[ 14 de dezembro, quarta-feira ]
Apesar de não ter nada para fazer de manhã, já que as aulas foram canceladas, acordo pouco depois do nascer do sol. Chegou o dia da ultrassonografia e estou ansiosa. Tive um sonho onde o doutor encontrava não um, não dois, mas seis bebês empaçocados dentro de mim. Foi assustador e acordei com suor escorrendo pelo meu pescoço, embora não esteja fazendo calor.
Por volta das sete tento contactar o Castiel, mas sem sucesso. Às oito e meia, minha irmã manda mensagem para conferir o horário da consulta e dizer que Leigh dará uma carona para nós — ele também estará presente na consulta. Ok, talvez seja incomum levar tanta gente para uma ultrassonografia, mas preciso disso. Às nove, já limpei tudo o que tinha que ser limpo. Às dez tomo um banho e tento comer alguma coisa, mas só pensar em comida me causa um revertério.
Caraca, estou prestes a fazer uma ultrassonografia. Porque tem uma criança no meu útero. Uma criança que será minha pelo resto da vida. Um ser humano que dependerá de mim por um longo tempo. Fico com falta de ar; acho que vou desmaiar. Corro para o banheiro e jogo água fria no rosto, o que acalma um pouco as batidas descontroladas do meu coração, porém não me deixa menos nervosa.
Não consigo falar com Castiel a manhã inteira, então eles devem estar bem ocupados com a preparação do evento. Ao menos é o que espero, porque terei um surto se ele não estiver respondendo minhas mensagens ou atendendo minhas ligações por estar com a Megan. Juro.
Desço por volta das duas horas para esperar o pessoal na entrada do prédio. Estou atravessando o saguão, sentindo meu estômago se agitar a cada passo, quando ouço meu nome ser chamado. Paro e me viro, Nathaniel corre até mim.
— E aí, gatinha — ele me cumprimenta com um beijo no rosto. — Parece um pouco pálida, está tudo bem?
— Sim, só estou nervosa. Hoje é meu primeiro ultrassom.
— Está indo agora? Posso te acompanhar, se quiser. Claro que é o Castiel quem deveria fazer isso, mas... — Nate torce os lábios. — Falei com a Megan, ela me contou que foi ao evento deles lá em Los Angeles. Não é doido como ambos tiveram compromissos na mesma cidade ao mesmo tempo?
— Uhum. Pura loucura — forço um sorriso. — Enfim, minha irmã e dois amigos vão comigo ao ultrassom, então não precisa se preocupar. É um lance meio pessoal, entende?
— Puxa, me magoa que não me veja como um amigo.
— Não é isso, é só que... — suspiro, passando a mão no cabelo. — Olha, pode ir conosco ao hospital, mas vai ter que ficar na sala de espera.
— Me contento com isso.
Meu celular vibra dentro da bolsa nesse instante. São duas mensagens de texto, uma da Ana e uma do Leigh, ambos dizendo que não poderão me acompanhar. Minha irmã entrará mais cedo no trabalho para cobrir uma funcionária, e Leigh foi surpreendido com alguns problemas na boutique. Que droga, isso não é nada bom, nada bom mesmo. Saber que eles estariam comigo era a única coisa me impedindo de enlouquecer. Respondo minha irmã, perguntando sobre o Lys, e ela diz que ele ainda virá. Graças a Deus.
— Algum problema? — Nate pergunta.
— Nada, é só que minha irmã e um dos meus amigos não poderão mais nos acompanhar — mordo o lábio, guardando o celular. — Eu realmente queria que eles estivessem lá. Meus pais não sabem sobre a gravidez e eles são as pessoas mais próximas de mim, depois do Castiel, então a presença deles me ajudaria um bocado a ficar calma.
— Vai dar tudo certo, minha linda — ele apóia a mão no meu ombro em conforto. — Sei que não somos super amigos, mas posso até segurar sua mão, se quiser.