Dagmar
Sai pra fora e vi meu pai vindo descendo.
Ele veio na minha direção com uma armona na mão.
— Tu sabe aonde a Cecília guiou, se falar que não sabe tu tá mentindo! - Meu pai disse sério.
Logo meu pai olhou atrás de mim e logo voltou o olhar pra mim.
Bazilho passou do meu lado olhando meio de canto e guiou pro outro lado da rua bolando um baseado.
— Te juro que não sabia desse bafão todo que ia rolar. - Falei.
Meu pai não acreditou, ele negava com a cabeça.
— Tu já pensou se ele faz algum bagulho ruim pra ela? Tua mente vai pesar, melhor tu falar já! - Meu pai disse.
Eu neguei com a cabeça rindo.
— Tsunami? Tsunami tem medo até de formiga! - Falei suspirando. - Eu não sei de nada e mesmo se soubesse eu não ia falar por que ninguém tem o direito de acabar com a felicidade dela! - Falei.
Meu pai pegou no meu braço forte e eu arquei a sobrancelha e ele logo soltou vendo que tava errado.
Nunca levantou a mão pra mim. Diferente da minha mãe que até hoje joga panela de pressão na gente.
— Guia pra goma! - Ele disse.
— Eu só vim pegar um ar, eu vou voltar a comer! - Falei.
Ele negou com a cabeça.
Ih ta achando que tenho menos de 18 pra mandar em mim.
— Tu vai, é melhor! - Meu pai disse e eu Bufei feito uma criança.
Era hoje porra, era hoje...
Eu tirei meu salto e peguei na mão.
— Boa Bazilho! - Meu pai disse dando jóia.
Eu encarei Bazilho e ele me olhava sem disfarçar.
Eu só consegui mexer a boca.
“ Vai em casa ”.
Ele riu pelo nariz e assentiu. Eu subi com meu pai que reclamava sobre a unha encravada que tava quase deixando ele sem pé.
Ele me deixou em casa e fui direto pra cama.
Adivinha quem esqueceu de Bazilho?
Eu fechei os olhos e logo ouvi bateram na janela. Eu abri os olhos e dei um pulo.
Eu abri com tudo vendo Bazilho.
Eu fui direto trancar a porta do meu quarto, ele pulou a janela e olhou meu quarto todo, parecia uma criança em loja de brinquedo.
— Achei que não ia dar! - Falei colocando a mão no peito.
Ele sorriu.
— Se não desse eu ia te pegar no primeiro beco que eu te visse pô. Já não tá mais dando não, tu tá mexendo com meu psicológico maldita! - Ele disse e eu encarei ele desconfiada.
Ele deu de ombros e foi tirando a camiseta.
Eu fiquei encarando aquilo.
— Tua coroa tá ai? - Ele perguntou.
— Não! - Falei e ele assentiu.
Ele tirou o tênis e ficou me olhando.
— Desse jeito eu fico até sem graça e nem vou lembrar como se beija! - Falei e ele chegou perto me agarrando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.