• capitulo 14 •

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Dagmar

Voltei da escola com aquele sol dos infernos. Eu contando pra Cecília e ela xingando ele de salafrário, sem vergonha e blá blá blá...

— Ele e Tatão pode segurar a mão um do outro e ir pro inferno de tobogã! - Falei com os braços cruzados.

— Eu não aposto muito no Tsunami também não viu, eu não consigo confiar não! - Cecília disse.

Parece que Tsunami ouvia de longe o nome dele e aparecia.

— Ê boqueteiro! - Gritei acenando.

Ele mostrou o dedo do meio rindo e veio me cumprimentar com um beijo no rosto.

— Falaram que tu tem uma boca em Dag, falaram que batem punheta lembrando já que chance não tem mais! - Tsunami disse abraçando Cecília.

— Ih que maluquice em. Tu foi traíra comigo pilantrinha! - Falei negando.

— Pô, eles tinha dado um tempo. Eu não fico vinte quatro pra quarenta e oito cheirando o cu dele pra saber! - Tsunami disse e eu dei de ombros.

A gente foi subindo até a casa de Cecília, eles se atracaram lá e ela entrou. Ele subiu comigo enquanto enrolava pra falar...

— O que você tem pra me falar em? Tá se enrolando ainda! - Falei.

— Cês vão mermo? Tava querendo pedir a Cecília em namoro! - Tsunami disse.

Eu parei de andar e encarei ele todinho.

— Coragem em. Já viu a pexeira que Marcola tem na casa dele? Vai nessa bonitão! - Falei e ele arregalou os olhos.

Marcola, o bicho ruim.

— Cê acha que ela aceitaria? - Tsunami perguntou.

— A questão não é ela não. É ele mesmo! - Falei rindo e fui caminhando mais rápido.

Ele ficou pra trás. Eu fui subindo aquela ladeira do cão. Quando vi eu já tava perto.

O diabo, é sujo, ele gosta de ver o circo pegando fogo, ainda mais quando eu sou a dona dele.

— Preciso bater um papo reto contigo! - Sasi disse.

Eu me desviei e ele me puxou.

— Que merda de intimidade é essa caralho? - Falei puxando meu braço.

— A intimidade que comeu teu cu! - Sasi disse.

— Se eu soubesse eu teria cagado nele! - Falei andando e deixando ele pra trás.

Não bastar, ele veio do meu lado caminhando.

Nunca torci tanto pro meu pai aparecer enquanto eu estava com um menino.

— Tu entendeu foi errado! - Sasi disse.

Eu Bufei e parei encarando ele.

— Eu entendi foi é certo, você que não entendeu que você que tinha que ter tido respeito pela mona lá e tua filha, que mané é esse papo de eu ser amante? Tá louco é? Você acha que eu não tenho vergonha na cara não? Me poupe, o que eu não quero pra mim, eu não faço pros outros. Agora, nunca mais vem atrás, não sei por que tá vindo falar, emocionado demais com algumas sentadas! - Falei e deixei ele lá.

Guiei pra minha casa e fui direto pro banho. Precisava tomar aquele banho. E quando sai minha mãe me encarava como se ela soubesse de algo.

O vida cheia de b.o em!

— Fala dona do meu viver! - Falei abraçando ela forte.

Ela arqueou a sobrancelha e riu.

— Que papo é esse de você tá de rolo com aquele cara negão da biqueira? - Minha mãe perguntou.

— Quem disse? É ruim em. Eu não to de rolo com ninguém não! - Falei me fazendo a de maluca.

— Você acha que as coisas não correm pela Rocinha não? Ainda mais você. Povo fala muito dona Dag! - Minha mãe disse.

Fomos pra cozinha, peguei meu prato e suspirei.

— Ele é casado, fiquei sabendo, a mona lá é maior gata, ela veio falar comigo numa boa por que sabia da safadeza dele! - Falei colocando comida no prato.

— Que sem vergonha. Homem pilantra é o que não falta. - Minha mãe disse negando com a cabeça.

******

Encarei aquelas ruas da Rocinha. Cecília tava do meu lado. Eu segurei a mão dela e a gente suspirou juntas.

— Você tem certeza que quer ir pra São Paulo comigo? Eu só volto de lá formada! - Falei séria.

— Eu quero ir, eu quero seguir meu rumo, não quero seguir o tráfico não! - Cecília disse rindo e se benzendo.

— A gente vai, vai dar tudo certo, quando a gente voltar, vamos tá arrasando, e além disso formada e sem macho de trás! - Falei e Cecília gargalhou alto.

Eu vou mudar, Dagmar nunca mais vai ser a mesma depois que sair daqui!

• aperta na estrelinha •

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