[ 11 de janeiro, quarta-feira ]
Estou secando o cabelo com uma toalha quando alguém bate na porta. São seis e pouco da manhã e estou me preparando para a aula que terei às oito. Não consigo imaginar um bom motivo para alguém estar batendo tão cedo, mas espero que não seja por nada ruim. Jogo a toalha sobre o ombro.
— Oi, Ariane — Nathaniel cumprimenta assim que abro a porta. — Podemos conversar?
— Depois do que fez? Não, acho que não.
— Por favor — ele bloqueia com a mão quando tento fechar a porta.
— Não tenho nada para te falar, Nate.
— Então, me escute, só por um minuto. Não vou tomar muito do seu tempo.
Solto o ar pela boca e passo a mão no cabelo.
— Tá, entra — abro mais a porta. — Mas fala rápido. Castiel está no banho e não acho que ele vai gostar de te ver aqui.
— Ele já sabe também, né?
— Sabe, sim. Sua cúmplice não poupou detalhes.
Gesticulo para o sofá para que nos sentemos. Ele se acomoda no de dois lugares e eu, no de três, nos deixando um de frente para o outro na diagonal.
— Notei que sua barriga está crescendo — diz, apontando um dedo. — Isso deve significar que o bebê anda muito bem. Fico feliz.
— Pode ir direto ao assunto?
— Certo, é claro — ele força uma tosse. — Eu vim até aqui para pedir perdão. Sei que fui um grande canalha e que um pedido de desculpas é pouco, mas espero que possa me perdoar e que possamos ser realmente amigos algum dia.
— Sabe, Nate, eu não entendo o porquê de ter feito aquilo. Juro que não entendo.
— Não sei... Juro que nunca tinha feito algo do tipo antes, ok? É que você me encantou, Ari, e acho que fiquei meio maluco quando me rejeitou. Não estou muito acostumado a ter garotas me rejeitando.
— Está brincando?! — me levanto. — Está me dizendo que aprontou tudo aquilo porque queria se vingar de mim? Ia arruinar meu relacionamento, minha família, por que te rejeitei?
— Não! Não, eu não queria me vingar de você! — ele se levanta também. — Ari, eu queria ficar com você. Você e o Castiel estavam brigando como loucos, pensei que eu poderia ser um namorado muito melhor.
— Um namorado melhor? Como poderia ser um namorado melhor, se tudo o que tem feito desde que me conheceu foi mentir?
— Eu não menti sobre tudo.
— Você é muito baixo, Nathaniel. Não pensou em mim, no Castiel ou no meu filho quando criou esse planinho idiota, só pensou em si mesmo. E, na boa, por que eu deveria acreditar que está mesmo arrependido?
— Sei que não mereço sua confiança, mas estou sendo cem por cento honesto. Eu me dei conta de que fui um grande otário, e se não falei nada antes foi porque achei que precisava te dar um tempo — cruzo os braços e desvio o olhar. Ele suspira. — Tudo bem, não vou mais te incomodar, Ari. Se decidir me perdoar algum dia, minha porta estará aberta. Quero te dar uma coisa, antes de ir — ele tira do bolso traseiro da calça dois pedaços de papel do tamanho de um marcador de páginas. — São ingressos para uma feira de fotografia em Nova Iorque, pensei que você fosse gostar. A gente se vê.
— Nate, espera — peço, me virando para o loiro na porta. — Por que comprou isso? Se está tentando me comprar...
— Não, não, eu só queria me redimir um pouco pelo mal que causei.