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[ 10 de abril, sexta-feira ]



  Hoje tive um dia péssimo. Senti cólicas, enjôo, T'Challa quebrou minha xícara favorita e passei quinze minutos chorando porque um dia meus filhos irão crescer e voar do ninho. Fora a porcaria do leite que insiste em vazar e me deixar fedendo a queijo estragado. Preciso relaxar, mas o Castiel ficará até tarde no trabalho, por isso convidei o Leigh para uma noite de pizza e pijama. Somos dois cônjuges abandonados e estou doida para aloprar com queijo e molho de tomate.

  Arrumo a casa o melhor que posso porque a do Leigh está sempre impecável quando o visitamos, mas os presentes que ganhamos no chá de bebê estão empilhados onde ficavam as coisas do T'Challa porque não temos onde botá-los. Tomo um banho rápido e boto o único pijama que ainda me serve direito — short legging e uma camiseta do Castiel. As camisetas estão começando a ficar justas, mas ao menos cobrem minha barriga toda.

  Meu querido convidado chega às oito em ponto, exatamente quando disse que chegaria. T'Challa está massageando minha barriga com as patinhas macias, como tem feito com certa frequência, e mia em protesto quando me levanto para abrir a porta. Leigh está no corredor com um bolo de chocolate nas mãos.

  — É uma festa do pijama — arqueio as sobrancelhas levemente.

  — Estou de pijama. Sempre respeito o código de vestimenta.

  — Está brincando? Você poderia ir a um casamento com essa roupa.

  — Exagerei? — sorri.

  — Você é excepcional, Leigh Frey — balanço a cabeça e o deixo entrar.

  Eu também usaria meu pijama de cetim se conseguisse entrar nele. E se a parte de cima não fosse um top transparente de renda. Eu deveria tê-lo usado mais, mas, em minha defesa, não esperava engravidar tão cedo. Compensarei isso quando puder.

  — Quer beber alguma coisa? — ofereço enquanto Leigh deixa o bolo na mesa da cozinha. — Temos iogurte, água, suco de laranja, achocolatado e chá.

  — Achocolatado? De galão?

  — Não, de caixinha, como os que as crianças levam na lancheira.

  — Oh, então aceito um, obrigado. Tem gosto de infância. Bom, não exatamente. Nós bebíamos leite de vaca fresco e puro, na maior parte das vezes — ele tagarela, analisando a caixinha. — Achocolatado é mais saboroso, diga-se de passagem, mas era caro demais para que pudessemos consumir com frequência.

  — Me admira que não faça isso, agora que tem condições.

  — Perderia o encanto — dá de ombros, sorrindo com satisfação depois de tomar um gole pelo canudo.

  Justo. Agradeço pelo bolo, pego um achocolatado para mim e sugiro que nos sentemos na sala. Leigh se oferece para ligar e pedir as pizzas.

  — Então, quais as novidades? — ele pergunta quando encerra a chamada.

  — Entrei de licença maternidade e arranjamos uma inquilina.

  — Já? Que ótimo, Ari, foi bem rápido.

  — É, mas tem um problema: ela quer se mudar em duas semanas e nós não temos para onde ir.

  — Precisam de um lar provisório? — assinto. — Ora, podem ficar comigo e com o Keith.

  — Sério? — arregalo os olhos. — Faria isso?

  — É claro — ele responde como se não fosse nada de mais. — Temos espaço, um quarto de hóspedes. Seria divertido. Podem deixar seus móveis na garagem, já que a Crowstorm não ensaia mais lá.

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