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[ 22 de setembro, quarta-feira ]






  Estou dormindo no sofá, com Kurt ao meu lado, quando Keith me acorda com um grito. Levo alguns segundos para lembrar o motivo de estar aqui — o projeto de gente não dormia de jeito nenhum, então desci com ele para não acordar todo mundo. Quando voltamos para o quarto, as meninas estão chorando na cama enquanto Castiel está sentado com cara de poucos amigos, como se esperasse a alma voltar pro corpo. Kurt também está chorando, devido ao susto causado pelo Keith.

  Nós rodamos pelo quarto em silêncio, ambos sonolentos demais, tentando acalmar as crianças. Hoje é o dia da viagem para Los Angeles e nosso vôo sairá às seis e meia; precisamos nos aprontar, conferir as malas, deixar o T'Challa na casa dos meus pais e aproveitar para pegar a minha irmã. Temos três horas e meia até o embarque; parece muito, mas não é.

  Levo cerca de trinta minutos para despertar de verdade, fazendo tudo no piloto automático, então entro em frenesi. Vamos passar uma semana fora, precisamos ter certeza de que pegamos tudo o que as crianças precisam e na quantidade certa. Confiro as malas de novo e de novo enquanto Castiel apronta os trigêmeos, com uma sensação insistente de que estou esquecendo algo.

  — Dá pra deixar as malas em paz e me ajudar com as crianças? — Castiel pergunta com irritação, penteando uma Hayley igualmente irritada.

  — Precisamos ter certeza de que não esquecemos nada.

  — Não temos tempo, saco. A porcaria do gato ainda nem está na gaiola, apesar de eu ter te pedido para prendê-lo ontem à noite.

  — Não, você disse que já tinha prendido ele.

  — É brincadeira? Por que eu diria que fiz isso se não fiz? — bufa. — Acaba de arrumar seus filhos enquanto eu cuido do T'Challa. Rápido. E é melhor sua irmã estar pronta quando chegarmos lá.

  — Não desconta seu nervosismo em mim, não — alerto enquanto ele se dirige à porta. — Se eu decidir não ir mais, nada vai me convencer do contrário, ouviu? E seus filhos ficarão comigo. É bom não me chatear.

  — Boo-hoo.

  Faço um gesto bem malcriado para as costas dele, então termino de aprontar as crianças e as levo para a sala. Enquanto desço com as malas, Castiel persegue o gato pela casa, xingando-o de todo quanto é tipo de palavrão. Entendo que ele esteja nervoso e ansioso, mas está começando a me irritar. Ele finalmente pega o T'Challa depois de vários minutos, e eu seguro a gaiola aberta para que o gato seja colocado dentro.

  — Foi justamente pra evitar essa perda de tempo que te pedi pra prender esse infeliz ontem, Greene — esbraveja. — É melhor torcermos para que nenhum imprevisto aconteça, já nos atrasamos o suficiente.

  — Pois bem. Eu trabalhei e cuidei das crianças, por que você não prendeu o T'Challa?

  — Fiquei até tarde na empresa todos os dias por conta dos planejamentos e ensaios, caso não se lembre. Voltei pra casa de madrugada, quase não dormi e ainda tinha que prender o gato?

  — Oh, sim, pobrezinho — ironizo. — Como se minha vida tivesse sido um deleite desde que engravidei! Minhas olheiras estão tão escuras que a maquiagem não cobre, perdi dez quilos porque quase não tenho tempo pra comer e amamento como uma vaca, não consigo rir sem fazer xixi! Que vida fácil a minha, não é?

  — A desgranha do gato gosta mais de você, entende? Teria sido muito mais fácil se você tivesse prendido ele.

  — Claro que ele gosta mais de mim, eu sou muito mais legal e agradável.

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