase. Como prefere ser chamado? Kurt? Thomas? Tom? Deveríamos ter pensado em nomes com mais opções de apelidos — troco a bomba para o outro seio, depois seguro uma de suas mãozinhas. — Me pergunto como você será quando for mais velho. Espero que se torne um rapaz gentil e educado, mas não tenha pressa. Quero que pareça um bolinho fofinho por muito tempo.
E quero mesmo, apesar de tudo. Quer dizer, já tem quase dois meses desde que dei a luz! O tempo não deveria passar tão depressa. Não sentirei falta do sono privado, no entanto. Nem de trocar fraldas. Sentirei falta de amamentar enquanto pares de olhinhos brilhantes me encaram com adoração. Não sentirei falta da dor nos seios.
Francamente, às vezes sinto que não vou aguentar. De vez em quando choro de exaustão de madrugada, enquanto amamento. Castiel sempre me faz companhia nessas horas, me abraça, beija minha cabeça e me deixa desabafar. Depois me sinto tão culpada por pensar assim. É difícil, principalmente tendo que fazer tudo sozinha na maior parte do tempo, mas amo meus três filhotinhos mais do que tudo nessa vida.
Quando acabo de tirar leite, pego o Kurt e o deito sobre minhas pernas dobradas. Solto uma risadinha, passando o dedo por seus cabelinhos espetados e macios. Não importa o quanto eu penteie, os três estão sempre com o cabelo rebelde.
— Você é igualzinho ao seu pai — comento. — Que sacanagem.
Meu celular começa a tocar — uma chamada de vídeo do Castiel. Ele está sem camisa quando atendo, o cabelo amarrado em um rabo de cavalo. Posso ver que está sentado no treco de levantar peso da academia do estúdio.
— Oi — sorrio. — A que devo o prazer?
— Tenho uma ótima notícia pra te dar! Estou vendo pézinhos.
— Ah, é o Kurt — viro o celular por um instante. — Qual é a notícia?
— Nosso fotógrafo sofreu um acidente de trânsito.
— Como isso é ótimo?!
— Ele tem que ficar afastado por tempo indeterminado, o que significa que precisamos de um novo fotógrafo. Falei de você pro senhor Yang, mostrei umas fotos suas. Ele curtiu, quer conversar contigo.