[ 24 de setembro, sexta-feira ]
Enquanto confiro as fotos no notebook e faço alguns ajustes, Castiel sai do banho e sobe na cama, apenas com uma toalha ao redor da cintura. Ele desliza para perto de mim e, quando menos espero, começa a beijar meu pescoço.
— O que está fazendo? — pergunto.
— Temos um tempinho, antes do ensaio — responde entre beijos. — Estamos sozinhos, pensei que poderíamos aproveitar.
— Estou trabalhando.
— Acho que pode fazer uma pausa de cinco minutos — sorri. — Quero testar uma camisinha de halloween que encontrei enquanto comprava pomada pra assadura.
— Camisinha de halloween? — rio. — Que droga é essa?
— É laranja e tem a estampa de uma careta, tipo uma abóbora. A embalagem diz que brilha no escuro e tem gosto de caramelo.
— Nossa. Parece altamente nojento e radioativo.
— Ah, qual é, é divertido.
— Pra quem? — arqueio as sobrancelhas. — Deve ser broxante ver um pênis com caretinha de abóbora.
— Tenha a mente aberta, Greene — ele estala a língua. — Vamos dar uma variada, uma diferenciada da mesma coisa de sempre.
— Está me dizendo que o sexo é entediante, é isso? Está cansado, de saco cheio?
— Não foi o que...
— E como uma camisinha ridícula vai melhorar as coisas? — mudo de posição, deixando o notebook de lado. — Fugir da rotina é usar fantasias, acessórios ou transar em lugares inusitados, não usar um preservativo idiota com gosto de bala. E se está tão curioso, pode testar essa coisa sozinho. Divirta-se.
Me levanto, calço os chinelos com irritação e marcho em direção a porta. Antes que eu possa sair do quarto, Castiel me pega pelos braços e me vira.
— Que diabo de mulher estressada — diz. — Pega leve comigo, por favor. Nem deixou eu me explicar, caramba.
— Você acha nossas transas chatas, ficou bem claro.
— Nossa, você me faz querer bater a cabeça na parede até desmaiar — bufa. — Vai me dizer que não gostaria de apimentar a relação um pouquinho? Faz um tempo que não fazemos nenhuma maluquice, tipo transar no banheiro de uma boate ou no depósito de uma lanchonete. Precisamos de umas inovações. É muito fácil cair na rotina e perder o fogo depois de casar e ter filhos, e não quero que isso aconteça com a gente.
— Não acha que está exagerando um pouco? Não faz nem um ano que nos casamos, nossos filhos só têm quatro meses.
— Tá, eu sei, mas é melhor prevenir do que remediar — insiste. — Não estou dizendo que temos que fazer coisas mirabolantes o tempo todo, ok? Só de vez em quando. Nós vivemos cansados e ocupados com o trabalho, as crianças e tudo o mais. Tenho medo que isso nos afaste, Greene. O que eu mais quero é que tenhamos um casamento maravilhoso para sempre. Um dia nossos filhos irão embora e seremos só nós dois de novo, afinal. E o Keith, provavelmente, já que é impossível se livrar dele.
Olho em suas íris cinzentas por um tempo, em silêncio. Castiel parece bastante sincero e ansioso. É ótimo saber que ele se preocupa com a nossa relação, a curto e longo prazo; isso significa que ele está levando nosso casamento a sério. Seguro seu rosto carinhosamente e deposito um beijo suave em seus lábios, depois entrelaço os braços ao redor do pescoço dele.