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[ 07 de março, sábado ]





  Viro de um lado pro outro na frente do espelho para dar uma conferida rápida na roupa que escolhi para a academia — um short legging, um top preto e uma regata branca. A regata é de antes da gestação, então não cobre minha barriga toda, mas está tão quente! Normalmente isso me incomodaria, mas ultimamente não dou a mínima. Sim, estou grávida e, sim, esse é meu umbigo; lidem com isso. Faço um rabo de cavalo e saio do quarto.

  Meu bom humor quase inexistente vai pro ralo quando entro no banheiro e vejo o tubo de pasta de dente em cima da pia. Pego ele, bufando, e vou para a sala, onde Castiel está esperando no sofá. Jogo o tubo ao seu lado, recebendo um olhar espantado.

  — Pra que isso?!

  — Quantas vezes tenho que pedir para não espremer a pasta de dente no meio? Caramba, Castiel! É tão difícil apertar e enrolar? Minha barriga pesa, meus seios doem, não consigo mais deitar de bruços. Só queria um pouquinho de consideração e respeito!

  — ... O que deitar de bruços tem a ver com a pasta de dente? — boto as mãos na cintura, franzindo ainda mais as sobrancelhas. — Tá, tudo bem, me desculpe. Me lembrarei de apertar e enrolar na próxima vez.

  Reviro os olhos, pego o tubo de pasta de dente e volto para o banheiro. Castiel me segue.

  — Você anda muito estressada, Greene, precisa relaxar. Esse mau humor todo não deve fazer bem pros bebês. Prefiro que volte para a fase do chororô.

  — Oh, querido, minhas oscilações de humor te incomodam? — me volto para ele com um sorriso falsamente doce. — Faz o seguinte, então: enfie a mão no meu útero e tire os bebês de lá. Talvez, assim, meus hormônios voltem ao normal.

  — Caralho, mulher — ele faz uma cara emburrada. — Eu vou é te mergulhar em suco de maracujá. Aposto que não estaria toda irritadinha se parasse de fugir do sexo. Duas semanas na seca, Greene! As ereções estão começando a ficar doloridas.

  — Você tem duas mãos.

  — Não é a mesma coisa. Quero um pouco de intimidade com a minha esposa, dá pra ser?

  — Será que pode me deixar escovar os dentes?

  — Tá, mas essa conversa não acabou.

  É, eu tenho fugido do sexo. Não é que não tenha me sentido excitada, mas minha barriga já está do tamanho de uma melancia pequena — talvez um pouco maior —, e isso me deixa insegura. Não quero que Castiel me veja sem roupas. Não importa o quanto ele diga que continuo sexy, nada me tira da cabeça que estou parecendo uma bola de praia. Bolas de praia são fofas, mas não são sensuais. Agora mesmo, por exemplo, pareço o ursinho Pooh com essa blusa curta. Isso é sexy? Acho que não.

  — Aqui — Castiel me oferece uma garrafa de alumínio quando entro na cozinha.

  — O que é isso?

  — Rivotril — arqueio as sobrancelhas. — É suquinho de maracujá, meu amor. Tomara que te acalme. Não quero que tenha acessos de raiva durante a malhação e bata no Jake com um peso.

  — Eu não bateria no Jake, o que acha que eu sou? — pego a garrafa de sua mão.

  — Maluca, Greene. Você é completamente pirada. Toma o suquinho, toma.

  — Tá, mas vou tomar porque quero, não porque você mandou — empino o nariz.

  — Como quiser, senhorita implicante — ele revira os olhos.

  Penso em discutir por sua atitude, mas não digo nada. Não me pergunte porque tenho estado tão irritada, especialmente com o Castiel, porque nem eu sei. Coisas de gravidez, acho. Vi alguns relatos na internet de gestantes que pegaram implicância dos parceiros, amigos e familiares, e os bebês nasceram a cara das pessoas em questão. É possível que todos os meus filhos sejam iguais ao pai, o que não seria ruim, mas gostaria que algum se parecesse comigo já que estou tendo todo o trabalho.

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