Dagmar
Comecei a procurar roupa nas malas e vi que a roupa que eu queria, eu tinha deixado no Brasil.
— Eu nem imaginava que fazia tanto frio nessa merda! - Falei pegando uma bota preta de salto.
Peguei um vestido preto colado, a meia calça preta e o sobretudo de couro.
Fui pro banheiro e tomar aquela banho quentinho. Lavei o cabelo e sai do banho escovando os dentes.
Sequei meu cabelo e fui saindo do banheiro vestindo minha calcinha e o vestido preto colado.
— Foi aonde? - Perguntei encarando Thamara.
Ela veio atrás de mim e me ajudou a fechar o vestido.
— Fui dar uma volta, aqui também abafado. - Thamara disse.
— Isso é, o aquecedor aqui tá aquecendo demais! - Falei.
Thamara foi direto pro banheiro.
Eu vesti a meia calça. E fui atrás da chapinha pra pranchar o cabelo e fazer umas leves ondulações.
******
Saímos do hotel e Thamara tava nervosa, olhava pra todo canto.
— Tá com medo de que em? - Perguntei olhando ao redor. - Se Débora vir na minha frente, sou capaz de descer o braço nela aqui mesmo! - Falei puxando Thamara.
Entramos no táxi e ela começou a mexer no celular. Eu dei de ombros e comecei a puxar assunto com o taxista, pense em um inglês horrível, era o meu.
O coitado tentava falar em espanhol achando que a gente era espanhol, e ele conseguia ser pior que eu.
Quando chegamos foi a mesma coisa de sempre. A gente tinha chego até bem mais cedo do que os dias anteriores. Entrei com Thamara e fui direto pro camarim ver como as meninas estavam. Fui na sala de Olivia assinar mais um papel e sai indo naquele salão aonde tinha várias pessoas.
Fui puxada por uma senhora elegante, ela queria falar que estava encantada com o meu jeito e com os figurinos.
Ela era alemã, mas falava até que bem o português, depois fui entender que ela já tinha sido casada com um dos estilistas brasileiro bem famoso.
— Eu fiquei bem interessada em saber a tua história, poderíamos fazer uma parceria, um enorme projeto! - Ela disse.
Logo chega Olivia perto sorrindo.
— Já conheceu a adorável Amélia, Dagmar? - Olívia disse sorrindo.
— Realmente muito adorável! - Falei sorrindo enquanto segurava a mão de Amélia.
— Adorável eu achei ela, eu quero muito bater um papo com você. Não quero perder contato com você, gostei muito de você, minha querida! - Amélia disse sorrindo e se afastando.
Eu sorri e Olívia chegou mais perto.
— Ela é a estilista número um da Alemanha. Umas das estilistas mais famosas posso te dizer isso, ela é muito difícil de gostar de outras marcas... - Olivia disse.
— Muito simpática ela. - Falei e ela concordou.
— Hey, Thomas! - Olivia disse desviando o olhar.
Eu congelei. Tentei sair de perto e Olivia me segurou.
— Sabia que Thomas está a alguns passos de ser um estilista? - Olivia disse.
— Ah é? Que bom, fico feliz! - Falei. - Licença! - Falei saindo de perto e sentindo a alguém me cutucar.
Era Amélia. Ela ficou explicando coisas que ela aprendeu durante anos, e eu tava gostando mesmo de ouvir alguns conselhos dela. Ela me passou o Instagram e o número dela.
— Que jovem bonito! - Amélia disse.
Eu me virei e era Thomas, ele estava sorrindo.
Eu fui me retirar e ele me segurou forte.
Amélia encarou a mão dele e eu tentei puxar.
— Solta a tua mão, está me machucando! - Falei firme.
— Tá machucando a moça rapaz! - Amélia disse relando na mão dele.
Logo tudo se calou, todos começaram a olhar pra um canto.
Thomas apertava mais forte.
— Solta! - Falei fechando os olhos.
Thomas se virou e eu me virei encarando aonde todos olhavam.
Eu me assustei, acho até que minha pressão tinha caído. Thomas se virou me olhando.
— Vai comigo! - Thomas disse.
— Solta ela covarde! - Amélia deu leves murrinhos no peitoral do Thomas.
Voltei meus olhos a Bazilho. Todos olhavam ele. Ele veio vindo na minha direção, parou do meu lado e encarou Thomas.
— Solta ela porra! - Bazilho sussurrou pro Thomas.
Thomas virou soltando encarando Bazilho.
— Teu marido? - Amélia perguntou. - Agradável ele! - Ela disse.
— Tu não mexe na minha mulher, tu tá mexendo com a fita errada! - Bazilho disse mexendo na cintura.
Na mesma hora eu puxei ele. Guiei até o banheiro e entrei com ele.
— O que tu veio fazer aqui? E o Thales? - Perguntei.
— Thales tá tranquilo. - Ele disse. - Eu vou matar aquela cara! - Bazilho disse suspirando e fechando o punho.
— Não, tu não vai. A gente não tá no Brasil não, aqui o sistema é diferente Bazilho! - Falei segurando o rosto de Bazilho. - Acredita em mim, por favor! - Sussurrei encarando ele.
— Eu acredito em ti sim cara, eu surtei na hora, qual foi, eu sei da tua caminhada, sei que não é de tu esses bagulhos! - Bazilho disse.
Eu assenti dando um selinho demorado e logo me afastei.
— Veio pra cá como? Como sabia que era aqui? - Perguntei.
— Tua amiga Thaynara deu uma força. Essa sim é amiga tua! - Bazilho disse. - Vim por que se ele não entendeu que tu é casada, agora eu mostro do meu jeito, descarrego bala na cara desse corno! - Bazilho disse e eu neguei.
— Calma Bazilho, não faça nada que no fim vai prejudicar tu depois! - Falei e ele assentiu. - Obrigado por acreditar em mim, sério, eu jamais faria isso, eu te amo muito! - Falei abraçada encarando ele que olhava minha boca.
— To ligado amor, eu amo tu demais! - Bazilho disse. - Agora esse batom vermelho tá me deixando louco em! - Bazilho disse me enchendo de beijos.
Eu ri sentindo cócegas.
• aperta na estrelinha •
Respirem aliviadxs amores! 🤣
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.