[ 28 de novembro, domingo ]
Apesar de ser domingo, levanto antes das sete da manhã para preparar um café da manhã delicioso pro Castiel. Faço café preto sem açúcar, waffles com geleia e mirtilos, suco de laranja e um pouco de ovos mexidos com bacon, depois arrumo tudo em uma bandeja de madeira e coloco sobre a mesa com um bilhetinho fofo. Falei sério quanto à mudança de atitude, e ela começa hoje. Não que eu já tenha superado a briga de ontem à noite, mas não vou me deixar abater - melhor ainda, não vou deixar que ele perceba que estou abatida. Se temos que fingir dormir até adormecer de verdade, então fingirei ser forte e segura até ser mesmo.
Depois que termino de limpar a cozinha, calço meus chinelos, penteio o cabelo e saio de casa. Desço dez andares em direção ao apartamento do Nathaniel. Bato repetidas vezes, mas não obtenho resposta alguma, e tudo está extremamente silencioso quando colo o ouvido na porta. Solto um suspiro derrotado. Estou voltando pelo corredor quando o elevador se abre e o Nate sai dele, todo bem vestido e com cara de quem não dormiu nada. Paro de andar.
- Gatinha! O que faz aqui tão cedo? - pergunta com voz rouca, vindo ao meu encontro.
- Queria falar com você.
- Ora, cheguei na hora certa, então. Vem, vamos entrar - ele abre a porta com um pouco de dificuldade e me deixa adentrar o apê primeiro. - Como está o Castiel?
- Muito bem. Dormindo.
- Que bom pra ele - Nate pendura as chaves no pequeno gancho perto da porta. - Se importa se eu tomar um banho antes da nossa conversa? Estou morto. Pode preparar um café, se quiser, tem tudo na cozinha. Sinta-se em casa.
Ele desaparece antes que eu possa responder, então decido preparar o café. Se o cara passou a noite em claro, não vai ser capaz de me ouvir sem um pouco de cafeína na veia. No balcão do armário tem pó de café e garrafa térmica, mas também tem uma cafeteria e cápsulas. Opto pelo mais fácil. Pego duas xícaras no escorredor de louças e preparo capuccinos. Espero pelo Nathaniel à mesa. Ele aparece depois de dez minutos, com um pijama com estampa do Star Wars. Não julgo; tenho um do Charlie Brown.
- Passou a noite fora no dia de Ação de Graças? - pergunto enquanto ele vai em direção ao armário e pega um pacote de torradinhas.
- Passei. Teve uma festa numa das fraternidades e eu não podia recusar em pleno sabadão, né. Além do mais, ia ficar sozinho, de qualquer maneira.
- Engraçado. Você disse que queria conhecer a Megan para poder passar as festas de fim de ano com alguém, mas veja só...
- Ah, é, isso - ele se senta perto de mim, na cabeceira da mesa. - Infelizmente, não rolou esse tipo de química entre nós. Acho que ela está a fim de outro cara.
Claro que está, aquela vaca.
- Que pena - bebo um gole do capuccino.
- Tudo bem, ficamos amigos.
- E você convidou ela para a festa?
- Pior que não, nem pensei nisso - Nathaniel bate na própria testa. - Que mancada, ela deve ter ficado sozinha.
- Não sei - dou de ombros. - Vocês costumam se ver muito?
- *Muito* não, mas nos encontramos às vezes.
- O que pode me dizer sobre ela?
- Está pescando informações, malandrinha? - sorri. - Por que não pergunta pro Castiel? Ele deve ter mais coisas a dizer do que eu.
- Prefiro ouvir de você - forço um sorriso. - É que estou pensando em me aproximar, mas gosto de saber um pouco sobre as pessoas antes de fazer isso, entende? Para ter certeza de que somos compatíveis.
