• capitulo 104 •

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Bazilho

Deixei Dagmar lá na coroa dela. Ela ficou mal pra caralho.

Peguei Thales e meti o pé até o barbeiro.

— E aí mermão, beleza? - Falei entrando na garagem do Fael.

— E aí sumido, faz cota que tu não vem pra cá cortar cabelo! - Fael disse.

— Sem tempo, muita agitação a vida, não dá! - Falei colocando Thales na cadeira. - Vim cortar o cabelo dele e o meu. - Falei sentando na cadeira.

— E esse menor aê? Tranquilo? - Fael disse abaixando na altura de Thales.

Fael é mo gente boa. Entrou pro movimento lá em São Paulo e logo pegou quinze anos preso, quando saiu, ele quis reefazer avida dele. Ele tava com três filhos pra criar e uma mulher.

Ele veio pra cá, fez o salãozinho e só pelo caminho certo.

— Tanquilo! - Thales disse todo embolado.

— Olha o que tu vai ensinar pra ele em! - Fael disse rindo.

Pô, é foda, criança aprende as paradas muito rápido. As vezes tu solta sem ver que tá do teu lado, e do nada tá ele lá falando as coisas.

— Eu fico esperto, criança não é fácil não!- Falei negando.

Fael começou a cortar o cabelo de Thales, achei até que ele ia fazer escândalo, mas nem tchum. Logo foi minha vez, dei aquela acertada e paguei Fael.

Fui guiando de volta até a casa de Ellen, entrei e só vi Ellen bordando.

— Já chegou nessa fase de velha? - Falei e ela me arremessou a almofada.

— Velha é tuas pregas! - Ellen disse.

Eu deixei Thales no chão e ele foi correndo em cima da Ellen.

— Cadê Dagmar? - Perguntei.

— Tá dormindo, tive que dar umas gotinhas naturais pra ela se acalmar! - Ellen disse e eu assenti.

— Vou marcar no cartório pra casar! - Falei.

Ellen me olhou.

— Sério? - Ela perguntou e eu assenti. - Marca sim, o churrasquinho eu ajeito! - Ela disse e eu assenti.

— Mas eu queria um bagulho surpresa entendeu? - Falei e Ellen concordou.

******

Cecília

Eu já tava com quase quatro meses. Quando eu soube pelo pré natal, eu quase cai pra trás.

Como assim quase quatro meses?

Pois é, mas na próxima consulta talvez daria pra ver o sexo do bebê. Eu estava animadíssima pra saber o que era, meu pai batia o pé falando que sentia que era menina, mas minha mãe falava que pela minha barriga, era um menino.

— Tá aqui as fotos! - Minha mãe disse me tirando dos pensamentos.

Eu queria ver as fotos deles das antigas, minha mãe tinha una caixa enorme aonde guardava. Eu nunca tinha parado pra ver tudo.

— Tem muita coisa! - Falei pegando algumas fotos e vendo.

— Até demais viu, e olha que tem umas que tá na casa da Ellen! - Minha mãe disse.

Eu continue vendo aquelas pessoas, caraca, como a gente muda em, envelhece um dia...

— Nossa olha o pai como era, todo cara de mal! - Falei rindo vendo meu pai e mais dois do lado dele. - Curió continua com essa cabeça grande dele. - Falei me acabando de rir. Olhei pro outro cara que eu vi e não sabia quem era. - E esse? Eu não conheço esse! - Falei entregando a foto pra minha mãe.

Eu fiquei olhando ela e parece que ela viajou no tempo.

Ela ficou por muito tempo olhando, e quando se tocou, me olhou suspirando e devolvendo a foto.

— Esse é o Papagaio... - Minha mãe disse abaixando a cabeça. - Eu acho que tá na hora de te contar tudo! - Ela disse.

Ai pronto, Marcola não é meu pai.

— Marcola é meu pai né? Impossível não ser, meu dedo do pé é torto igual o dele! - Falei negando.

— Marcola é sim teu pai. O Papagaio era braço direito daqui.  E tu sabe a história que teu pai foi preso, me fez sair de São Paulo pra vir aqui... - Minha mãe disse da única parte que eu sabia. - Teu pai quando saiu ele não quis mais nada, eu concordei e log em seguida comecei a namorar com o Patrick, ele me amou muito. E ainda quando eu soube de você, ele era vivo, ele achou que era dele, e até eu achava. - Ela dizia com uma certa dor.

— Isso dói em você ainda? - Perguntei.

— Dói, são quase vinte e cinco anos da morte do Patrick e eu ainda sinto muito por isso. Eu não tenho do que reclamar dele, ele sempre foi uma pessoa bacana, sempre quis o melhor pra mim e pra você! - Ela dizia. - Mas ele foi antes da hora, fazer o que... Teu pai quis o dna por que ele duvidava, e ai quando saiu, teu pai tava preso de novo. - Minha mãe disse se levantando.

— Patrick? - Perguntei e minha mãe me assentiu. - Você amou ele? - Perguntei.

— Eu amei a pessoa que ele era, gostei muito dele... Patrick vai ter um espaço eterno no meu coração e pra sempre serei grata! - Ela dizia suspirando.

Patrick...

Minha mãe saiu da sala e eu fiquei olhando todas aquelas fotos sentindo aquela angústia.

• aperta na estrelinha •

Valoriza hoje, amanhã pode ser tarde demais! ❤️

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